De acordo com o Ineep, os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras continuam acima da paridade internacional, mesmo com a desvalorização do petróleo e o fortalecimento do real.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) revelou, em seu Boletim de Preços de outubro, que a Petrobras continua praticando valores superiores à paridade internacional (PPI) em suas refinarias. Mesmo diante da sequência de quedas nas cotações do petróleo no mercado externo e da valorização do real frente ao dólar, os preços domésticos ainda permanecem acima do patamar internacional.
Segundo o levantamento, em setembro, o preço da gasolina nas refinarias da estatal ficou 12% acima da referência internacional, o que representa a maior diferença registrada em 2025. Os dados analisados têm como base as informações mensais divulgadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Diferença entre preços internos e externos já dura mais de três meses
De acordo com o boletim, há mais de três meses os valores internacionais de referência estão abaixo dos preços aplicados pela Petrobras. Essa diferença, inclusive, supera a média observada antes do reajuste que reduziu os combustíveis no início de junho.
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Enquanto isso, o GLP (gás de cozinha) segue mantendo preços alinhados ao PPI, sem grandes variações. Já o diesel, que apresentou um aumento momentâneo entre junho e agosto, voltou a se aproximar dos valores de referência internacional.
O relatório do Ineep sugere que esse comportamento abre margem para novas reduções:
“Esse cenário indica que há espaço para uma nova redução nos preços da companhia, especialmente da gasolina, sem comprometer de forma significativa seus resultados operacionais”, afirma o boletim.
Participação da distribuição cresce e eleva preço final dos combustíveis
O estudo do Ineep também aponta uma mudança relevante na composição dos preços dos combustíveis ao longo do ano. A parcela destinada à distribuição — que inclui custos logísticos e margens de revenda — aumentou de forma expressiva em 2025.
Os números mostram que a fatia da distribuição subiu: na gasolina, de 15,5% para 21%; no diesel, de 14,4% para 17,2%; e no GLP, de 48,4% para 51,1% — ou seja, mais da metade do preço final do botijão já corresponde a essa etapa da cadeia.
Esses aumentos indicam que, mesmo com o recuo do petróleo e o ganho de valor do real, o consumidor brasileiro segue pagando caro devido à estrutura de repasse de custos e margens de revenda.
Pressão política e debate sobre transparência nos preços
A discussão sobre a formação dos preços dos combustíveis chegou ao Congresso. Em setembro, o deputado federal Guilherme Boulos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, apresentou um projeto de lei que obriga os postos de combustíveis a exibirem, nas notas fiscais, a composição completa do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.
A proposta busca ampliar a transparência sobre a origem dos valores pagos pelo consumidor, permitindo que cada cidadão saiba quanto do preço final vem da Petrobras, da distribuição, dos impostos e das margens de revenda.
No fim de setembro, o tema foi debatido em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, que discutiu tanto a qualidade dos combustíveis quanto a política de preços adotada pela estatal.
Enquanto o mercado internacional segue pressionado pela baixa do petróleo, o debate sobre o custo dos combustíveis no Brasil reacende questionamentos sobre a política de precificação da Petrobras e o impacto direto no bolso dos consumidores.


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