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Mesmo com pequenas quedas mensais, a carne bovina acumula inflação de mais de 22% em 12 meses e continuará cara, porque exportações seguem fortes e o abate de bois vai cair até 2027

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 12/09/2025 às 21:34
A carne bovina acumula mais de 22% de inflação em 12 meses no Brasil, segundo dados do IBGE, e continuará cara até 2027, pressionada pelas fortes exportações e pela menor oferta de bois para abate.
A carne bovina acumula mais de 22% de inflação em 12 meses no Brasil, segundo dados do IBGE, e continuará cara até 2027, pressionada pelas fortes exportações e pela menor oferta de bois para abate.
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Segundo o IBGE, mesmo com pequenas quedas mensais, a carne bovina já subiu mais de 22% em 12 meses e continuará cara nos próximos anos, pressionada por exportações recordes e menor oferta de bois para abate.

A carne bovina continua sendo um dos maiores vilões da inflação no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto houve uma leve queda de 0,43% no preço médio, mas esse recuo é insuficiente diante da inflação acumulada de 22,17% em 12 meses. A trajetória dos preços indica que, mesmo com alívios pontuais, a tendência é de custos elevados até pelo menos 2027.

O impacto é sentido em todos os lares, mas principalmente na mesa das famílias de menor renda. Como a carne bovina representa uma das principais fontes de proteína do cardápio brasileiro, qualquer variação de preço pesa de forma desproporcional no orçamento doméstico. A percepção geral da população é que, mesmo quando recua por um mês, o produto permanece caro e distante da realidade da maioria.

Cortes populares são os que mais encarecem

Mesmo com pequenas quedas mensais, a carne bovina acumula inflação de mais de 22% em 12 meses e continuará cara, porque exportações seguem fortes e o abate de bois vai cair até 2027
Os números do IBGE mostram que os cortes mais consumidos foram justamente os que mais aumentaram de preço.

O acém subiu 29,1%, o peito avançou 27,4% e o músculo encareceu 24,6% em 12 meses.

Até cortes nobres, tradicionalmente acessíveis apenas para consumidores de maior renda, tiveram altas expressivas: o filé-mignon subiu 19,1% e a picanha aumentou 12,1%.

Essa disparada amplia a desigualdade de acesso.

Para a classe média, manter o consumo frequente de carne bovina já se tornou um desafio.

Para famílias de baixa renda, a substituição por proteínas mais baratas, como frango e carne suína, tornou-se a única saída.

O movimento é perceptível nos dados de consumo e também nas feiras e supermercados, onde os cortes bovinos ocupam cada vez menos espaço nos carrinhos.

Exportações em ritmo acelerado

Um dos fatores centrais por trás da escalada é a força das exportações brasileiras.

Mesmo após o “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump, o Brasil manteve desempenho robusto no mercado internacional.

Os EUA caíram para a quinta posição entre os maiores importadores, mas países como China, México, Rússia e Chile compensaram rapidamente a perda.

No caso do México, as vendas dispararam.

Entre janeiro e julho de 2025, os embarques triplicaram em relação ao mesmo período de 2024, demonstrando a competitividade da carne brasileira.

Segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), a expectativa é de que as exportações cresçam 12% em 2025.

Esse aumento, no entanto, reduz a disponibilidade no mercado interno e pressiona diretamente os preços para o consumidor brasileiro.

Menor oferta de bois até 2027

Mesmo com pequenas quedas mensais, a carne bovina acumula inflação de mais de 22% em 12 meses e continuará cara, porque exportações seguem fortes e o abate de bois vai cair até 2027
Além da demanda externa, a oferta interna também tende a se contrair.

Especialistas projetam queda no abate de bois a partir de 2026, cenário que deve se intensificar em 2027.

A redução está relacionada ao ciclo pecuário, às dificuldades de reposição de rebanhos e ao custo de produção para os pecuaristas.

Esse movimento não é exclusivo do Brasil.

Nos Estados Unidos, outro grande produtor global, a disponibilidade de carne deve cair 2,3% em 2025 e 4,1% em 2026, reforçando a pressão global sobre os preços.

Com menor oferta tanto no Brasil quanto no exterior, a expectativa é de que a carne bovina permaneça em patamares elevados por anos.

Salários não acompanham o preço da carne

Outro aspecto crítico é a relação entre preços e salários.

o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os rendimentos dos trabalhadores não acompanharam a alta da carne bovina.

Em outras palavras, mesmo quando há recuos pontuais, o consumidor continua sentindo o peso no bolso.

“A carne subiu muito mais do que a média dos salários. Mesmo que haja recuo pontual, a percepção é de que continua cara”, explica Braz.

Esse descompasso faz com que o consumo de carne bovina se torne cada vez mais restrito.

Em muitos casos, famílias optam por reduzir a frequência de compra ou recorrer a alternativas mais baratas para garantir proteína de qualidade.

A carne bovina como produto de luxo

O analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercados, reforça que a carne bovina tende a ser cada vez mais restrita a consumidores de maior poder aquisitivo.
O analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercados, reforça que a carne bovina tende a ser cada vez mais restrita a consumidores de maior poder aquisitivo.

Para ele, trata-se de um fenômeno global. “A maioria continuará recorrendo a proteínas mais acessíveis, como frango e carne suína, que oferecem bom valor nutricional e preço inferior”, aponta Iglesias.

Essa transformação muda o perfil do mercado consumidor.

No Brasil, a carne bovina, que já foi símbolo de fartura e presença obrigatória em almoços de domingo, caminha para se tornar um artigo de luxo.

Isso deve impactar desde a indústria até pequenos açougues e supermercados, que precisarão ajustar sua estratégia de venda diante de um produto cada vez menos acessível.

Perspectivas para os próximos anos

Os especialistas são unânimes em afirmar que não há perspectiva de normalização no curto prazo.

Pelo contrário: a combinação de exportações fortes, oferta limitada de bois e renda estagnada cria um cenário de preços elevados até pelo menos 2027.

Nesse contexto, a carne bovina deve perder espaço para outras proteínas, enquanto os cortes bovinos mais caros se consolidam como produtos voltados a nichos específicos de consumidores.

O desafio, para o Brasil, é equilibrar a relevância econômica das exportações com a necessidade de garantir o acesso da população a uma alimentação de qualidade.

A carne bovina, que já foi símbolo de fartura na mesa do brasileiro, hoje pesa no orçamento como nunca antes.

Mesmo com quedas pontuais, a inflação acumulada de mais de 22% em 12 meses mostra que o produto continuará caro nos próximos anos.

E você, já reduziu o consumo de carne bovina por causa do preço? Acredita que ela vai voltar a caber no orçamento das famílias brasileiras ou vai se tornar um artigo de luxo restrito a poucos? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade na prática.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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