1. Início
  2. / Construção
  3. / Megaprojeto no Rio São Francisco aposta em 1.371 km navegáveis para tirar até 150 caminhões de circulação por comboio
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Megaprojeto no Rio São Francisco aposta em 1.371 km navegáveis para tirar até 150 caminhões de circulação por comboio

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 07/08/2025 às 16:13
Megaprojeto no Rio São Francisco deve movimentar grãos, minério e fertilizantes com custo logístico até 40% menor
Megaprojeto no Rio São Francisco deve movimentar grãos, minério e fertilizantes com custo logístico até 40% menor
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Nova hidrovia deve movimentar 1 milhão de toneladas por ano e conectar o Centro-Oeste ao Atlântico com menos custo e impacto ambiental

Um megaprojeto no Rio São Francisco está em andamento para transformar o curso do “velho Chico” em uma das principais hidrovias de carga do país. Com obras em diversos trechos entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, o plano prevê dragagem, ampliação de portos fluviais, instalação de eclusas e sinalização náutica ao longo de 1.371 km navegáveis.

A iniciativa faz parte do novo PAC e tem como objetivo interligar regiões produtoras do Cerrado e do Nordeste aos portos de Aratu e Ilhéus, aliviando o modal rodoviário e reduzindo custos logísticos. Com um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão, o projeto promete reposicionar o Rio São Francisco como eixo estratégico do desenvolvimento nacional.

Por onde vai passar a nova hidrovia do São Francisco?

O eixo logístico da hidrovia se concentra entre Pirapora (MG) e Petrolina (PE), com destaque para trechos já navegáveis e outros que receberão intervenções estruturais. O projeto está dividido em três etapas principais:

  • Etapa 1: entre Juazeiro, Petrolina e Ibotirama, utilizando o reservatório da usina de Sobradinho. Inclui obras de dragagem, reestruturação de terminais e construção de novos piares.
  • Etapa 2: entre Ibotirama e Bom Jesus da Lapa (BA), com foco em estações de transbordo e futura integração com a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).
  • Etapa 3: de Bom Jesus da Lapa a Pirapora, com dragagem intensiva, instalação de sistemas digitais de controle de fluxo, sensores ambientais e sinalização moderna.

O objetivo é garantir navegabilidade contínua, mesmo nos períodos de seca, com calado mínimo de 1,5 m para comboios de até 120 metros de comprimento.

Quais serão os impactos econômicos e sociais?

A expectativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é que a hidrovia movimente mais de 1 milhão de toneladas por ano, com foco em grãos, fertilizantes e minério. O modelo também prevê:

  • Ampliação dos portos de Pirapora, Ibotirama e Juazeiro, com novos armazéns e pátios logísticos;
  • Automatização da eclusa de Sobradinho, otimizando tempo e consumo de energia;
  • Monitoramento em tempo real do nível do rio e da qualidade da água, via plataforma digital;
  • Operação por concessão privada, com o governo federal como regulador.

Além da logística, o projeto gera empregos, fortalece economias locais e leva mobilidade para populações ribeirinhas, impulsionando o turismo fluvial e outras cadeias produtivas.

Por que o Brasil demorou tanto para investir no potencial do velho Chico?

A ideia de tornar o Rio São Francisco navegável em toda sua extensão existe desde o século XIX. No entanto, o plano só ganhou força em 2007 com o Plano Nacional de Viação Hidroviária, enfrentando entraves ambientais, políticos e falta de verba.

Com o encarecimento do diesel, a saturação das rodovias e a expansão do agronegócio em áreas sem ferrovia, o projeto foi retomado com força. Hoje, menos de 6% das cargas no Brasil vão por rios, contra mais de 40% na Europa. Cada comboio fluvial pode substituir até 150 caminhões, com 70% menos consumo de combustível e cinco vezes menos emissão de CO₂.

A hidrovia do São Francisco pode ser exemplo para outros rios?

Sim. O sucesso do projeto pode abrir caminho para iniciativas semelhantes em rios como Tapajós, Madeira, Araguaia e Tocantins, todos com alto potencial logístico e pouca estrutura. Países como Alemanha, Holanda e China já demonstraram há décadas que investir em transporte fluvial é eficiente, limpo e competitivo.

Com o São Francisco, o Brasil deixa de desperdiçar um de seus maiores ativos naturais e transforma o “rio da integração nacional” em motor estratégico de desenvolvimento. O impacto vai muito além do escoamento de grãos — ele redefine como o país conecta produção e consumo com inteligência geográfica e responsabilidade ambiental.

Você acha que o Brasil deveria priorizar o transporte fluvial como faz com estradas e ferrovias? Que outro rio brasileiro poderia seguir o exemplo do São Francisco? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre o futuro da logística no país.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x