Nova hidrovia deve movimentar 1 milhão de toneladas por ano e conectar o Centro-Oeste ao Atlântico com menos custo e impacto ambiental
Um megaprojeto no Rio São Francisco está em andamento para transformar o curso do “velho Chico” em uma das principais hidrovias de carga do país. Com obras em diversos trechos entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, o plano prevê dragagem, ampliação de portos fluviais, instalação de eclusas e sinalização náutica ao longo de 1.371 km navegáveis.
A iniciativa faz parte do novo PAC e tem como objetivo interligar regiões produtoras do Cerrado e do Nordeste aos portos de Aratu e Ilhéus, aliviando o modal rodoviário e reduzindo custos logísticos. Com um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão, o projeto promete reposicionar o Rio São Francisco como eixo estratégico do desenvolvimento nacional.
Por onde vai passar a nova hidrovia do São Francisco?
O eixo logístico da hidrovia se concentra entre Pirapora (MG) e Petrolina (PE), com destaque para trechos já navegáveis e outros que receberão intervenções estruturais. O projeto está dividido em três etapas principais:
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- Etapa 1: entre Juazeiro, Petrolina e Ibotirama, utilizando o reservatório da usina de Sobradinho. Inclui obras de dragagem, reestruturação de terminais e construção de novos piares.
- Etapa 2: entre Ibotirama e Bom Jesus da Lapa (BA), com foco em estações de transbordo e futura integração com a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).
- Etapa 3: de Bom Jesus da Lapa a Pirapora, com dragagem intensiva, instalação de sistemas digitais de controle de fluxo, sensores ambientais e sinalização moderna.
O objetivo é garantir navegabilidade contínua, mesmo nos períodos de seca, com calado mínimo de 1,5 m para comboios de até 120 metros de comprimento.
Quais serão os impactos econômicos e sociais?
A expectativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é que a hidrovia movimente mais de 1 milhão de toneladas por ano, com foco em grãos, fertilizantes e minério. O modelo também prevê:
- Ampliação dos portos de Pirapora, Ibotirama e Juazeiro, com novos armazéns e pátios logísticos;
- Automatização da eclusa de Sobradinho, otimizando tempo e consumo de energia;
- Monitoramento em tempo real do nível do rio e da qualidade da água, via plataforma digital;
- Operação por concessão privada, com o governo federal como regulador.
Além da logística, o projeto gera empregos, fortalece economias locais e leva mobilidade para populações ribeirinhas, impulsionando o turismo fluvial e outras cadeias produtivas.
Por que o Brasil demorou tanto para investir no potencial do velho Chico?
A ideia de tornar o Rio São Francisco navegável em toda sua extensão existe desde o século XIX. No entanto, o plano só ganhou força em 2007 com o Plano Nacional de Viação Hidroviária, enfrentando entraves ambientais, políticos e falta de verba.
Com o encarecimento do diesel, a saturação das rodovias e a expansão do agronegócio em áreas sem ferrovia, o projeto foi retomado com força. Hoje, menos de 6% das cargas no Brasil vão por rios, contra mais de 40% na Europa. Cada comboio fluvial pode substituir até 150 caminhões, com 70% menos consumo de combustível e cinco vezes menos emissão de CO₂.
A hidrovia do São Francisco pode ser exemplo para outros rios?
Sim. O sucesso do projeto pode abrir caminho para iniciativas semelhantes em rios como Tapajós, Madeira, Araguaia e Tocantins, todos com alto potencial logístico e pouca estrutura. Países como Alemanha, Holanda e China já demonstraram há décadas que investir em transporte fluvial é eficiente, limpo e competitivo.
Com o São Francisco, o Brasil deixa de desperdiçar um de seus maiores ativos naturais e transforma o “rio da integração nacional” em motor estratégico de desenvolvimento. O impacto vai muito além do escoamento de grãos — ele redefine como o país conecta produção e consumo com inteligência geográfica e responsabilidade ambiental.
Você acha que o Brasil deveria priorizar o transporte fluvial como faz com estradas e ferrovias? Que outro rio brasileiro poderia seguir o exemplo do São Francisco? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre o futuro da logística no país.