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Marketing de escassez ameaça credibilidade das montadoras no Brasil e pode afastar consumidores fartos de filas inventadas e preços abusivos

Publicado em 13/09/2025 às 22:11
O marketing de escassez usado por montadoras no Brasil cria filas artificiais e inflaciona preços de modelos como o Golf GTI. A estratégia ameaça a credibilidade das marcas e pode afastar consumidores cansados de exclusividade inventada e preços abusivos.
O marketing de escassez usado por montadoras no Brasil cria filas artificiais e inflaciona preços de modelos como o Golf GTI. A estratégia ameaça a credibilidade das marcas e pode afastar consumidores cansados de exclusividade inventada e preços abusivos.
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Estratégia de criar filas artificiais e lotes limitados pode afastar consumidores cansados de preços abusivos e exclusividade encenada.

O uso do marketing de escassez pelas montadoras no Brasil ganhou destaque nos últimos meses e vem levantando questionamentos sobre a real intenção por trás de filas intermináveis e lotes supostamente limitados. Segundo análise de Fernando Dupas, essa estratégia, que transforma reservas em “vendas” e simula raridade, ameaça diretamente a credibilidade das marcas e pode afastar consumidores que não aceitam mais pagar caro por exclusividade inventada.

O caso do Golf GTI, com 350 unidades “reservadas” em tempo recorde, ilustra bem a tática. Não se trata de vender todo o estoque, mas de criar uma aura de escassez para sustentar preços acima da média de mercado.

O consumidor não compra apenas um carro: compra a sensação de status ao fazer parte de um grupo restrito que teria acesso ao “raro”.

Como funciona o marketing de escassez

O marketing de escassez explora a ideia de exclusividade. Ao chamar reserva de venda e promover lotes mínimos como se fossem produtos únicos, as montadoras no Brasil estimulam o senso de urgência do consumidor.

A estratégia cria a impressão de que quem não entrar rápido ficará de fora.

Essa prática não é nova no setor automotivo global. Marcas de luxo como Ferrari consolidaram o método, escolhendo quem “merece” comprar determinados modelos.

No entanto, a novidade no Brasil é a migração dessa lógica para carros de grande volume. O que antes era estratégia de nicho virou padrão até em veículos populares.

Exemplos recentes no mercado brasileiro

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Segundo Fernando Dupas, o Volkswagen Tera foi lançado com promessa de 12 mil carros, mas rapidamente desapareceu do mercado. Já o Basalt teria filas de espera apesar de não passar de 1.500 unidades mensais.

A pergunta que surge é simples: se há tanta demanda, por que a produção não acompanha?

Durante a crise dos semicondutores, justificativas como falta de peças e problemas de fornecimento faziam sentido.

Porém, com a normalização da cadeia, as filas constantes começam a parecer menos problema industrial e mais decisão deliberada de manter a oferta artificialmente baixa.

O impacto dos preços fora da realidade

Outro efeito do marketing de escassez das montadoras no Brasil é a legitimação de preços inflados. Reservas se transformam em manchetes: “esgotou”.

Mas, na prática, o produto não acabou apenas foi disponibilizado em pequena quantidade. Essa manipulação desloca a conversa do custo-benefício para o status de possuir algo “inacessível”.

No curto prazo, a estratégia gera ganhos de imagem e margens mais altas. Mas, no longo prazo, o risco é a perda de confiança do consumidor, que percebe quando a fila é encenação.

O risco para a credibilidade das marcas

A confiança do cliente é um dos ativos mais importantes para qualquer montadora. Consumidores lembram que marcas como Toyota ganharam espaço justamente por entregarem veículos disponíveis sem enrolação. Já quando filas artificiais viram regra, a paciência se esgota.

Esse desgaste pode afastar clientes que precisam do carro para trabalhar, viajar ou se deslocar diariamente.

Para esse público, a disponibilidade imediata vale mais que o “teatro” da exclusividade. Se o consumidor conclui que a fila é inventada, o marketing de escassez se transforma em antipatia, corroendo a reputação da marca.

Por que a tática persiste

Ainda assim, o método segue atraente para montadoras no Brasil porque há mercado para isso. Em bairros de alta renda, 350 unidades de um esportivo como o Golf GTI se esgotam facilmente.

O problema é quando a prática se espalha para segmentos populares, onde a percepção de manipulação é muito maior.

A dúvida que permanece é tripla:

  1. Quantas reservas são de fato vendas firmes?
  2. Quais filas refletem gargalos reais de produção e quais são criadas artificialmente?
  3. Até quando o consumidor aceitará pagar mais por menos disponibilidade?

Vale a pena manter a estratégia?

Especialistas apontam que o marketing de escassez pode até gerar manchetes positivas e criar “hype” de lançamento. Mas ganho rápido não compensa desgaste de credibilidade.

Quando o público percebe que a raridade é encenada, a marca perde relevância no médio prazo.

No fim, o consumidor brasileiro já viu épocas em que modelos vendiam 20 mil unidades por mês sem filas inventadas. Isso mostra que a limitação atual não reflete demanda explosiva, mas sim uma gestão comercial que privilegia narrativa em vez de produção eficiente.

O marketing de escassez das montadoras no Brasil pode inflar preços e gerar sensação de exclusividade no curto prazo, mas coloca em risco a confiança construída ao longo de décadas.

Ao transformar reserva em venda e normalizar filas artificiais, as marcas correm o risco de afastar exatamente quem sustenta o volume de mercado.

E você, já se deparou com uma fila “inventada” para comprar um carro? Acredita que essa prática valoriza o produto ou apenas engana o consumidor?

Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir relatos reais de quem vive essa experiência no Brasil.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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