De Machu Picchu à Babilônia, passando por cidades submersas, desertos e selvas, arqueólogos redescobrem civilizações há muito desaparecidas que mudam o que sabemos sobre a história humana.
A busca por cidades perdidas sempre instigou a imaginação da humanidade. Histórias de civilizações avançadas soterradas pelo tempo, engolidas por florestas, mares ou esquecidas em desertos inspiraram desde exploradores do século XIX até arqueólogos contemporâneos com tecnologia de ponta. com sua história fascinante.
Neste artigo, você vai conhecer os principais sítios arqueológicos classificados como cidades perdidas e entender por que tantas delas desapareceram sem deixar vestígios. Com descobertas recentes no Peru, Turquia e até mesmo na Amazônia, a arqueologia moderna continua a revelar tesouros históricos inesperados, e muitos deles estão bem mais próximos do que imaginamos.
Como as cidades perdidas se perdem: causas do esquecimento
Catástrofes naturais são um dos principais motivos pelos quais cidades inteiras desapareceram. O caso de Helike, uma cidade grega submersa após um terremoto em 373 a.C., ilustra como a natureza pode apagar civilizações da noite para o dia. Já Pompeia e Herculano, soterradas pela erupção do Vesúvio em 79 d.C., só foram redescobertas no século XVIII.
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Outra causa comum é a guerra. Vilcabamba, capital do Império Inca, foi arrasada durante a invasão espanhola em 1572 e ficou esquecida por séculos até ser localizada através de cartas antigas. Da mesma forma, Troy, na atual Turquia, foi destruída e reconstruída diversas vezes até ser abandonada no período bizantino.
A decadência econômica também explica muitos abandonos. Cidades comerciais como Mangazeya, na Sibéria, ou Teotihuacan, no México, colapsaram após mudanças em rotas comerciais ou políticas. O esquecimento era inevitável.
Em outros casos, o isolamento geográfico resultou no abandono. Ilhas como Malden, no Pacífico, guardam vestígios de civilizações sem que se saiba ao certo por que desapareceram. A ausência de registros escritos dificulta a reconstrução histórica.
Cidades como Great Zimbabwe e Tiahuanaco foram vítimas da erosão do tempo e do abandono gradual, muitas vezes causado por esgotamento de recursos naturais. Seus restos hoje são patrimônios mundiais.
Algumas civilizações ocultaram seus centros deliberadamente, como os Incas fizeram com Choquequirao e Vitcos, para protegê-los dos espanhóis. Isso contribuiu para o mito das “cidades perdidas do ouro”.
Em muitos casos, o que restou foi engolido por selvas tropicais, como Teyuna (Colômbia) e os sítios do Vale do Upano (Equador), apenas recentemente revelados com uso de tecnologia LIDAR.
Por fim, fatores religiosos e culturais também influenciaram no abandono, como visto em cidades do Egito Antigo como Akhetaten, destruída após a queda do faraó Akhenaton, considerado herege.
Redescobertas de cidades perdidas que mudaram a história
A redescoberta de Machu Picchu por Hiram Bingham em 1911 é talvez a mais famosa. No entanto, o peruano Agustín Lizárraga já havia encontrado o local nove anos antes, deixando seu nome inscrito em carvão. Esse episódio mostra como muitas “descobertas” são, na verdade, redescobertas ignoradas.
Carthago, no norte da África, foi destruída duas vezes, pelos romanos e depois pelos árabes, antes de ser desenterrada como patrimônio da humanidade. A cidade rivalizou com Roma no auge de sua influência.
Na Ásia, cidades como Loulan e Niya, soterradas pelo deserto de Taklamakan, ressurgiram com escavações modernas, revelando redes comerciais da Rota da Seda que desafiam noções antigas sobre globalização pré-moderna.
Na Europa, sítios submersos como Pavlopetri, na Grécia, e Rungholt, na Alemanha, revelaram traços urbanos impressionantes que datam de 5.000 anos atrás. O mar, nesse caso, foi o maior arquivista da história.
No Oriente Médio, Göbekli Tepe, com 12 mil anos, reescreveu completamente a cronologia da civilização, sugerindo que templos vieram antes das cidades. Já Babylon, Ur e Nínive reforçam o papel central da Mesopotâmia na origem da sociedade organizada.
A recente identificação de cidades na Amazônia com milhares de anos e planejamento urbano desafia o mito de que os povos sul-americanos eram exclusivamente nômades ou primitivos. A descoberta no Vale do Upano é considerada a maior do século.
Na América do Norte, cidades como Cahokia e Etzanoa surpreendem com suas populações estimadas em dezenas de milhares, superando muitas capitais europeias na época medieval.
Essas redescobertas têm um impacto não só arqueológico, mas também político e cultural, ajudando na valorização de heranças indígenas e combatendo visões eurocêntricas da história global.
Ficção, mito ou realidade?
Muitas cidades ainda permanecem envoltas em mistério. Atlantis, Aztlán, Paititi e a Cidade Z foram procuradas por séculos, algumas por exploradores reais como Percy Fawcett. Embora não haja comprovações definitivas, expedições recentes continuam tentando encontrar indícios dessas civilizações míticas.
Shambhala, Iram das Colunas e Ys são exemplos de cidades mencionadas em tradições religiosas e folclóricas, que, mesmo sem provas materiais, continuam inspirando expedições e estudos comparativos entre mitos.
A lenda de La Ciudad Blanca, nas selvas de Honduras, ganhou força após achados via radar aéreo. Ainda não está claro se se trata de uma cidade ou um complexo de pequenos povoados, mas o impacto cultural é enorme.
Lemúria, Mu e Kumari Kandam são continentes perdidos que aparecem em teorias pseudoarqueológicas. Ainda que não reconhecidas cientificamente, essas ideias influenciaram seriamente religiões modernas e teorias de civilização avançada.
Na ficção moderna, cidades como R’lyeh (Lovecraft), Shangri-La e Valíria (de Game of Thrones) são inspiradas diretamente em cidades perdidas históricas, reforçando o apelo universal desse tema.
A linha entre lenda e realidade já foi atravessada com Troy e Mycenae, que eram consideradas mitológicas até o século XIX. Isso levanta a pergunta: quantas lendas de hoje ainda serão verdades de amanhã?
Além disso, muitos arqueólogos acreditam que os maiores achados do século XXI ainda estão por vir, com ajuda de tecnologias como LIDAR, sensoriamento remoto e IA na análise de padrões de solo.
Com tantas cidades ainda enterradas ou encobertas por selvas, deserto ou oceanos, o conceito de “cidade perdida” permanece vivo, instigando exploradores, acadêmicos e sonhadores em todo o mundo.