Pesquisa Datafolha revela que 61% dos brasileiros são contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas e defendem que o governo priorize a preservação ambiental em vez de abrir nova fronteira petrolífera na Amazônia
A maioria dos brasileiros acredita que o presidente deveria proibir a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, região de grande sensibilidade ambiental e elevado potencial energético. O dado é de uma pesquisa nacional do Datafolha, realizada antes da COP30, em Belém, que reforça a crescente pressão pública por políticas de transição energética e proteção da Amazônia.
Segundo o levantamento, 61% dos entrevistados afirmaram que o governo deve barrar a extração de petróleo na região. De acordo com o portal do G1, a rejeição é ainda maior entre os jovens de até 24 anos, entre os quais 73% se opõem ao projeto, que ainda depende de licenciamento ambiental do Ibama. O debate reacende uma das principais controvérsias da atual agenda energética brasileira: como equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
Rejeição popular cresce entre os mais jovens
A pesquisa mostra uma diferença geracional marcante na percepção sobre o futuro energético do país.
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Enquanto a maioria dos entrevistados vê a Amazônia como patrimônio intocável, o apoio à exploração de petróleo é menor entre jovens e pessoas com maior escolaridade.
Esses grupos apontam preocupações com mudanças climáticas, desmatamento e impactos sociais sobre comunidades costeiras e ribeirinhas.
O levantamento, que ouviu 2.005 pessoas entre 8 e 9 de setembro, foi encomendado pela organização Ekō e reflete um contexto global em que o tema ambiental ocupa posição central nas políticas públicas.
Para especialistas, o resultado reforça o alinhamento da opinião pública brasileira às metas internacionais de descarbonização, que preveem a redução drástica do uso de combustíveis fósseis até 2050.
Petrobras enfrenta impasse ambiental e político
A Petrobras, que tenta há anos obter autorização para perfurar um poço exploratório na Foz do Amazonas, enfrenta resistência dentro e fora do governo.
O projeto, localizado em águas profundas no litoral do Amapá, é visto pela estatal como uma oportunidade de abrir uma nova fronteira de produção e diversificar a matriz de exploração após o pré-sal.
No entanto, o Ibama ainda não concedeu a licença ambiental, alegando a necessidade de ajustes técnicos em planos de emergência e estudos de impacto.
Mesmo assim, a Petrobras mantém um navio sonda de prontidão na área, com custo estimado em R$ 180 milhões, enquanto aguarda decisão definitiva do órgão ambiental.
O impasse se arrasta há meses e tem gerado divergências no próprio governo, que busca conciliar o discurso climático do governo com os interesses estratégicos do setor energético.
Argumentos econômicos versus responsabilidade climática
Defensores da exploração afirmam que o desenvolvimento do projeto poderia gerar investimentos bilionários e arrecadação para estados da região Norte, além de fortalecer a autonomia energética do Brasil em um momento de instabilidade internacional.
Por outro lado, ambientalistas e parte da comunidade científica alertam para o risco de danos irreversíveis aos ecossistemas marinhos e às comunidades tradicionais da costa amazônica.
Segundo eles, um eventual vazamento de petróleo no local teria consequências graves, já que a região abriga recifes de corais, manguezais e espécies endêmicas ainda pouco estudadas.
“Os próximos meses serão decisivos para o legado ambiental do governo.
O país precisa escolher entre abrir uma nova fronteira petrolífera ou consolidar uma liderança global na transição verde”, afirma Vanessa Lemos, coordenadora de campanhas da Ekō, em nota pública.
A nova fronteira energética e o dilema do governo
Mesmo com a resistência popular, o governo federal mantém a oferta de blocos exploratórios na Foz do Amazonas.
Em junho, Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC arremataram 19 dos 47 blocos ofertados na região, o que reforça o interesse internacional na área.
A Foz do Amazonas é considerada pela indústria uma das últimas fronteiras de alto potencial ainda inexploradas no Brasil, mas a discussão ganhou peso político à medida que o país se prepara para sediar a COP30, em 2025.
A decisão sobre liberar ou não a perfuração será simbólica para medir até onde o governo pretende ir na conciliação entre crescimento econômico e compromisso climático.
Você acha que o Brasil deve explorar petróleo na Foz do Amazonas para fortalecer sua economia, ou acredita que o risco ambiental é alto demais? o presidente deve priorizar o desenvolvimento energético ou a proteção da Amazônia? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem acompanha de perto esse dilema nacional.