Maior fábrica de mosquitos do mundo é inaugurada em Campinas e coloca o Brasil na liderança global no combate à dengue
A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, passou a abrigar um marco global na luta contra doenças transmitidas por mosquitos. A Oxitec Ltd, empresa líder em controle biológico de pragas, inaugurou na última quinta-feira (2) o maior complexo de fabricação de mosquitos do planeta — uma estrutura que combina inovação científica, tecnologia e capacidade produtiva inédita.
Uma resposta ao alerta da OMS
A nova fábrica nasce como uma reação direta ao chamado da Organização Mundial da Saúde (OMS), que pede agilidade no uso de tecnologias capazes de conter vetores como o Aedes aegypti.
Essa preocupação se tornou ainda mais urgente porque casos de dengue atingiram números recordes em países da América Latina e da Ásia-Pacífico.
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Para atender à demanda crescente, a unidade foi projetada com múltiplas linhas de produção independentes, permitindo operação contínua e segura.
Além disso, a planta foi planejada para fornecer soluções tanto para governos quanto para comunidades que buscam proteção rápida e de baixo custo.
Fábrica de mosquitos: capacidade recorde e alcance global
O novo complexo da Oxitec tem capacidade para produzir até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana, praticamente o dobro da segunda maior fábrica do tipo no país. Isso é suficiente para proteger até 100 milhões de pessoas por ano, segundo estimativas da empresa.
Paralelamente, a instalação também fabrica mosquitos da linha Aedes do Bem, outra inovação desenvolvida pela empresa.
Essa tecnologia já está presente em várias cidades brasileiras desde 2022 e tem se mostrado capaz de reduzir em mais de 95% as populações de Aedes aegypti nas áreas onde foi aplicada.
A expansão do uso do Aedes do Bem continua em ritmo acelerado, impulsionada por parcerias com prefeituras, empresas e até famílias que adotam o método para controlar a presença do mosquito em suas regiões.
Como funciona a tecnologia Wolbachia
Na prática, a estratégia usa uma bactéria natural chamada Wolbachia, encontrada em diversos insetos. Quando introduzida no Aedes aegypti, ela impede que o mosquito transmita doenças como dengue, zika e chikungunya.
Os resultados obtidos em testes urbanos mostraram redução superior a 75% na transmissão da dengue, e a iniciativa já recebeu reconhecimento formal da OMS.
O Ministério da Saúde também incorporou a Wolbachia ao Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD).
A fábrica de Campinas aguarda agora a aprovação da Anvisa para iniciar o fornecimento de mosquitos com Wolbachia ao governo.
A expectativa é começar as entregas ainda antes da próxima temporada de mosquitos — sem depender de financiamento público para construção ou operação.
Duas soluções complementares
As tecnologias desenvolvidas pela Oxitec funcionam de maneira parecida, mas têm objetivos diferentes. A Wolbachia é voltada a campanhas de saúde pública em larga escala, conduzidas por governos e instituições de pesquisa.
Já o Aedes do Bem é ideal para intervenções pontuais, em locais críticos, e pode ser usado por qualquer pessoa.
Essa combinação cria uma frente de combate mais flexível, capaz de adaptar-se tanto a grandes cidades quanto a comunidades menores, com resultados rápidos e duradouros.
Expectativas e reconhecimento
Durante a cerimônia de inauguração, o CEO da Oxitec, Grey Frandsen, destacou que o momento representa um avanço histórico.
“O impacto da dengue cresce em todo o mundo. Por isso, desenvolvemos uma plataforma profissional de fabricação que permitirá levar essas soluções a bilhões de pessoas”, afirmou.
A diretora executiva da Oxitec Brasil, Natalia Verza Ferreira, reforçou a importância do novo complexo. Segundo ela, o país viveu surtos severos de dengue nos últimos anos e a urgência por medidas eficazes é evidente.
Fábrica de mosquitos: cooperação e próximos passos
O evento também contou com representantes do governo federal. O secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Fabiano Pimenta, falou em nome do ministro Alexandre Padilha.
Ele elogiou a sinergia entre a Oxitec e a Fiocruz, que iniciou o processo de implantação da Wolbachia no país.
“Acho muito boa essa sinergia. Aqui não se trata de competição, mas de sinergia. Em julho foi inaugurada a Wolbito, que era a maior do mundo. Dois meses depois, já não é. Isso é muito bom para a saúde pública do Brasil.”, declarou Pimenta.
Sobre a autorização da Anvisa, o secretário lembrou que tecnologias emergentes ainda estão em avaliação provisória até 2027.
“O ministério tem total interesse em viabilizar o acesso. Estamos trabalhando para encontrar uma solução que garanta segurança e disponibilidade”, completou.
Com a fábrica em plena operação, Campinas entra definitivamente no mapa global da biotecnologia — e o Brasil reforça seu papel de liderança na guerra contra a dengue.
Com informações de Diário Campineiro.