Maior caminhão do Brasil opera fora das rodovias; composição de seis reboques atende logística florestal com foco em volume e segurança
O maior caminhão do Brasil não aparece na sua estrada preferida nem cruza pedágio em feriado. Batizado de Hexatrem, ele tem 52 metros de comprimento, seis reboques e 18 eixos, e circula apenas em vias internas de grandes complexos industriais. Projetado para transportar toras de eucalipto em alto volume, ele atinge cerca de 200 toneladas por viagem, algo inviável para o tráfego público.
A composição nasceu para resolver um problema concreto: reduzir o número de viagens e ganhar eficiência em rotas repetitivas, curtas e controladas. Desenvolvido em parceria com montadora de pesado vocacionado ao off-road, o Hexatrem virou símbolo de uma tendência logística: mais carga por comboio, em menos tempo, com controle total do risco.
O que é o Hexatrem — e por que ele não vai à rodovia
O Hexatrem é uma composição veicular múltipla pensada para operar em ambientes privados, como pátios e estradas internas de indústrias florestais.
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Não possui autorização para circular em rodovias públicas: seu porte e seu raio de manobra exigem traçados dedicados, escoltas internas e procedimentos específicos de segurança.
Esse arranjo permite trabalhar com velocidades controladas, rampas conhecidas e pisos mantidos, reduzindo vibração e esforço mecânico.
Em cenários assim, a estabilidade do conjunto e o planejamento de rotas são tão importantes quanto a potência.
Dimensões, capacidade e tecnologia de tração
No papel, os números impressionam: 52 m de comprimento, seis semirreboques e 18 eixos.
A capacidade de carga gira em torno de 200 t, com foco em volume, repetibilidade e disponibilidade mecânica.
Quanto mais padronizada a operação, maior o ganho por viagem, e é isso que a composição entrega.
O cavalo-mecânico tem conjunto motriz reforçado e calibração para tração pesada, com marchas super-reduzidas, sistemas de freio e ventilação dimensionados e monitoramento contínuo de parâmetros críticos.
Em termos simples: é uma locomotiva sobre pneus, feita para empurrar e puxar sem sofrer em terrenos de terra, cascalho e rampas curtas.
Logística florestal: por que o maior caminhão do Brasil faz sentido
Na cadeia de celulose, cada minuto de carregamento e descarregamento conta.
Ao concentrar mais toras em um único comboio, o Hexatrem reduz viagens, filas e cruzamentos internos, o que alivia o tráfego dentro das áreas de plantio e diminui paradas para manutenção de vias.
O efeito colateral é positivo: menos deslocamentos por tonelada transportada significam queda de consumo por tonelada e menor exposição a risco operacional.
Eficiência logística vira eficiência energética, ajudando na meta de reduzir emissões por unidade produzida.
Rodovia x operação privada: diferenças que mudam tudo
É comum confundir o Hexatrem com transportes especiais de carga indivisível vistos, às vezes, em rodovias. Não é o caso.
O maior caminhão do Brasil é regular na sua operação privada, enquanto os comboios gigantes de rodovia (transformadores, geradores, etc.) são missões pontuais, com Autorização Especial de Trânsito, escoltas e rotas dedicadas.
Em outras palavras: o Hexatrem vive em “circuito fechado”, repetindo trechos de poucos quilômetros, com pessoas treinadas e infraestrutura desenhada para ele.
Já a carga indivisível entra em malha pública e exige coordenação com autoridades, concessionárias e janelas de tráfego.
Segurança, manutenção e controle de risco
Ambiente controlado não significa descuido: pelo contrário.
O ciclo de operação inclui checagem constante dos engates, pneus e sistemas de freio, além de planos de contingência para clima e piso molhado.
Treinamento do motorista e procedimentos de carregamento reduzem a chance de deslocamento de carga e mantêm a estabilidade do conjunto.
Na manutenção, a palavra é prevenção. Paradas programadas, inspeções por hora de motor e telemetria ajudam a prever falhas e antecipar trocas de componentes críticos.
Quanto mais pesado o conjunto, mais disciplinado precisa ser o cuidado.
O que vem pela frente: versões otimizadas e mais capacidade
O conceito está em evolução. Em anúncios recentes do setor, surgiram configurações otimizadas com maior capacidade de tração e foco em reduzir o custo por tonelada, sempre preservando a lógica de área privada + rota repetitiva + segurança.
Em alguns casos, fala-se em ajustes de comprimento e capacidade para elevar ainda mais a eficiência por viagem, mantendo o equilíbrio entre estabilidade, frenagem e desgaste.
A regra, porém, segue a mesma: o maior caminhão do Brasil continua fora das rodovias, justamente porque foi concebido para outro mundo — o mundo privado, previsível e produtivo das operações industriais.
Curiosidade necessária: o “gigante da Dutra” não é concorrente
Há registros de comboios com mais de 100 metros e centenas de toneladas cruzando rodovias para levar cargas indivisíveis.
Eles parecem “maiores”, e muitas vezes são, em comprimento e massa total. Mas não concorrem com o Hexatrem: um é missão especial e rara, o outro é rotina diária dentro do parque industrial.
Comparar os dois é comparar maratona com prova de revezamento: ambos são grandes feitos, mas com objetivos e regras completamente diferentes.
O Hexatrem mostra que escala e segurança podem andar juntas quando a operação é feita sob medida para o terreno.
O maior caminhão do Brasil resolve um problema real de produtividade, desde que permaneça onde nasceu para rodar: em área privada, sob controle rígido.
E você: esse modelo fechado de alta capacidade deveria inspirar outras cadeias logísticas ou o risco de superdimensionar frotas pesa mais que o ganho de eficiência? Se você trabalha em transporte pesado, manutenção ou segurança viária, queremos ouvir sua visão nos comentários.