No extremo norte do Rio Grande do Sul, uma formação natural impressiona por sua extensão e som característico. Com acesso controlado e trilhas em meio à Mata Atlântica, o local revela paisagens pouco conhecidas na fronteira com a Argentina.
O Salto do Yucumã, localizado no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas (RS), é reconhecido por pesquisadores e órgãos ambientais como a maior cachoeira longitudinal do mundo, com cerca de 1,8 km de extensão e quedas que podem alcançar até 15 metros, dependendo do nível do Rio Uruguai.
A formação natural marca a fronteira entre Brasil e Argentina e chama a atenção por um aspecto singular: a melhor vista é do lado brasileiro, onde a margem mais baixa permite observar a sucessão de degraus de basalto por onde a água desce, segundo a administração do parque.
Acesso controlado e preservação ambiental
O acesso ao Parque Estadual do Turvo é feito por via pavimentada, a cerca de 4 km do centro de Derrubadas.
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A partir da portaria, o visitante percorre 15 km de estrada de terra até o ponto de observação do salto.

O controle de entrada é considerado essencial pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul para reduzir o impacto sobre a Mata Atlântica preservada na região.
Em julho de 2023, o governo estadual firmou contrato de concessão de 30 anos com a empresa Três Fronteiras Navegação e Turismo, do Grupo Macuco Safari, responsável pela operação de serviços turísticos e manutenção da infraestrutura local.
Trilha curta e origem do nome
Do fim da estrada interna, uma caminhada de cerca de 500 metros leva ao mirante principal.
O nome “Yucumã” tem origem tupi-guarani e é traduzido por especialistas em línguas indígenas como “Grande Roncador”, referência ao som constante da água comprimida na falha geológica do rio.
Conforme o Departamento de Biodiversidade da Sema-RS, a visibilidade das quedas varia de acordo com o volume do Rio Uruguai: em períodos de estiagem, as formações rochosas ficam mais expostas; em épocas de cheia, parte delas desaparece sob a água.
Atividades e modalidades de visitação
De acordo com informações do parque e do concessionário, o visitante pode realizar trilhas guiadas, passeios de bike, safáris interpretativos, excursões de quadriciclo e atividades náuticas em áreas controladas.
As rotas de cicloturismo percorrem o trajeto interno com carro de apoio, enquanto os passeios aquáticos incluem caiaque, barco a motor e floating, sempre supervisionados por guias credenciados.

A realização dessas atividades depende das condições do rio e do clima, segundo a administração do parque.
Trilhas: Lagoas e Onças
O parque oferece duas trilhas oficiais abertas ao público.
A Trilha das Lagoas, de 1,3 km, é classificada como de dificuldade moderada e atravessa áreas alagadas.
Já a Trilha das Onças, com 1,5 km, tem nível mais alto de dificuldade e passa por trechos de mata fechada.
O valor informado em comunicados oficiais de 2024 é de R$ 10 por trajeto, mas o concessionário recomenda verificar eventuais atualizações de preço antes da visita.
Estrutura e funcionamento
A portaria do parque abriga o Centro de Visitantes, com lanchonete, restaurante e sanitários.
Há também área de apoio na região próxima ao salto, com serviços básicos e início das trilhas.
Conforme dados da Secretaria de Turismo de Derrubadas, o parque funciona de quinta a segunda, com fechamento às terças e quartas para manutenção e manejo ambiental.
O horário de visitação pode variar conforme as condições meteorológicas e o nível do rio.
Visual exclusivo e formação geológica
Estudos de geólogos e ambientalistas apontam que o Salto do Yucumã se forma a partir de uma falha longitudinal no leito do Rio Uruguai.
A diferença de altura entre as margens faz com que, do lado brasileiro, o visitante esteja posicionado abaixo do degrau rochoso, o que permite visualizar toda a extensão das quedas.
No lado argentino, a observação ocorre acima do salto, o que limita a perspectiva.
Essa configuração natural explica por que o visual completo da formação é observável apenas do Brasil, segundo pesquisadores vinculados ao Instituto de Geociências da UFRGS e técnicos do parque.
Melhor época e condições de visita
A escolha do período de visita influencia diretamente a experiência no local.
De acordo com a administração do parque, os meses de seca são os mais recomendados, pois o volume menor do Rio Uruguai permite visualizar melhor as quedas.

Durante períodos de cheia, o salto pode ficar parcialmente encoberto.
O monitoramento das condições hidrológicas é divulgado pela prefeitura e pela Secretaria de Meio Ambiente, e pode ser consultado antes da viagem.
Conservação e biodiversidade
O Parque Estadual do Turvo abriga uma das áreas mais bem preservadas de Mata Atlântica no Rio Grande do Sul.
Segundo o governo estadual, a unidade é considerada um importante refúgio para espécies ameaçadas, como a onça-pintada e aves raras.
A concessão vigente prevê a ampliação das ações de educação ambiental e a manutenção de áreas restritas à visitação, com o objetivo de equilibrar turismo e conservação.
O Salto do Yucumã se consolidou, segundo especialistas do setor de turismo, como um dos principais pontos de ecoturismo do Sul do Brasil, ao combinar relevância geológica, biodiversidade e acesso controlado.



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