Em Campo Grande (MS), o Bioparque Pantanal une arquitetura de Ruy Ohtake, tecnologia e conservação em um complexo com 5 milhões de litros de água doce, 239 tanques e centenas de espécies nativas e exóticas.
Com 5 milhões de litros de água doce, o Bioparque Pantanal, em Campo Grande (MS), consolidou-se como o maior aquário de água doce do mundo, reunindo arquitetura de vanguarda, pesquisa científica e acesso gratuito.
O complexo abriga 239 tanques, sendo 31 dedicados à exposição pública, 168 voltados à pesquisa, 38 de quarentena, 1 de abastecimento e 1 de reúso de água, formando um sistema integrado que representa a biodiversidade dos rios brasileiros e de outros continentes.
Localizado ao lado do Parque das Nações Indígenas, um dos principais cartões-postais de Campo Grande, o espaço transformou a capital sul-mato-grossense em referência internacional em conservação, turismo científico e sustentabilidade.
-
Lutador egípcio puxa iate de 700 toneladas com os dentes, vídeo viraliza e agora ele quer entrar para o Guinness
-
China ergue cidades em menos de uma década: de Shenzhen com 30 mil a 12 milhões, mas o preço são cidades-fantasma e solo afundando
-
CPF agora é documento único no Brasil: entenda por que seu RG vai perder validade até 2032 e o que muda na sua vida
-
Cobra sem nariz de Madagascar intriga cientistas: espécie com “rosto de folha” pode mudar o entendimento sobre camuflagem animal
Arquitetura inspirada nos rios do Pantanal
Assinado pelo arquiteto Ruy Ohtake, o edifício tem linhas curvas que remetem ao movimento das águas pantaneiras.
A estrutura, reconhecida por publicações especializadas de arquitetura, combina estética e funcionalidade, com tanques de grande porte sustentados por sistemas técnicos de alta precisão.
A diretora do complexo, Maria Fernanda Balestieri, descreve o projeto como uma fusão entre arte e ciência. “Estamos falando de uma obra que combina arquitetura, tecnologia e conhecimento a serviço da biodiversidade”, afirmou em entrevista institucional.
O projeto utiliza materiais e engenharia de última geração, capazes de manter o equilíbrio dos ambientes aquáticos e a segurança do público.
O sistema automatizado de suporte à vida monitora em tempo real a temperatura, oxigenação e qualidade da água, permitindo ajustes contínuos conforme a necessidade de cada espécie.
Pesquisa e inovação científica
No coração do Bioparque está o Centro de Conservação de Peixes Neotropicais (CCPN), responsável por pesquisas genéticas, reabilitação e reprodução de espécies ameaçadas.
Até 2025, o centro já havia contabilizado 330 reproduções, sendo 89 realizadas dentro do CCPN, com 27 inéditas para a ciência mundial e 15 inéditas no Brasil.
O programa de reprodução em cativeiro é considerado um dos mais avançados da América do Sul e serve de base para parcerias com universidades e órgãos ambientais.
Os dados gerados alimentam bancos de informações genéticas e auxiliam políticas públicas voltadas à preservação dos ecossistemas de água doce.
A equipe de biólogos e técnicos também realiza a identificação de espécies raras, coleta de material biológico e análise de comportamento.
Essa integração entre pesquisa e educação ambiental tornou o Bioparque uma plataforma de divulgação científica acessível ao público.
Exposição: uma viagem pelas águas do mundo
A visita ao Bioparque é uma imersão na diversidade dos ecossistemas aquáticos.
Os tanques temáticos reproduzem com realismo os ambientes de rios, lagos e nascentes do Pantanal, da Amazônia e de outros biomas brasileiros.
O percurso inclui também representações dos cinco continentes, ampliando a compreensão sobre os diferentes tipos de fauna e flora de água doce ao redor do planeta.
O trajeto é acompanhado por condutores e educadores ambientais, que explicam a importância de cada ambiente e destacam os desafios da conservação.
A proposta é unir conhecimento científico e experiência sensorial, aproximando o visitante da realidade dos ecossistemas aquáticos.
Inclusão e acessibilidade: um aquário para todos
A visitação ao Bioparque é gratuita, mediante agendamento on-line.
O espaço mantém o programa “Bioparque para Todos – Iguais na Diferença”, criado para garantir acesso universal e atendimento humanizado a todos os públicos.
Entre as tecnologias assistivas disponíveis estão intérpretes de Libras, tablets com audiodescrição e conteúdo em Libras, material em braile, elevadores e rotas acessíveis, fila preferencial, cotas diárias para pessoas com deficiência e neurodivergentes, além de uma sala de acomodação sensorial projetada especialmente para autistas e pessoas com hipersensibilidade.
Essas ações fazem do Bioparque um exemplo de inclusão e acessibilidade cultural, reconhecido por instituições públicas e entidades ligadas ao turismo acessível.
Tecnologia e sustentabilidade
A operação do Bioparque é sustentada por sistemas automatizados de alta eficiência energética.
Sensores controlam temperatura, fluxo e oxigenação da água, garantindo condições ideais para a fauna.
Os processos de reaproveitamento e reúso de água reduzem o consumo e reforçam o compromisso com a sustentabilidade ambiental.
A gestão também mantém laboratórios de apoio para análises químicas e biológicas, onde são monitorados parâmetros de pH, amônia e nitrito.
Essas informações são fundamentais para preservar o bem-estar dos animais e assegurar a estabilidade dos tanques.
Educação e engajamento ambiental
Além da exposição principal, o Bioparque oferece atividades educativas, palestras e oficinas sobre temas como recursos hídricos, mudanças climáticas e preservação dos rios.
As ações são direcionadas a estudantes e visitantes de todas as idades, reforçando o papel do espaço como ferramenta de educação ambiental e sensibilização coletiva.
O conteúdo expositivo e as práticas de mediação são constantemente atualizados pela equipe técnica, que busca aproximar o público dos avanços da ciência e estimular a reflexão sobre o impacto das ações humanas nos ecossistemas aquáticos.
Turismo científico e desenvolvimento local
Desde sua inauguração, o Bioparque Pantanal vem impulsionando o turismo em Campo Grande.
Com visitantes de todo o país e de diversas nacionalidades, o local movimenta a economia regional, gera empregos e fortalece a imagem da capital como polo de inovação ambiental.
O empreendimento se tornou parte do roteiro turístico do Parque das Nações Indígenas, integrando lazer, pesquisa e preservação ambiental em uma mesma experiência.
Para o governo estadual, o projeto simboliza o potencial do turismo sustentável aliado à ciência.
A cada visita, o público é convidado a repensar a relação entre ser humano e natureza — e a compreender como a proteção das águas doces é essencial para o futuro do planeta.
Será que iniciativas como o Bioparque Pantanal podem inspirar outras cidades a transformar a conservação ambiental em parte viva da experiência urbana?