Maersk testa novos combustíveis marítimos misturando etanol brasileiro, metanol e bunker em navios, avançando na sustentabilidade e na descarbonização da navegação global
Em 20 de outubro de 2025, a gigante global da navegação Maersk iniciou testes com uma mistura estratégica de etanol brasileiro, metanol e bunker (combustível marítimo) nos tanques de seus navios, marcando um avanço significativo na busca por soluções sustentáveis para o setor marítimo.
Segundo uma matéria do Globo Rural, essa iniciativa pode abrir um mercado de até 50 bilhões de litros de biocombustíveis e reforça o papel do Brasil como fornecedor estratégico de energia limpa para o transporte marítimo global.
Maersk lidera a descarbonização dos navios com combustível marítimo sustentável
A Maersk, que detém cerca de 15% do mercado global de transporte marítimo, está liderando uma transformação no uso de combustível marítimo. Os primeiros testes foram realizados em embarcações com motores adaptados para metanol, e os resultados foram considerados positivos por Danilo Veras, vice-presidente de políticas regulatórias da Maersk Latam.
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A empresa agora avança para testar o etanol em navios convencionais, misturado ao diesel marítimo (bunker), ampliando o escopo da iniciativa e sinalizando uma mudança estrutural na matriz energética da navegação internacional.
A iniciativa está alinhada com os compromissos climáticos da Organização Marítima Internacional (IMO), que busca reduzir em até 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2050. A Maersk, ao investir em combustíveis alternativos, posiciona-se como referência em inovação e sustentabilidade no setor naval.
Etanol brasileiro: solução limpa e estratégica para o transporte marítimo
O etanol brasileiro, produzido majoritariamente a partir da cana-de-açúcar, é reconhecido mundialmente por sua alta eficiência energética e baixa emissão de carbono.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o etanol de cana pode reduzir até 90% das emissões de gases de efeito estufa em comparação com combustíveis fósseis.
A escolha da Maersk pelo etanol brasileiro reforça a confiança na sustentabilidade e na capacidade produtiva do Brasil, que já exporta o biocombustível para outros países e possui infraestrutura consolidada para atender à demanda crescente.
Além disso, o Brasil possui um dos maiores programas de biocombustíveis do mundo, o RenovaBio, que incentiva a produção e comercialização de combustíveis renováveis com base em critérios ambientais e de eficiência energética.
Mistura com metanol e bunker: equilíbrio entre desempenho e sustentabilidade
A combinação entre etanol, metanol e bunker visa equilibrar desempenho operacional, custo e impacto ambiental. O metanol, por exemplo, é considerado um combustível de transição, com menor emissão de poluentes em relação ao bunker tradicional.
Já o bunker, apesar de ser um combustível fóssil, ainda é amplamente utilizado na navegação. A proposta da Maersk é reduzir sua participação na mistura progressivamente, substituindo-o por fontes renováveis como o etanol e o metanol.
Essa abordagem híbrida permite uma transição gradual e segura, sem comprometer a logística global, enquanto promove ganhos ambientais significativos.
Iniciativa da Maersk pode abrir mercado de 50 bilhões de litros
De acordo com projeções da indústria, a adoção em larga escala de biocombustíveis na navegação pode gerar uma demanda de até 50 bilhões de litros por ano. Esse volume representa uma oportunidade estratégica para o Brasil, que possui capacidade instalada para expandir sua produção de etanol e atender ao mercado externo.
Além disso, a iniciativa da Maersk pode estimular investimentos em novas usinas, tecnologias de produção e infraestrutura logística, gerando empregos e fortalecendo a economia verde.
O Brasil se posiciona como líder na transição energética marítima, com potencial para se tornar o principal fornecedor de biocombustíveis para navios em todo o mundo. A demanda crescente por soluções sustentáveis no setor naval pode impulsionar a exportação de etanol brasileiro e consolidar o país como referência global.
Combustível marítimo sustentável e regulação internacional
A Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor naval. A proposta da Maersk está alinhada com essas diretrizes, contribuindo para o cumprimento dos compromissos climáticos globais.
A adoção de combustíveis renováveis é essencial para atingir a neutralidade de carbono até 2050, e iniciativas como essa aceleram o processo de descarbonização do transporte marítimo, que atualmente responde por cerca de 3% das emissões globais.
Além disso, a IMO tem incentivado o uso de combustíveis alternativos por meio de regulamentações mais rígidas sobre o teor de enxofre nos combustíveis marítimos, o que torna o etanol e o metanol opções viáveis e atrativas para as empresas do setor.
Desafios técnicos e políticas públicas para o uso de etanol em navios
Apesar dos avanços, ainda existem desafios técnicos e regulatórios a serem superados. A adaptação dos motores dos navios para operar com misturas de etanol e metanol exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além de certificações internacionais.
Políticas públicas de incentivo à produção e exportação de biocombustíveis serão fundamentais para viabilizar a expansão do mercado. O Brasil já possui programas como o RenovaBio, que podem ser ampliados para incluir o setor marítimo.
A Maersk também está em diálogo com autoridades reguladoras e parceiros comerciais para garantir a viabilidade econômica e ambiental da iniciativa. A colaboração entre setor público e privado será essencial para consolidar o uso de combustíveis sustentáveis na navegação.
Iniciativa da Maersk: impactos econômicos e ambientais
A substituição gradual do bunker por etanol brasileiro e metanol pode gerar impactos positivos em diversas frentes. Do ponto de vista ambiental, há uma redução significativa na emissão de gases poluentes, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Do ponto de vista econômico, a transição energética pode impulsionar a cadeia produtiva de biocombustíveis, desde o cultivo da cana-de-açúcar até a logística de exportação. Estima-se que o setor possa gerar milhares de empregos diretos e indiretos, além de atrair investimentos estrangeiros.
A iniciativa da Maersk é um exemplo concreto de como inovação e sustentabilidade podem caminhar juntas, promovendo benefícios para o meio ambiente, a economia e a sociedade.
O futuro da navegação sustentável e o papel estratégico do Brasil
A decisão da Maersk de testar misturas com etanol brasileiro, metanol e bunker representa um marco na descarbonização da navegação global. Com resultados positivos nos primeiros testes e perspectivas promissoras, a iniciativa abre caminho para uma revolução energética no setor marítimo.
O Brasil, com sua expertise na produção de biocombustíveis, está no centro dessa transformação, oferecendo soluções sustentáveis e competitivas para o mundo. A abertura de um mercado de 50 bilhões de litros reforça a importância estratégica do país e estimula o desenvolvimento de uma economia verde robusta.