Encontro em Washington entre Mauro Vieira e Marco Rubio buscará soluções para as sobretaxas impostas a produtos brasileiros; data ainda não foi definida
O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, confirmou a realização de uma futura reunião presencial entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. O encontro, que ocorrerá em Washington, visa dar seguimento às negociações sobre as tarifas adicionais aplicadas a produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Este avanço diplomático acontece depois de uma videoconferência entre Lula e Trump. A informação foi divulgada pela Agência Brasil após um diálogo telefônico entre os dois representantes nesta quinta-feira (9).
A conversa foi descrita pelo Itamaraty como “muito positiva” e estabeleceu que as equipes técnicas de ambos os governos se reunirão previamente para tratar das questões econômico-comerciais. Este avanço diplomático acontece dias depois de uma videoconferência entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que marcou o início de uma nova fase no diálogo bilateral para resolver o impasse comercial.
O caminho diplomático para destravar o comércio segundo Itamaraty
A articulação para o encontro presencial representa um passo fundamental na busca por uma solução negociada. Segundo o comunicado do Itamaraty, o convite partiu diretamente do Secretário de Estado, Marco Rubio, que convidou Mauro Vieira para integrar a delegação brasileira em Washington. O objetivo é discutir os temas prioritários da relação bilateral, com destaque para a reversão do que tem sido chamado de “tarifaço”. Conforme a Agência Brasil, a aproximação foi intensificada após a conversa entre Lula e Trump na última segunda-feira (6).
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Na ocasião, os dois chefes de Estado trocaram contatos telefônicos para estabelecer uma linha direta de comunicação e concordaram em se encontrar pessoalmente em breve. O presidente norte-americano designou Marco Rubio, seu principal nome na diplomacia, para conduzir as negociações do lado dos EUA. A movimentação indica a importância que ambos os governos atribuem à resolução da disputa comercial, que afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira.
Os argumentos do Brasil contra o ‘tarifaço’
O governo brasileiro, por meio do Ministério da Fazenda, já preparou sua linha de argumentação para apresentar às autoridades norte-americanas. O ministro Fernando Haddad afirmou que o Brasil utilizará “os melhores argumentos econômicos” para reverter as sobretaxas. O principal deles, segundo o ministro, é que a medida está, na prática, encarecendo o custo de vida para o próprio consumidor americano, ao taxar produtos que fazem parte de sua cesta de consumo.
Além disso, Haddad ressaltou um ponto crucial: os Estados Unidos já possuem um superávit comercial com o Brasil, o que, em tese, enfraquece a justificativa para a aplicação de barreiras tarifárias. O ministro também destacou as vastas oportunidades de investimento que o Brasil oferece, especialmente nas áreas de transformação ecológica, exploração de terras raras e minerais críticos, e na produção de energia limpa, como eólica e solar. A Agência Brasil reportou que esses pontos serão centrais na mesa de negociação.
Entenda a origem e o impacto das tarifas
As sobretaxas impostas ao Brasil são parte de uma política comercial mais ampla da Casa Branca, iniciada pelo presidente Donald Trump para, segundo ele, reverter a perda de competitividade da indústria americana para a China. Em 2 de abril, foram anunciadas barreiras alfandegárias contra parceiros comerciais, com alíquotas variando conforme o déficit dos EUA com cada país. Inicialmente, por ter um superávit com o Brasil, Washington aplicou a taxa mais baixa, de 10%.
No entanto, em 6 de agosto, uma tarifa adicional de 40% entrou em vigor, citada como uma retaliação a decisões brasileiras que, na visão de Trump, prejudicariam as grandes empresas de tecnologia americanas (as “big techs”). A medida também foi associada a uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Produtos importantes como café, frutas e carnes foram diretamente afetados, embora cerca de 700 itens, incluindo suco de laranja, combustíveis, minérios e aeronaves, tenham sido isentos da taxação inicial.
Você concorda com essa mudança na política de tarifas? Acha que isso impacta o mercado brasileiro de forma significativa? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.