Setor de transporte e logística projeta 4,1 milhões de empregos e revela desafios na formação de profissionais qualificados
Uma projeção divulgada em outubro de 2024 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027, mostra que a logística e o transporte devem liderar a geração de empregos no Brasil. O estudo aponta a criação de 4,1 milhões de vagas até 2027, consolidando a área como estratégica para o crescimento da economia nacional.
Expansão acelerada da empregabilidade
Entre janeiro e outubro de 2024, o setor apresentou um crescimento de 94,7% na criação de vagas, em comparação com o mesmo período de 2023, segundo o Banco Nacional de Empregos (BNE). Além disso, a pesquisa da CNI destaca que a necessidade de profissionais qualificados no período será de 3,3 milhões de trabalhadores, reforçando a urgência por formação sólida e especializada.
Esse cenário reflete, sobretudo, o impacto das transformações tecnológicas e das mudanças nas cadeias de suprimentos. A expansão do e-commerce após a pandemia e a busca das empresas por redução de custos e eficiência logística tornam o setor um dos mais relevantes da economia.
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Fatores que explicam o crescimento
De acordo com Wagner Cardoso, gestor dos cursos de Logística, Engenharia de Produção e Gestão da Qualidade da Uniube, alguns fatores explicam essa alta demanda:
- Aceleração do e-commerce, que impulsionou toda a cadeia de suprimentos;
- Redução de custos operacionais e avanço das exportações, que reforçam a importância estratégica do setor;
- Transversalidade das funções logísticas, já que a área conecta diferentes setores produtivos;
- Ascensão da logística 4.0, que incorpora Inteligência Artificial, ciência de dados e programação no transporte e no gerenciamento.
Segundo Cardoso, essa realidade já é sentida em regiões como Uberaba, onde a procura por profissionais especializados em logística moderna é cada vez maior.
Educação como porta de entrada
O crescimento do setor pode ser visto também na trajetória de profissionais que apostaram na formação acadêmica. É o caso de Kaio Arial Marques Borborema, de 29 anos, que se formou em Logística pela Uniube em 2024.
Hoje, ele atua como analista de comercialização de grãos em uma cooperativa, atividade voltada à exportação e industrialização. Segundo Kaio, a formação foi fundamental para ingressar no mercado:
“Sem um curso superior eu não teria chegado até aqui. Controle de estoque, KPIs, relatórios de performance e cubagens foram áreas que só conheci cursando logística”, afirma.
Ele revela ainda que pretende cursar uma pós-graduação para se aprofundar em tecnologias que agilizem processos e reduzam custos, além de participar de projetos que tragam eficiência operacional. O objetivo futuro é assumir mais responsabilidades, inclusive em posições de liderança.
Escassez de profissionais qualificados
Apesar da expansão, a falta de mão de obra preparada é um obstáculo constante. Para Wagner Cardoso, esse é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas brasileiras.
“Existe uma escassez muito grande de profissionais bem formados no mercado. Empresários, gerentes e diretores me procuram dizendo que precisam de gente qualificada. A educação é essencial, mas de qualidade e não apenas de quantidade”, reforça o gestor da Uniube.
Esse descompasso entre oferta e demanda mostra como o mercado valoriza não apenas a quantidade de trabalhadores, mas, sobretudo, a qualidade da formação.
Perspectivas para os próximos anos
As projeções até 2027 indicam que a logística e o transporte continuarão crescendo em ritmo acelerado. Combinando avanço tecnológico, expansão do comércio eletrônico e aumento das exportações, o setor tende a se consolidar como um dos mais estratégicos para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Assim, a qualificação profissional surge como requisito indispensável. Para os especialistas, o futuro da logística dependerá de como o país vai investir em educação, inovação e modernização das operações.
Diante desse cenário, a pergunta que permanece é clara: não seria este o momento ideal para investir em uma carreira em logística e conquistar espaço em um mercado em plena transformação?