Ataques de grandes predadores como leopardos, leões, crocodilos e até babuínos colocam em risco agricultores e moradores rurais na Índia, África e Austrália, obrigando governos a autorizarem caçadas controladas para conter mortes e prejuízos
Em áreas rurais da Índia, Quênia, Tanzânia, África do Sul e Austrália, moradores convivem diariamente com o risco de ataques fatais de grandes predadores como leopardos, leões e crocodilos. Só na Índia, cerca de 162 pessoas são atacadas por leopardos todos os anos, forçando governos e organizações a adotarem medidas extremas como a caça legal para controlar essas populações.
Na zona rural de Maharashtra, oeste da Índia, leopardos são vistos frequentemente invadindo plantações, casas e até escolas. Os ataques acontecem geralmente à noite, atingindo tanto animais quanto pessoas. Para mitigar os riscos, caçadas legalizadas foram autorizadas, com equipes especializadas utilizando cães rastreadores, armadilhas e até iscas vivas.
No Quênia, especialmente nas regiões próximas a reservas como Maasai Mara, 11 a 14 pessoas são atacadas anualmente por leopardos. Muitas dessas ocorrências envolvem tentativas de proteger rebanhos. Apesar do número relativamente baixo de vítimas, os prejuízos financeiros e o trauma comunitário são expressivos, levando agricultores a colaborar com unidades de resposta rápida e equipes de conservação.
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Os leões, por sua vez, representam uma ameaça ainda maior. Na Tanzânia, onde vastas savanas abrigam grandes populações desses animais, a média é de 94 ataques anuais, com mais de 30 mortes registradas por ano. Muitas das vítimas são pastores que conduzem gado próximo a áreas de mata, atraindo a atenção dos leões em busca de presas fáceis.
Ações de controle com caça legalizada e iniciativas comunitárias
Para lidar com a crescente ameaça dos leões, a Tanzânia autorizou a caça legal com licenças reguladas. Em 2022, foram emitidas 117 permissões, cada uma exigindo uma equipe profissional, armamento adequado e veículos especializados. O custo da caça gira entre US$ 49.800 e US$ 58.600. Além disso, iniciativas como o projeto Lion Guardians no Quênia treinam moradores para prevenir ataques, monitorando os felinos e protegendo o gado com cercas e luzes.
Enquanto isso, nas áreas agrícolas da África do Sul e da Etiópia, os babuínos causam prejuízos severos ao devastarem plantações em grupos organizados. Apesar de raramente atacarem humanos, estima-se que entre 12 e 15 pessoas sejam feridas anualmente. A caça a babuínos, com licenças mais acessíveis, é usada como método de controle e normalmente é realizada por equipes locais usando rifles leves ou armadilhas.
Na Austrália, na África e em partes da Flórida, os crocodilos representam um dos maiores perigos. Seus ataques são furtivos e frequentemente fatais. No Lago Vitória, em Uganda, estima-se entre 35 a 50 ataques por ano, com mais de 65% resultando em mortes. Em resposta, autoridades locais implementaram armadilhas flutuantes, cercas com sensores e estações seguras de coleta de água.
Prejuízos financeiros e medidas preventivas
As perdas econômicas provocadas por esses predadores são enormes. Apenas uma noite de ataque de leões pode significar a perda de até seis cabeças de gado, cada uma valendo milhares de dólares. No caso dos crocodilos, uma vaca pode ser arrastada para a água em segundos. Além do impacto financeiro, os ataques deixam marcas profundas nas comunidades atingidas, gerando medo e insegurança.
Por outro lado, programas de controle eficazes têm demonstrado resultados positivos. Na Flórida, o controle rigoroso reduziu em até 38% os ataques de jacarés nos últimos cinco anos. Na Tanzânia, os ataques de leões ao gado caíram entre 23% e 27% após a introdução das caçadas reguladas e das medidas de proteção comunitárias.
A caça controlada, apesar de polêmica, tem sido utilizada como uma estratégia emergencial por países que buscam equilíbrio entre a conservação da vida selvagem e a proteção das populações humanas. Cada licença é concedida com base em estudos de impacto, respeitando limites populacionais das espécies e priorizando a eliminação de indivíduos mais perigosos.
As informações foram reunidas a partir de reportagens e conteúdos divulgados por veículos como BBC Earth, Chu Fazenda e documentários disponíveis em plataformas públicas de vídeo e conservação da vida selvagem.
Você acha que a caça legalizada é uma solução aceitável para proteger comunidades ou deveria haver outras alternativas de convivência com a vida selvagem?