Inovação da Embrapa promete reduzir custos e acelerar projetos do mercado de créditos de carbono
Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), desenvolveram uma tecnologia inédita que combina laser e inteligência artificial (IA) para medir o carbono presente no solo de forma mais ágil.
Com essa inovação, é possível avaliar densidade aparente e teor de carbono de maneira simultânea, o que torna o processo mais rápido, econômico e acessível.
Durante o Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), realizado de 14 a 16 de outubro de 2025, a Embrapa apresentou o método, destacando seu potencial para impulsionar o mercado de créditos de carbono.
Além disso, a instituição reforçou que a tecnologia pode simplificar análises, reduzir custos e aumentar a eficiência em projetos ambientais.
Método inovador combina laser e IA
A técnica, desenvolvida por Paulino Ribeiro Villas-Boas, Ladislau Martin Neto e Débora Milori, utiliza espectroscopia de emissão por plasma induzido por laser (LIBS) e modelos de aprendizado de máquina.
Graças a essa combinação, a tecnologia consegue estimar, em uma única análise, tanto a densidade do solo quanto o teor de carbono.
Dessa forma, elimina processos tradicionais demorados, custosos e suscetíveis a erros humanos.
De acordo com a Embrapa, o método já conta com pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e está em fase de licenciamento com empresas privadas.
Isso significa que, em breve, ele poderá ser aplicado de forma prática e em larga escala.
Vantagens em relação aos métodos tradicionais
Enquanto métodos convencionais exigem o uso de anel volumétrico e amostras indeformadas, a tecnologia da Embrapa dispensa essas etapas complexas.
Como resultado, o trabalho de campo se torna mais simples, rápido e eficiente.
Além disso, o método permite o uso de amostras deformadas, o que facilita coletas em áreas extensas e reduz o tempo de análise.
Por consequência, o processo passa a ser ideal para projetos de agricultura de precisão e monitoramento ambiental em larga escala.
Outra vantagem importante é que o LIBS requer tratamento mínimo das amostras.
Isso inclui apenas a remoção de impurezas, secagem, homogeneização e peletização do solo, o que simplifica a preparação.
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Coletas realizadas em biomas brasileiros
Para validar o modelo, os pesquisadores treinaram e testaram algoritmos de regressão com 880 amostras de solo brasileiro coletadas em diferentes regiões.
As coletas ocorreram em propriedades agrícolas, instituições de pesquisa e florestas nativas, abrangendo os biomas Cerrado e Mata Atlântica.
Além disso, as amostras foram retiradas em trincheiras de até 100 centímetros de profundidade, permitindo observar variações da matéria orgânica do solo.
Segundo Villas-Boas, o método possibilita calcular o estoque de carbono com apenas uma medição LIBS, garantindo agilidade e precisão.
Dessa forma, o processo se torna mais confiável, seguro e aplicável a diversos tipos de solo.
Impacto ambiental e potencial econômico
Conforme a Embrapa, a nova tecnologia representa um avanço estratégico para o mercado de créditos de carbono.
Isso ocorre porque ela melhora a precisão das medições e facilita a certificação de práticas sustentáveis no setor agrícola.
Além disso, o método reduz o uso de reagentes químicos, diminui resíduos e otimiza a coleta de dados ambientais.
Segundo estudos complementares da instituição, a inovação apresenta acurácia de até 81%, demonstrando elevada confiabilidade científica.
Portanto, o avanço pode fortalecer o monitoramento ambiental e ampliar o controle sobre o sequestro de carbono no solo brasileiro.
Com isso, o Brasil reforça sua posição de destaque na agenda global de sustentabilidade e impulsiona o uso de tecnologias limpas em favor do clima.