1. Início
  2. / Legislação Trabalhista
  3. / Justiça do Trabalho transforma cobranças em “Lei Magnitsky brasileira”, bloqueia contas, suspende CNHs, retém passaportes e impõe sanções duras contra empresários em todo o país
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Justiça do Trabalho transforma cobranças em “Lei Magnitsky brasileira”, bloqueia contas, suspende CNHs, retém passaportes e impõe sanções duras contra empresários em todo o país

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 17/10/2025 às 16:24
Empresário brasileiro preocupado ao lado de passaporte, CNH e chaves, simbolizando bloqueios e sanções aplicadas pela Justiça do Trabalho.
Homem simboliza empresários afetados por bloqueios de contas, suspensão de CNHs e cassação de passaportes — medidas que geraram comparações à “Lei Magnitsky brasileira”.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Bloqueios bancários, cassação de CNHs e passaportes geram debate jurídico e reacendem a discussão sobre os limites da Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho vem sendo criticada desde 2024 por aplicar medidas consideradas excessivas contra empresários. As decisões incluem bloqueios bancários, suspensão de CNHs e cassação de passaportes, o que gerou grande repercussão.

Essas ações, segundo especialistas, lembram a Lei Magnitsky, legislação norte-americana criada em 2012 para punir violações de direitos humanos e corrupção. No entanto, no Brasil, elas passaram a atingir dívidas trabalhistas e civis, o que motivou o apelido de “Lei Magnitsky brasileira”.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a aplicação dessas medidas aumentou após a pandemia. Mais de 716 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas entre 2020 e 2023, conforme dados do IBGE, o que agravou o problema.

Sanções trabalhistas atingem pequenos negócios e criam efeito dominó

As punições, que deveriam garantir o cumprimento das sentenças, acabaram provocando graves efeitos colaterais. Pequenos empresários relatam bloqueios automáticos, perda de crédito e restrições que impedem a continuidade das atividades.

O jurista Sérgio Cavalieri Filho, professor da UERJ, explica que “a suspensão de CNH e passaporte por dívidas viola o artigo 5º da Constituição e o direito de locomoção”.

Por outro lado, a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) sustenta que tais medidas são necessárias para coibir fraudes patrimoniais e garantir o pagamento das condenações. Ainda assim, a discussão jurídica sobre os limites dessas ações segue aberta.

Em outubro de 2025, o Jornal do Brasil publicou reportagens mostrando o impacto humano dessas decisões. Empresários afirmaram ter sido “financeiramente destruídos” por sanções aplicadas sem alternativa de negociação.

Casos revelam drama e paralisam atividades

Um industrial do interior do Rio Grande do Sul, dono de uma pequena fábrica de paletes, afirmou que já empregou 50 pessoas antes da pandemia. Após a crise, precisou demitir metade do quadro e enfrentou 20 ações trabalhistas simultâneas, que somaram R$ 500 mil.

Ele contou que, com contas bloqueadas e CNH suspensa, perdeu o direito de dirigir e passou a depender de terceiros até para levar os filhos à escola.

Outro caso vem do Rio de Janeiro. Um ex-sócio de metalúrgica, de 70 anos, descobriu no aeroporto que o passaporte havia sido retido por decisão judicial de 2024, referente a uma ação aberta em 1975, quando ele ainda era estudante. O valor da cobrança ultrapassa R$ 2 milhões, e seu único imóvel corre risco de penhora.

Na Tijuca, um comerciante dono de uma papelaria com mais de 60 anos de história também enfrenta bloqueios diários. A Justiça determinou a penhora parcial da aposentadoria, e ele afirma que “a Justiça do Trabalho transformou um pequeno comerciante em um pária”.

Especialistas alertam para abusos e pedem revisão urgente

As sanções severas aplicadas pela Justiça do Trabalho estão dividindo juristas e economistas. Muitos afirmam que o Judiciário tem ultrapassado o limite de sua função ao impor restrições pessoais em casos de natureza financeira.

O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não consolidou entendimento sobre o tema. No entanto, ministros como Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes alertam para o uso desproporcional dessas medidas, que afetam a liberdade individual e a economia.

O Ministério da Justiça criou, em setembro de 2025, um grupo técnico para padronizar decisões e evitar abusos, enquanto o Tribunal Superior do Trabalho (TST) analisa novas orientações para os magistrados.

Ainda assim, entidades empresariais afirmam que a insegurança jurídica aumentou de forma preocupante e já atinge milhares de empreendedores em todo o país.

Entidades empresariais pressionam por mudanças urgentes

A pressão sobre o Legislativo cresceu. Em outubro de 2025, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Micro e Pequenas Empresas (Comicro) apresentaram ao Congresso Nacional uma proposta que busca limitar sanções pessoais e proteger o direito de empreender.

Segundo o Ministério da Justiça, o texto deve ser analisado em março de 2026 pelas comissões da Câmara dos Deputados. O objetivo é impedir que a execução trabalhista ultrapasse os limites da cobrança civil e acabe restringindo liberdades individuais.

Enquanto o debate não avança, milhares de empresários continuam com contas bloqueadas, CNHs suspensas e passaportes retidos, o que compromete suas rotinas e impede o crescimento econômico.

O que o futuro reserva para a Justiça do Trabalho?

Juristas defendem que o Brasil precisa reavaliar o equilíbrio entre proteção trabalhista e liberdade empresarial. Caso as medidas coercitivas persistam, o país pode perder competitividade, empregos e investimentos produtivos.

Por outro lado, uma reforma equilibrada pode restaurar a confiança e fortalecer o ambiente de negócios. Isso garantiria que a Justiça continuasse protegendo o trabalhador sem sufocar quem gera empregos.

Enquanto as mudanças não chegam, milhares de empresários vivem sob o peso da chamada “Lei Magnitsky brasileira”, que, mesmo sem existir oficialmente, atua silenciosamente nos tribunais e redefine a relação entre Justiça e economia.

O que você acha que deve ser prioridade para o país: endurecer punições trabalhistas ou garantir o direito de empreender com liberdade e segurança jurídica?

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

Compartilhar em aplicativos
3
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x