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John Deere, ícone dos EUA, em alerta: aço com tarifa de 50% e milho barato empurram o produtor para o usado e estoque encalhado cresce a cada semana

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 07/09/2025 às 20:59
John Deere, ícone dos EUA, em alerta, aço com tarifa de 50% e milho barato empurram o produtor para o usado e estoque encalhado cresce a cada semana
A John Deere reportou lucro líquido de US$ 1,289 bilhão no trimestre encerrado em 27 de julho, queda de 25%.
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Tarifas mais altas sobre aço e alumínio, colheitas abundantes com preços de milho e soja em baixa e corte de 238 postos na John Deere formam o pano de fundo para a virada de clientes para tratores usados nos EUA.

As regras do jogo ficaram mais duras e a John Deere, o ícone fabricante de tratores nos EUA informou que está sendo prejudicada pelas novas regras. Em 4 de junho de 2025, os EUA dobraram para 50% as tarifas sobre aço e alumínio importados, insumos críticos em tratores, colheitadeiras e pulverizadores.

A medida encarece componentes e pressiona margens de fabricantes, além de subir o preço final de máquinas novas para o produtor. A exceção atual é o Reino Unido, que permanece com 25%.

Na outra ponta, os preços agrícolas caíram. O último relatório WASDE projeta preço médio do milho a US$ 3,90/bu e da soja a US$ 10,10/bu em 2025/26, patamares bem abaixo do pico de 2022. Com receita menor por hectare, muitos produtores adiam compras e postergam a troca de máquina.

Em julho, a Reuters registrou que contratos de milho e soja atingiram mínimas de 19 anos em termos reais, reforçando o cenário de aperto no caixa do campo. Quando a renda aperta, o novo perde espaço para o usado.

No varejo de equipamentos, há sinais claros dessa migração. Em Tulsa, Oklahoma, o leiloeiro Josh Enlow relata a chegada de clientes que antes só compravam zero quilômetro e agora procuram usados revisados. O pátio da Enlow Tractor Auction ficou mais movimentado com máquinas agrícolas e de construção, acompanhando o recuo da demanda por novas.

Como isso bateu no balanço da John Deere

A John Deere reportou lucro líquido de US$ 1,289 bilhão no trimestre encerrado em 27 de julho, queda de 25% sobre um ano antes, e receita líquida 9% menor. A companhia reduziu o teto da meta de lucro para 2025 para US$ 5,25 bilhões (faixa agora US$ 4,75 bi a US$ 5,25 bi). A empresa também alertou para um impacto tarifário maior, estimando quase US$ 600 milhões no ano, acima da projeção anterior de US$ 500 milhões. O mercado sentiu.

Do lado do emprego, a fabricante confirmou 238 demissões em plantas de Illinois e Iowa em agosto, citando menor demanda e menos pedidos. É um ajuste adicional após cortes já realizados desde 2024 para adequar a produção ao varejo.

Mesmo assim, o peso industrial da marca segue grande. A Deere informa cerca de 30 mil empregados em mais de 60 instalações nos EUA e afirma que mais de 75% do que vende no país é montado domesticamente. Esse colchão industrial local ajuda a amortecer tarifas sobre máquinas importadas, diferentemente de concorrentes com produção mais externa.

Preço do trator novo x bolso do produtor: por que o usado virou protagonista

Além de juros altos, o preço do trator novo disparou na última década. Estimativas ligadas à Universidade de Illinois indicam avanço de 50% a 60% em modelos comuns entre 2017 e 2023, com alguns mais que dobrando. Para quem colhe com milho a ~US$ 3,90/bu e soja a ~US$ 10/bu, investir US$ 250 mil ou mais em uma máquina fica difícil, então consertar o que já tem ou buscar um usado vira caminho natural.

O fenômeno aparece nos dados: estoques e valores de usados oscilaram ao longo de 2025, mas o canal de leilões e revendas manteve liquidez, sinal de que há comprador para equipamentos com bom histórico de manutenção. Dealers e leiloeiros relatam mais interesse em modelos menos potentes e mais baratos, que resolvem a safra sem estourar o orçamento.

Essa rotação para o usado também força a indústria a ajustar produção e oferecer financiamento seletivo para limpar estoques de novos e seminovos. Na prática, é o ciclo clássico do agro: quando a commodity cai, o capex esfria.

China fora do jogo da soja americana: tarifa e incerteza

Em março de 2025, a China impôs tarifas retaliatórias sobre produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja. Em abril, elevou as alíquotas em resposta a novas medidas americanas. Resultado: as tradings chinesas reduziram compras antecipadas de soja dos EUA para a safra nova, preferindo Brasil quando há paridade de preço. Para ter ideia da significância do mercado, em **2024 os EUA exportaram cerca de US$ 12,6 bilhões em soja para a China. Qualquer freio ali mexe no caixa do produtor.

As entidades do setor apertaram o alerta. A American Soybean Association pediu prioridade para soja nas tratativas bilaterais, dizendo que os retaliações “fecharam a porta” do maior cliente exatamente na entrada da colheita 2025. Sem demanda externa firme, o produtor posterga a compra do trator.

Há alívio no horizonte? Bônus depreciação e vantagem doméstica

No campo tributário, a nova lei aprovada em julho de 2025 restabeleceu a “bonus depreciation” de 100%, permitindo abater integralmente, no primeiro ano, compras elegíveis de máquinas e equipamentos adquiridos e colocados em serviço após 19 de janeiro de 2025. Isso melhora o fluxo de caixa de quem investir, inclusive agricultores que decidirem trocar de equipamento no curto prazo. É munição pró-venda para fabricantes com produção local relevante.

A vantagem competitiva também tem traços industriais. Como parte maior das máquinas vendidas pela Deere nos EUA é montada no país, a empresa sofre menos com tarifas sobre máquinas importadas prontas do que rivais com footprint externo mais intenso. Mas continua exposta ao encarecimento do aço e do alumínio, agora com tarifa de 50%. Ou seja, há alívios e novos custos ao mesmo tempo.

E você, acha que as tarifas e os preços baixos das safras vão proteger a indústria americana ou só vão empurrar mais agricultores para máquinas usadas e manutenção? Deixe sua opinião nos comentários.

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Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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