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Japão prepara o lançamento do iene digital até 2026: projeto bilionário do Japan Post Bank quer transformar o país em referência mundial em transações tokenizadas e desafiar o domínio do dólar

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 14/10/2025 às 13:32
Japão prepara o lançamento do iene digital até 2026: projeto bilionário do Japan Post Bank quer transformar o país em referência mundial em transações tokenizadas e desafiar o domínio do dólar
Foto: Japão prepara o lançamento do iene digital até 2026: projeto bilionário do Japan Post Bank quer transformar o país em referência mundial em transações tokenizadas e desafiar o domínio do dólar
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Japão lança o iene digital até 2026 em projeto bilionário liderado pelo Japan Post Bank e Banco do Japão. Iniciativa promete revolucionar o sistema financeiro e desafiar o domínio do dólar digital.

O Japão, uma das economias mais tradicionais e tecnologicamente avançadas do planeta, está prestes a dar um salto histórico em direção ao futuro do sistema financeiro global. Segundo informações do Financial Times e da Reuters, o Japan Post Bank, em parceria com o Banco do Japão (BoJ) e gigantes privadas como Mitsubishi UFJ, Mizuho Financial Group e Sumitomo Mitsui Banking Corporation, planeja lançar oficialmente o iene digital (DCJPY) até abril de 2026.

Trata-se de um movimento bilionário que promete não apenas modernizar o sistema de pagamentos japonês, mas também reposicionar o país na disputa global pelo controle das moedas digitais oficiais, em um cenário cada vez mais dominado pelos Estados Unidos e pela China.

Uma resposta estratégica à guerra das moedas digitais

O projeto do iene digital nasceu de um contexto geopolítico cada vez mais acirrado. Enquanto a China já utiliza o yuan digital (e-CNY) em mais de 25 cidades e em transações bilaterais com países da Ásia e da África, os Estados Unidos ainda avançam lentamente no desenvolvimento do dólar digital (CBDC).

O Japão, que historicamente manteve uma política monetária conservadora, decidiu acelerar o processo para não ficar para trás. O Banco do Japão iniciou testes em 2021 e, em 2024, autorizou uma fase piloto em ambiente real, com integração entre bancos, fintechs e redes de varejo.

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Agora, a entrada do Japan Post Bank, um dos maiores do mundo em ativos, com mais de US$ 1,3 trilhão sob gestão — marca uma virada de escala e ambição. Segundo o executivo-chefe da Digital Currency Forum, Hiromi Yamaoka,

“O iene digital não é apenas um meio de pagamento, mas uma nova infraestrutura financeira. Ele permitirá que o dinheiro interaja com contratos inteligentes e sistemas automatizados, abrindo espaço para um novo ecossistema econômico.”

Como funcionará o iene digital

O DCJPY, nome técnico do projeto, será lastreado em 100% de ienes reais mantidos em contas de reserva no Banco do Japão.

A emissão será feita por bancos comerciais autorizados, e as transações ocorrerão em uma rede blockchain permissionada garantindo rastreabilidade, transparência e segurança.

Os testes já indicaram que o sistema será capaz de:

  • Processar transações instantâneas 24 horas por dia;
  • Integrar pagamentos com contratos inteligentes, permitindo liquidação automática de operações comerciais;
  • Reduzir custos de compensação e taxas cambiais em transações internacionais;
  • Atuar como base para tokenização de ativos reais, como títulos públicos e crédito corporativo.

Em termos práticos, o iene digital permitirá que empresas japonesas automatizem pagamentos, folha de salários, importações e exportações sem depender de intermediários ou sistemas de compensação lentos, como o SWIFT.

Um novo ecossistema financeiro japonês

O movimento do Japão vai muito além da digitalização da moeda. Ele representa uma reorganização estrutural do sistema financeiro. Com o DCJPY, o país poderá conectar bancos, corretoras, seguradoras e empresas de tecnologia em uma mesma rede de liquidação digital, eliminando gargalos que ainda atrasam a modernização do setor bancário asiático.

A Digital Currency Forum — grupo que coordena o projeto — conta com mais de 120 empresas participantes, incluindo Mitsubishi Corporation, Sony, ANA Holdings, NTT Data e Tokyo Electric Power. Todas estão testando formas de integrar o iene digital aos seus sistemas de pagamento e gestão de contratos.

Segundo a consultoria PwC Japan, a infraestrutura blockchain que sustenta o DCJPY poderá reduzir em até 70% os custos operacionais de liquidação bancária e gerar uma economia anual estimada em US$ 45 bilhões para a economia japonesa.

O impacto global e o desafio ao dólar

A entrada do Japão nessa corrida coloca mais pressão sobre os Estados Unidos, que ainda não definiram uma estratégia concreta para o dólar digital. O Federal Reserve segue em fase de estudos, e o projeto enfrenta resistência política no Congresso.

Enquanto isso, o Japão aposta em uma abordagem híbrida: moeda digital pública, mas emitida e gerida em parceria com o setor privado. Esse modelo é visto por analistas como o mais equilibrado entre inovação e estabilidade.

De acordo com o economista Kenji Yoshimura, da Universidade de Tóquio:

“O iene digital tem potencial de se tornar a primeira moeda digital totalmente interoperável entre países desenvolvidos. Isso dá ao Japão poder de barganha em acordos comerciais e maior autonomia em relação ao sistema dominado pelo dólar.”

Reflexos no comércio internacional e na Ásia

A Ásia já se tornou o epicentro das inovações monetárias digitais. Além da China, países como Coreia do Sul, Cingapura e Índia estão avançando rapidamente em suas versões de moedas digitais. O Japão, ao entrar nesse grupo, reforça sua posição como potência tecnológica e financeira.

O Ministério das Finanças do Japão estuda a possibilidade de integrar o DCJPY a acordos comerciais regionais, como o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), o que poderia permitir transações diretas entre empresas japonesas e chinesas sem conversão prévia em dólar.

Especialistas acreditam que, a médio prazo, o movimento pode:

  • Reduzir a dependência do dólar nas trocas bilaterais da Ásia;
  • Aumentar a estabilidade das transações internacionais;
  • Tornar o Japão um hub global de liquidação digital e tokenização de ativos.

A convergência com o Brasil e outras economias emergentes

Curiosamente, o avanço japonês ocorre no mesmo momento em que o Brasil testa o Drex, sua moeda digital oficial. Ambos os países são membros do Banco de Compensações Internacionais (BIS) e participam de um consórcio global que busca padronizar a interoperabilidade entre CBDCs.

Isso significa que, no futuro, empresas brasileiras poderão realizar exportações para o Japão em tempo real, com conversão automática entre Drex e DCJPY, sem depender de bancos intermediários.

Segundo o pesquisador Ricardo Rocha, do Insper,

“Estamos caminhando para um mundo em que o dinheiro será programável, transparente e global. O iene digital é o passo mais sólido nessa direção entre os países desenvolvidos.”

Um marco para o dinheiro do futuro

Com previsão de testes públicos até o fim de 2025 e lançamento oficial em abril de 2026, o iene digital se consolida como um dos projetos mais avançados do mundo entre as moedas digitais oficiais.

O Japão, conhecido por sua prudência, está prestes a realizar uma das mudanças mais ousadas da história monetária recente: substituir parte do papel-moeda por uma versão digital, programável e integrada ao comércio internacional.

Enquanto o mundo ainda discute o potencial do dinheiro digital, Tóquio se prepara para viver o futuro — com um iene que não apenas circula, mas se comunica.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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