De uma padaria familiar em Fortaleza, Ivens Dias Branco construiu o Grupo M. Dias Branco, líder nacional em massas e biscoitos, com 17 mil funcionários e presença em mais de 40 países.
A trajetória de Ivens Dias Branco é uma das histórias empresariais mais inspiradoras do Nordeste brasileiro. Nascido em 1934, em Fortaleza (CE), ele começou sua jornada ainda jovem ajudando o pai, Manuel Dias Branco, em uma pequena padaria e fábrica artesanal de massas. O negócio familiar, fundado na década de 1950, era modesto — mas Ivens transformaria aquela estrutura simples em um dos maiores impérios da indústria alimentícia da América Latina. O Grupo M. Dias Branco, dono de marcas como Vitarella, Adria, Fortaleza, Piraquê e Richester, é hoje sinônimo de liderança, eficiência e expansão industrial.
Do forno de padaria à linha de produção industrial
Quando assumiu o negócio da família, Ivens enxergou o que poucos viam: o potencial de industrializar e profissionalizar a produção de massas e biscoitos no Brasil. Na década de 1960, o país ainda importava boa parte da matéria-prima e carecia de grandes indústrias nacionais do setor. Com visão e ousadia, ele investiu em maquinário moderno, importou tecnologia da Itália e implantou processos industriais que colocaram sua empresa em um novo patamar de produtividade.
A virada definitiva aconteceu na década de 1970, quando o grupo começou a distribuir produtos além das fronteiras do Ceará. A expansão para o Nordeste foi rápida e consistente, apoiada em uma estratégia de logística verticalizada — o que significa que a empresa passou a produzir internamente grande parte dos insumos e embalagens que utilizava. Essa autonomia reduziu custos, aumentou a competitividade e garantiu qualidade uniforme em larga escala, um diferencial decisivo no setor alimentício.
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O nascimento de um império nacional
Com o tempo, o que era uma padaria regional se transformou em uma gigante industrial. O Grupo M. Dias Branco passou a dominar o mercado brasileiro de massas e biscoitos, controlando mais de 35% do setor segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães (ABIMAPI).
Em 2003, a companhia inaugurou uma das maiores fábricas de alimentos da América Latina, localizada no Porto do Mucuripe, em Fortaleza — um complexo de mais de 180 mil m² que funciona como uma verdadeira cidade industrial, com milhares de funcionários e produção 24 horas por dia.
Sob o comando de Ivens, o grupo diversificou marcas, adquiriu concorrentes regionais e consolidou sua presença nacional. Hoje, a M. Dias Branco emprega mais de 17 mil pessoas, opera fábricas em diversos estados e exporta para mais de 40 países, levando produtos brasileiros a mercados na Europa, África e América Latina. Em 2023, o grupo registrou lucro líquido de R$ 889 milhões e receita bruta superior a R$ 10 bilhões, segundo dados oficiais divulgados à B3.
Inovação, autossuficiência e legado empresarial
Um dos segredos do sucesso do império construído por Ivens foi o modelo de autossuficiência industrial. Ele acreditava que uma empresa de alimentos precisava dominar toda a cadeia produtiva, desde o trigo até o produto final. Por isso, a M. Dias Branco investiu pesado em moinhos próprios, portos privados e uma frota de transporte que garante agilidade na distribuição nacional. Essa estrutura integrada tornou o grupo praticamente imune às flutuações externas de custos e crises logísticas.
Ivens também valorizava a gestão de pessoas e a cultura empresarial familiar. Mesmo após abrir o capital da companhia em 2006, ele manteve os princípios de humildade, disciplina e proximidade com os funcionários. Segundo relatos de executivos e ex-colaboradores, era comum vê-lo percorrendo pessoalmente as linhas de produção, conversando com operários e avaliando cada etapa do processo — uma liderança que inspirava respeito e admiração.
O legado que moldou a indústria do Nordeste
Ivens Dias Branco faleceu em 2016, aos 81 anos, mas deixou um legado empresarial que transcende números. Ele foi o primeiro grande industrial nordestino a provar que era possível construir um conglomerado bilionário fora do eixo Rio-São Paulo. Sob sua visão, o Ceará passou a ser reconhecido como um polo de produção alimentícia e exportação.
Hoje, o grupo segue sob comando de sua família e figura entre as 100 maiores empresas do Brasil, com ações listadas na bolsa e projetos voltados para inovação e sustentabilidade. A M. Dias Branco é mais do que uma gigante da indústria: é um símbolo de determinação, visão e trabalho que mostra como uma pequena padaria pode se transformar em um império global.


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