Segundo o G1, a obra inédita em Itapoá vai depositar 6,4 milhões de m³ de areia retirada da dragagem da Baía da Babitonga, ampliando a faixa de praia em até 100 metros e impactando turismo, portos e meio ambiente.
A cidade de Itapoá, no litoral norte de Santa Catarina, será palco de uma obra inédita no Brasil. O projeto prevê o alargamento da praia com a deposição de 6,4 milhões de metros cúbicos de areia, retirados da dragagem da Baía da Babitonga. O volume é quase três vezes maior do que o utilizado na famosa megaobra da Praia Central de Balneário Camboriú, concluída em 2021.
A iniciativa, assinada em agosto de 2025, não se limita à orla. O processo de dragagem também busca aprofundar o estuário que dá acesso aos portos de Itapoá e São Francisco do Sul, permitindo a chegada de navios de até 366 metros de comprimento, frente ao limite atual de 336 metros. Com isso, a intervenção ganha caráter duplo: turístico e logístico, transformando a cidade em um novo polo de desenvolvimento da região norte catarinense.
O investimento bilionário e a estrutura do projeto

O orçamento total é de R$ 324 milhões, em regime de Parceria Público-Privada (PPP).
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Desse montante, R$ 24 milhões virão do porto público de São Francisco do Sul e R$ 300 milhões do terminal privado de Itapoá, que terá retorno financeiro parcelado até 2037.
Na prática, a faixa de areia ganhará pelo menos 30 metros em uma extensão de 10 km, entre Figueira e Balneário Princesa do Mar.
Em alguns trechos, o avanço poderá superar 100 metros, criando novos espaços de lazer, turismo e valorização imobiliária.
A prefeitura aposta que o projeto transformará a cidade em um novo cartão-postal, fortalecendo ainda mais o título de Itapoá como destino turístico, já que o município possui 32 km de litoral, a maior faixa costeira de Santa Catarina.
Proteção contra erosão e ressacas
A obra também responde a uma necessidade emergencial.
Em agosto de 2025, Itapoá decretou situação de emergência após fortes ressacas que atingiram a costa, agravando o processo de erosão marítima.
A expectativa é que o alargamento atue como uma barreira de proteção costeira, reduzindo os impactos das ondas sobre a orla e evitando prejuízos a imóveis e comércios locais.
Segundo especialistas em engenharia costeira, intervenções desse tipo são eficazes no curto e médio prazo, mas não eliminam definitivamente o risco de erosão.
Isso significa que, embora a obra traga benefícios imediatos, a manutenção será fundamental para que os resultados permaneçam estáveis nas próximas décadas.
A comparação com Balneário Camboriú
O paralelo com Balneário Camboriú é inevitável. Lá, a faixa de areia passou de 25 para cerca de 70 metros após a deposição de 2,5 milhões de m³ de sedimentos.
Em Itapoá, além do volume três vezes maior, o diferencial está no reaproveitamento da areia dragada do canal portuário, em vez da retirada de jazidas submarinas.
Esse modelo torna a obra ainda mais inovadora no contexto brasileiro, pois une o interesse de ampliar a competitividade portuária com a valorização turística da orla.
O resultado, se bem executado, pode servir de referência para outras cidades costeiras do país.
Licenciamento ambiental e riscos envolvidos
Apesar da expectativa, o projeto só poderá começar após a liberação da licença ambiental pelo Ibama e a conclusão do projeto executivo, prevista para os próximos quatro meses.
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) alertam que intervenções dessa magnitude podem gerar impactos ambientais severos, como:
Alteração de correntes marítimas;
Prejuízo a praias vizinhas por redistribuição de sedimentos;
Turbidez da água durante a obra, afetando fauna marinha;
Possível redução da biodiversidade em áreas sensíveis.
Esses pontos acendem o alerta sobre a necessidade de estudos técnicos aprofundados e de medidas de compensação ambiental.
O papel estratégico da Baía da Babitonga
A Baía da Babitonga é o centro do maior complexo portuário de Santa Catarina, responsável por 60% da movimentação de cargas do estado.
Além do Porto de São Francisco do Sul e do Porto de Itapoá, existe o projeto para construção de um terceiro porto privado, da Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, com orçamento estimado em R$ 3 bilhões.
Nesse contexto, o alargamento da praia de Itapoá deixa de ser apenas uma obra de turismo e ganha status de projeto estratégico nacional, capaz de reposicionar Santa Catarina como um dos principais hubs logísticos da América do Sul.
A obra inédita em Itapoá promete transformar radicalmente a orla do município, trazendo benefícios urbanísticos, turísticos e logísticos.
No entanto, também levanta questões ambientais complexas que precisam ser enfrentadas com transparência e rigor técnico.
E você, acredita que os benefícios econômicos e turísticos da obra compensam os riscos ambientais? Ou considera que o projeto pode repetir erros de outras intervenções costeiras no Brasil? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade de perto.



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