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Cientistas da Itália e Brasil desenvolvem pele artificial capaz de ‘sentir’ como a humana e identificar a intensidade de cada toque

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 06/08/2025 às 12:06
Itália e Brasil desenvolvem pele artificial capaz de ‘sentir’ como a humana e identificar a intensidade de cada toque
Foto: Itália e Brasil desenvolvem pele artificial capaz de ‘sentir’ como a humana e identificar a intensidade de cada toque
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Pesquisadores do Brasil e Itália criam tecnologia sensível ao toque que simula a pele humana com precisão inédita. A nova pele artificial reconhece localização e intensidade do contato, abrindo caminho para avanços em próteses e robótica

Pesquisadores do Brasil e da Itália anunciaram um marco na bioengenharia sensorial: a criação de uma pele artificial capaz de sentir toques como a pele humana, incluindo a identificação precisa da intensidade e localização do contato. O avanço foi publicado na prestigiada revista Nature Machine Intelligence e envolve o uso de sensores ópticos de fibra combinados a redes neurais artificiais que simulam o sistema nervoso humano.

A tecnologia, fruto da colaboração entre a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Scuola Superiore Sant’Anna, em Pisa, pode revolucionar áreas como próteses biônicas, robótica avançada e dispositivos vestíveis inteligentes. A pele que sente como a humana representa um passo fundamental rumo à integração cada vez mais realista entre humanos e máquinas, elevando o nível de sensibilidade tátil em interfaces artificiais.

Uma parceria inovadora entre Brasil e Itália

O projeto é resultado de anos de cooperação científica entre instituições de ponta. A Scuola Superiore Sant’Anna, centro de excelência em engenharia biomédica da Itália, se uniu à UFU, no Brasil, com o objetivo de desenvolver materiais inteligentes com capacidade sensorial comparável à do corpo humano.

O foco foi criar uma estrutura artificial que pudesse detectar o toque com alta precisão, ao mesmo tempo em que fosse capaz de interpretar a intensidade e o local exato do estímulo — algo que até recentemente era restrito ao sistema nervoso humano.

Como funciona a pele artificial?

A pele artificial criada pela equipe é composta por uma matriz de sensores ópticos de fibra, responsáveis por capturar as variações físicas geradas pelo toque.

Quando pressionada, a estrutura altera o padrão de luz transmitido pelos sensores. Essas alterações são então decodificadas por uma rede neural artificial, que simula o comportamento de neurônios sensoriais.

Esse modelo computacional atua de forma semelhante ao cérebro, interpretando em tempo real os dados recebidos, localizando o ponto de contato e classificando sua intensidade. A tecnologia é capaz de reconhecer múltiplos estímulos simultâneos, o que amplia seu potencial para aplicações dinâmicas em ambientes complexos.

Potenciais aplicações da tecnologia sensível ao toque

A inovação não se limita ao campo acadêmico. A tecnologia sensível ao toque desenvolvida pode ser aplicada em diversas áreas com impactos diretos na vida das pessoas. Entre as principais aplicações, destacam-se:

Próteses biônicas com feedback tátil

Uma das maiores dificuldades enfrentadas por usuários de próteses é a ausência de sensações táteis. A nova pele artificial pode permitir que próteses forneçam feedback sensorial ao usuário, recriando a sensação de toque e oferecendo mais controle e segurança no uso diário.

Robótica sensível ao toque

Em robôs industriais e assistivos, a sensibilidade ao toque é fundamental para interações seguras com humanos e objetos delicados.

A pele que sente como a humana pode tornar os robôs mais responsivos, ajudando em tarefas que exigem delicadeza e adaptabilidade, como cirurgias assistidas por robôs ou serviços de cuidado pessoal.

Dispositivos vestíveis inteligentes

Sensores capazes de captar o toque com alta precisão também são valiosos em dispositivos vestíveis, como luvas para realidade virtual, roupas inteligentes ou interfaces de controle por gestos. Com essa tecnologia, é possível criar experiências mais imersivas e responsivas ao movimento humano.

Brasil e Itália: publicação científica e validação internacional

O estudo foi publicado na Nature Machine Intelligence, uma das revistas mais respeitadas na área de inteligência artificial aplicada à engenharia. Segundo o professor Calogero Oddo, coordenador do projeto na Itália, o objetivo foi desenvolver uma arquitetura bioinspirada que se aproxime do funcionamento do sistema sensorial humano.

A publicação reforça a importância do projeto ao validar cientificamente os resultados obtidos e ao apresentar os dados em um meio com alcance global. A escolha da revista demonstra que a tecnologia atinge padrões internacionais de inovação, rigor técnico e aplicabilidade prática.

Por que essa pele que sente como a humana é tão revolucionária?

Recriar a capacidade sensorial humana em materiais artificiais sempre foi um desafio central da engenharia robótica e biomédica. Até então, muitos dispositivos conseguiam captar pressão ou temperatura de forma isolada, mas sem combinar isso à interpretação neural ou à fidelidade biológica.

Essa nova pele artificial representa uma convergência entre sensoriamento físico e inteligência computacional. Ou seja, não apenas detecta estímulos, mas os compreende como um cérebro humano faria. Isso abre caminho para a criação de sistemas mais autônomos, adaptáveis e sensíveis às necessidades do usuário.

Avanços que impulsionam a interação homem–máquina

Em um mundo cada vez mais orientado por tecnologias inteligentes, a interação entre humanos e máquinas precisa ser natural, segura e eficiente. Sensores táteis com resposta realista elevam a qualidade dessa interação, promovendo confiança e melhorando a performance de sistemas automatizados.

A tecnologia sensível ao toque pode, por exemplo, tornar mais intuitiva a operação de máquinas por meio do toque humano, ou mesmo possibilitar o uso de interfaces táteis por pessoas com deficiência, promovendo inclusão tecnológica.

Nova tecnologia sensível ao toque: papel do Brasil em inovações globais

O envolvimento da Universidade Federal de Uberlândia nesse projeto de ponta mostra que o Brasil está inserido no cenário global de inovação tecnológica. Pesquisadores brasileiros contribuíram diretamente para o desenvolvimento dos sensores, dos algoritmos de rede neural e dos testes experimentais.

Essa participação ativa é um sinal claro de que o Brasil e a Itália podem, juntos, liderar projetos de alta complexidade com impacto social e industrial. Iniciativas como essa reforçam a importância do investimento contínuo em pesquisa científica e em parcerias internacionais estratégicas.

Pele artificial: uma nova fronteira da sensibilidade artificial

A criação de uma pele artificial que sente como a humana é mais do que um avanço tecnológico — é um salto na forma como máquinas e humanos poderão interagir no futuro. Por meio da combinação de sensores ópticos sofisticados e inteligência artificial inspirada no sistema nervoso, pesquisadores do Brasil e Itália estabeleceram um novo padrão para a robótica sensível ao toque.

Seja em próteses com sensações realistas, robôs colaborativos com tato refinado ou dispositivos vestíveis inteligentes, essa inovação tem o potencial de transformar diversas áreas da sociedade. A publicação na Nature Machine Intelligence não apenas valida a pesquisa, mas a posiciona como referência para futuras aplicações biomédicas e industriais.

O mundo está cada vez mais conectado por tecnologias que não apenas pensam, mas agora também sentem. E o protagonismo de instituições brasileiras nesse cenário mostra que estamos preparados para contribuir com as grandes soluções do futuro.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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