O ITA anuncia três projetos estratégicos de hidrogênio verde no Brasil, com apoio do MDIC, fortalecendo a descarbonização industrial e atraindo bilhões em novos investimentos sustentáveis
Em 15 de outubro de 2025, o Acelerador da Transição Industrial (ITA), iniciativa global lançada durante a COP28, anunciou a seleção de três projetos de hidrogênio verde no Brasil.
Segundo dados da revista Exame, a ação visa atrair até US$ 23 bilhões em investimentos, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), até a realização da COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém do Pará.
ITA e a missão de acelerar a descarbonização industrial
Este anúncio representa um passo decisivo na descarbonização industrial brasileira, posicionando o país como protagonista na corrida global por soluções sustentáveis.
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Os projetos escolhidos — das empresas Stegra, Green Energy Park e Grupo KWPar — têm foco na produção de ferro, aço e produtos químicos com base em hidrogênio verde, tecnologia considerada essencial para reduzir as emissões de carbono na indústria pesada.
O ITA (Industrial Transition Accelerator) surgiu como resposta à urgência climática global, com o objetivo de destravar investimentos bilionários em tecnologias limpas. Desde sua criação na COP28, a iniciativa tem se expandido rapidamente, reunindo governos, empresas e instituições financeiras em torno de projetos que promovem a descarbonização industrial.
No Brasil, o ITA já soma 15 iniciativas em diferentes setores, incluindo fertilizantes verdes, combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e agora o hidrogênio verde. A escolha do país para sediar o primeiro programa do ITA não foi por acaso: o Brasil possui abundância de recursos naturais, matriz energética limpa e capacidade industrial estratégica.
Projetos de hidrogênio verde selecionados no Brasil pelo ITA
Os três projetos de hidrogênio verde escolhidos pelo ITA têm como objetivo substituir combustíveis fósseis por hidrogênio sustentável na produção de materiais industriais.
Essa tecnologia, obtida por meio da eletrólise da água com energia renovável, é considerada uma das mais promissoras para reduzir drasticamente as emissões de CO₂ em setores como siderurgia e química.
- Stegra: desenvolve soluções para produção de ferro com hidrogênio verde.
- Green Energy Park: foca na criação de um hub de energia renovável e hidrogênio no Nordeste.
- Grupo KWPar: atua na transformação de processos químicos com base em hidrogênio sustentável.
Esses projetos foram escolhidos por sua viabilidade técnica, impacto ambiental positivo e capacidade de atrair investimentos internacionais. Além disso, estão alinhados com as metas climáticas do Brasil e com os compromissos assumidos na COP28.
Apoio do MDIC e investimentos previstos até a COP30
Com o apoio do MDIC, o Brasil busca mobilizar até US$ 23 bilhões em investimentos para viabilizar os projetos selecionados e outros que estão em fase de desenvolvimento. Esses recursos devem vir de fundos internacionais, bancos multilaterais e parcerias público-privadas.
O MDIC tem atuado como articulador entre o setor privado e os organismos internacionais, garantindo segurança jurídica, incentivos fiscais e infraestrutura adequada para a implementação dos projetos. A expectativa é que os primeiros contratos sejam assinados durante a COP30, consolidando o Brasil como polo de inovação em hidrogênio verde.
Hidrogênio verde como vetor da descarbonização industrial
O hidrogênio verde é apontado por especialistas como a chave para descarbonizar setores industriais de difícil eletrificação, como transporte pesado, aviação e produção de aço.
O Brasil, com sua matriz energética composta por mais de 80% de fontes renováveis, tem condições ideais para produzir hidrogênio verde em larga escala e a baixo custo. Além disso, o país possui infraestrutura portuária e logística capaz de atender à demanda internacional, especialmente da Europa e Ásia.
A seleção dos projetos pelo ITA reforça o papel estratégico do Brasil na transição energética global. O país reúne vantagens competitivas únicas:
- Matriz energética limpa e diversificada;
- Potencial de geração solar e eólica em larga escala;
- Capacidade industrial instalada e mão de obra qualificada;
- Compromissos climáticos ambiciosos e políticas públicas favoráveis.
Esses fatores tornam o Brasil um destino atrativo para investidores que buscam projetos sustentáveis e de longo prazo. Além disso, o país pode se beneficiar da crescente demanda internacional por produtos com baixa pegada de carbono.
Desafios e oportunidades para os projetos de hidrogênio verde
Apesar do potencial, a implementação dos projetos de hidrogênio verde enfrenta desafios como:
- Custo elevado da tecnologia;
- Falta de regulamentação específica;
- Necessidade de capacitação técnica;
- Integração com cadeias produtivas existentes.
Por outro lado, as oportunidades são vastas. A adoção do hidrogênio verde pode gerar milhares de empregos qualificados, estimular a inovação tecnológica e reposicionar o Brasil como líder em economia de baixo carbono.
COP30: vitrine global para os projetos do ITA no Brasil
A COP30, que será realizada em Belém do Pará, representa uma oportunidade única para o Brasil apresentar seus avanços em descarbonização industrial. Com os projetos do ITA em destaque, o país poderá atrair novos investidores, firmar acordos internacionais e fortalecer sua posição nas negociações climáticas.
Além dos projetos de hidrogênio verde, o evento deve reunir iniciativas em energias renováveis, agricultura sustentável, mobilidade elétrica e economia circular. O objetivo é mostrar que o Brasil está comprometido com a agenda climática e preparado para liderar soluções inovadoras.
Caminhos para consolidar a liderança brasileira em descarbonização industrial
A seleção dos projetos de hidrogênio verde pelo ITA marca um novo capítulo na trajetória do Brasil rumo à descarbonização industrial. Com apoio do MDIC e expectativa de US$ 23 bilhões em investimentos até a COP30, o país demonstra capacidade técnica, política e ambiental para liderar a transição energética global.
Ao investir em tecnologias limpas, fomentar parcerias estratégicas e promover políticas públicas eficazes, o Brasil não apenas reduz suas emissões, mas também fortalece sua economia e sua posição geopolítica. A COP30 será o palco para consolidar essa visão e mostrar ao mundo que é possível crescer de forma sustentável.