Marcas da China ampliam presença no Brasil e já representam 11% das vendas de carros elétricos e híbridos. Estratégia mira veículos premium antes de popularizar modelos mais acessíveis.
O setor automotivo brasileiro vive uma transformação acelerada. A presença das montadoras chinesas cresce de forma consistente, especialmente no segmento de carros elétricos e híbridos. Nos primeiros oito meses de 2023, essas marcas já alcançaram 11% das vendas de automóveis de passeio no país, e a expectativa é de que cheguem a 15% em breve, conforme noticiado nesta terça-feira.
Esse movimento reflete não apenas a força tecnológica da China, mas também uma mudança de comportamento do consumidor brasileiro, cada vez mais aberto a veículos sustentáveis e inovadores.
Estratégia chinesa prioriza lucro antes do volume
Especialistas apontam que a estratégia das marcas da China no Brasil segue um caminho diferente. Em vez de apostar primeiro em volume, elas focam em veículos premium, acima de R$ 300 mil, onde conseguem margens de lucro mais robustas do que em seu mercado doméstico.
-
Bateria do futuro: recarga de 800 km em 12 minutos e pode aposentar o tanque de gasolina
-
Supercarro da BYD: conheça o veículo elétrico com 3.000 cv que conquistou um recorde mundial ao atingir 496 km/h
-
São Paulo alcança a marca de quase mil ônibus elétricos na frota e reforça compromisso com a sustentabilidade. Motoristas relatam maior satisfação com o novo modelo
-
Investimento bilionário à vista: oficinas especializadas em carros elétricos podem movimentar o mercado econômico no Brasil. Saiba se vale a pena iniciar o seu negócio!
David Wong, da Alvarez & Marsal, avalia que a escolha pelo segmento de luxo garante estabilidade financeira às montadoras e abre espaço para um segundo movimento: a chegada de carros elétricos mais acessíveis, que podem atingir preços em torno de R$ 100 mil.
O avanço chinês surpreendeu as fabricantes tradicionais. Rogelio Golfarb, ex-presidente da Anfavea, ressalta que as novas tecnologias trazidas pela China, especialmente nos híbridos plug-in e nos carros 100% elétricos, desafiaram os concorrentes locais.
Para equilibrar a disputa, grupos históricos têm buscado alianças estratégicas. Um exemplo é a parceria entre a Stellantis e a chinesa Leapmotor, que promete acelerar a eletrificação no mercado brasileiro.
Brasil aposta na eletrificação como política ambiental
A entrada das montadoras chinesas acontece em paralelo ao esforço nacional para reduzir as emissões no transporte urbano. O Brasil, que antes apostava majoritariamente nos combustíveis renováveis, agora fortalece a eletrificação como pilar de sua política ambiental.
Esse cenário gera oportunidades para marcas que dominam toda a cadeia produtiva — da mineração ao desenvolvimento de baterias — como é o caso das empresas chinesas, que conseguem oferecer custos mais competitivos sem abrir mão da inovação.
Apesar do foco atual em modelos de luxo, analistas acreditam que os carros elétricos vindos da China em breve ganharão espaço também nas garagens da classe média brasileira. Isso porque o setor já se prepara para uma segunda etapa: a popularização dos veículos sustentáveis antes que se tornem apenas itens de desejo.
Com consumidores cada vez mais atentos à sustentabilidade e às vantagens tecnológicas, o mercado de carros elétricos no Brasil tende a se tornar um dos mais dinâmicos da região, impulsionado principalmente pela estratégia chinesa.