A Vale e a Wabtec planejam testes pioneiros com etanol em locomotivas para reduzir emissões e impulsionar a inovação ferroviária sustentável no transporte de cargas no Brasil
A Mineradora Vale anunciou nesta segunda-feira (13) uma parceria estratégica com a fabricante de locomotivas Wabtec Corporation para o desenvolvimento de um motor dual fuel, capaz de operar com diesel e etanol. Segundo matéria divulgada pela Agência Eixos, o objetivo é testar alternativas sustentáveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas operações ferroviárias, especialmente na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), uma das principais rotas logísticas da empresa.
Parceria estratégica entre Mineradora Vale e Wabtec
A iniciativa marca mais um passo no programa de descarbonização da Vale, alinhando-se às metas globais de sustentabilidade e à transição energética no setor de transporte de cargas.
A colaboração entre a Mineradora Vale e a Wabtec tem como foco o desenvolvimento de um motor flexível que possa operar com diesel e etanol, promovendo a inovação ferroviária e contribuindo para a redução das emissões de carbono.
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Entre os principais objetivos da parceria estão:
- Desenvolver um motor dual fuel para locomotivas.
- Reduzir as emissões de CO₂ nas operações ferroviárias.
- Avaliar a viabilidade técnica e econômica do uso de biocombustíveis.
- Promover soluções sustentáveis no transporte de cargas.
Os testes iniciais serão realizados nas instalações da Wabtec, com previsão de aplicação futura na frota da EFVM. A escolha dessa ferrovia se deve à sua importância estratégica e ao alto volume de transporte de minério de ferro.
Etanol como alternativa sustentável ao diesel
O etanol, por ser um combustível renovável, tem se destacado como uma alternativa viável ao diesel fóssil. Produzido a partir da cana-de-açúcar ou do milho, o etanol possui menor impacto ambiental e pode contribuir significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o uso de etanol pode reduzir em até 90% as emissões de CO₂ em comparação à gasolina. Essa característica torna o biocombustível uma peça-chave na transição energética do setor ferroviário.
A substituição parcial ou total do diesel por etanol pode transformar a matriz energética das locomotivas brasileiras. Além disso, o etanol é amplamente disponível no Brasil, o que facilita sua adoção em larga escala e fortalece a cadeia produtiva nacional.
Histórico de sustentabilidade da Mineradora Vale
A parceria com a Wabtec não é a primeira ação da Mineradora Vale voltada à sustentabilidade. Em março de 2025, a empresa anunciou a aquisição de 50 locomotivas equipadas com motores Evolution Series, preparados para operar com até 25% de biodiesel misturado ao diesel.
Essas ações fazem parte do plano estratégico da mineradora para atingir a meta de neutralidade de carbono até 2050. A empresa também investe em eletrificação de equipamentos, reflorestamento e uso de energia solar em suas operações.
A sustentabilidade é um dos pilares da estratégia de longo prazo da Vale. Com essas iniciativas, a empresa busca não apenas reduzir seu impacto ambiental, mas também liderar a transformação do setor de mineração e logística no Brasil.
Wabtec e a inovação ferroviária global
A Wabtec Corporation, parceira da Vale neste projeto, é uma das líderes globais em tecnologia ferroviária. Com sede nos Estados Unidos, a empresa desenvolve soluções avançadas para transporte ferroviário, incluindo sistemas de propulsão, controle e eficiência energética.
A expertise da Wabtec será essencial para o desenvolvimento do motor dual fuel, que precisa garantir desempenho equivalente ao diesel, segurança operacional e compatibilidade com a infraestrutura existente.
A empresa já atua em diversos projetos de descarbonização ferroviária ao redor do mundo, incluindo locomotivas elétricas e híbridas, o que reforça sua capacidade técnica para liderar essa transformação ao lado da Vale.
Impactos esperados na logística e no meio ambiente
A adoção de etanol nas locomotivas da EFVM pode gerar impactos positivos em diversas frentes:
- Ambiental: redução significativa das emissões de CO₂ e outros poluentes.
- Econômico: diminuição da dependência de combustíveis fósseis e estímulo à cadeia produtiva do etanol.
- Logístico: modernização da frota e aumento da eficiência energética.
De acordo com o Plano Nacional de Logística 2035, o transporte ferroviário representa cerca de 17,7% da matriz logística brasileira, sendo essencial para o escoamento de minérios, grãos e combustíveis.
Portanto, qualquer avanço tecnológico nesse setor tem grande potencial de impacto. Além disso, a iniciativa pode servir de modelo para outras empresas do setor, incentivando a adoção de práticas mais sustentáveis em toda a cadeia logística.
Desafios técnicos e próximos passos para Vale e Wabtec
Apesar do otimismo, o projeto enfrenta desafios técnicos e regulatórios. A validação do motor dual fuel exige testes rigorosos de segurança, durabilidade e eficiência. Além disso, será necessário adaptar a infraestrutura de abastecimento nas ferrovias para suportar o uso de etanol.
A previsão é que os estudos sejam concluídos até 2027, com possibilidade de implementação gradual nas locomotivas da EFVM. Caso os resultados sejam positivos, a tecnologia poderá ser expandida para outras rotas operadas pela Mineradora Vale.
Outro ponto importante será a capacitação das equipes técnicas para operar e manter os novos sistemas, garantindo a segurança e a eficiência das operações.
Sustentabilidade e inovação ferroviária como diferencial competitivo
A parceria entre a Mineradora Vale e a Wabtec representa um marco na inovação ferroviária brasileira, com potencial para transformar o setor logístico e contribuir para a descarbonização da economia. O uso de etanol em locomotivas é uma solução promissora, que alia tecnologia, sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
Com iniciativas como essa, o Brasil se posiciona como líder na adoção de combustíveis renováveis e reforça seu papel na luta contra as mudanças climáticas. A expectativa é que, nos próximos anos, mais empresas sigam o exemplo da Vale e adotem práticas sustentáveis em suas operações.
A inovação ferroviária, impulsionada por parcerias estratégicas e investimentos em tecnologia limpa, pode se tornar um diferencial competitivo para o setor logístico nacional. Ao apostar em soluções como o etanol, a Vale demonstra que é possível conciliar crescimento econômico com responsabilidade ambiental — um caminho cada vez mais necessário e valorizado no cenário global.