Crise na indústria automobilística: falta de chips causada por disputa entre Holanda e China ameaça produção e pode parar fábricas no Brasil.
A indústria automobilística global enfrenta, novamente, uma ameaça séria: a falta de chips deve paralisar fábricas já nos próximos dias.
O alerta veio após uma disputa entre Holanda e China pela Nexperia, gigante da tecnologia. Assim, montadoras correm para evitar atrasos, enquanto governos se mobilizam para impedir uma nova crise mundial no mercado automotivo.
A Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA) afirma que o cenário é urgente. “Faltam apenas alguns dias”, disse Sigrid de Vries, ao pedir ação imediata. Portanto, o setor teme efeitos rápidos, semelhantes aos sofridos durante a pandemia.
-
BYD planeja dobrar produção na Bahia: fábrica em Camaçari alcançará 600 mil veículos por ano e se tornará polo de exportação
-
A pedreira Taj Mahal, no Ceará, produz luxuoso quartzito, movimenta R$ 675 milhões, abastece os EUA e ainda deu sorte no tarifaço
-
Sete cafeterias do Brasil conquistam espaço na elite continental e entram na lista das 100 melhores da América do Sul em 2025
-
Burger King e Serasa se unem no Halloween: quem levar boletos ganha hambúrguer grátis — e quem tiver o app leva um extra; entenda a promoção inusitada
Conflito tecnológico reacende tensão global
Diferente da crise anterior, desta vez o motivo não está na produção, mas na geopolítica. Em setembro, o governo holandês assumiu o controle da Nexperia, alegando riscos à segurança nacional. Com isso, a China respondeu bloqueando exportações de semicondutores produzidos em seu território.
Assim, o bloqueio afetou imediatamente a cadeia da indústria automobilística, já que chips são essenciais para sensores, módulos eletrônicos e sistemas de controle. Além disso, a subsidiária chinesa da empresa declarou independência administrativa e passou a vender apenas para o mercado doméstico chinês.
Montadoras sentem o impacto e admitem risco de paralisação
Na Europa, o efeito já é visível. Volkswagen, Volvo e Stellantis relatam estoques críticos. Por isso, avaliam paralisações parciais nas próximas semanas. A Volkswagen, por exemplo, tem chips para apenas uma semana.
Enquanto isso, a Bosch admite que pode suspender temporariamente operações na Alemanha. E, além da Europa, fábricas da Honda nos Estados Unidos já registram interrupções. Segundo especialistas, se a situação continuar, até 20% da produção automotiva mundial pode ser afetada até o fim do ano.
Em resumo: o setor automotivo enfrenta um gargalo estratégico em plena disputa global por tecnologia.
Brasil atua para evitar falta de chips e proteger emprego
No Brasil, o governo se movimenta rapidamente. Em Brasília, Geraldo Alckmin se reuniu com Anfavea, Sindipeças e representantes dos trabalhadores para pressionar uma solução diplomática com Pequim.
Conforme afirmou Uallace Moreira, secretário do MDIC, o risco é real. “Se não houver uma solução rápida, a produção nacional pode parar em duas ou três semanas”, alertou. A Nexperia fornece cerca de 40% dos chips usados pelo setor automotivo brasileiro — número que, portanto, coloca a produção em situação sensível.
Além disso, Moreira destacou que Alckmin acionou embaixadores no Brasil e na China. “A proposta é excluir o País desta crise, de caráter geopolítico, que não tem absolutamente nada a ver com o Brasil”, afirmou.
A estratégia brasileira é usar os chips apenas internamente, garantindo rastreabilidade. Entretanto, o governo admite: não existe plano B.
Tecnologia e política ditam o futuro do setor automotivo
Assim, a crise mostra que a dependência global de semicondutores vai além da produção industrial. Agora, disputas políticas definem quem tem acesso à tecnologia — e quem para.
Por isso, enquanto diplomacias tentam conter danos, montadoras se preparam. O mundo observa, atento, o desenrolar de um conflito que pode redefinir o mercado automotivo internacional.



Seja o primeiro a reagir!