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Imagens de satélite da NASA revelam uma nova ilha formada — e especialistas dizem que a mudança climática é a culpada

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 13/09/2025 às 06:16
mudança climática
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O derretimento acelerado das geleiras no Alasca vem alterando de forma profunda a paisagem local e revelando transformações geográficas inéditas. Entre os efeitos observados, a NASA identificou o surgimento de uma nova ilha na região da Geleira Alsek, evidenciando o impacto direto da mudança climática sobre ambientes glaciais.

Imagens de satélite da NASA registraram o isolamento completo de Prow Knob, no sudeste do Alasca, configurando uma nova ilha no Alasca associada diretamente à mudança climática. A pequena montanha, antes cercada pelo gelo profundo da Geleira Alsek, aparece agora totalmente envolvida por água.

A formação de uma ilha costuma ser vinculada a movimentos tectônicos em escalas de séculos ou milênios. No caso de Prow Knob, o processo foi observado no intervalo de quatro décadas, em paralelo ao rápido aquecimento do planeta e à retração glacial documentada.

Uma imagem do satélite Landsat 8, de agosto, evidencia que a montanha perdeu qualquer contato com a Geleira Alsek. A NASA indicou que a transformação em ilha ocorreu entre 13 de julho e 6 de agosto, com base na comparação de registros orbitais sucessivos.

A agência atribuiu o fenômeno ao aquecimento global de origem antrópica. Em nota do Observatório da Terra da NASA, foi afirmado que o rápido aquecimento do planeta causado pelas mudanças climáticas induzidas pelo homem é o agente responsável pelo quadro observado.

Lindsey Doermann, escritora científica do Observatório da Terra da NASA, registrou a alteração do cenário regional: “Ao longo da planície costeira do sudeste do Alasca, a água está rapidamente substituindo o gelo.” A avaliação sintetiza a dinâmica hidrológica identificada.

Mudança climática e o caso Prow Knob

No início dos anos 1900, a Geleira Alsek se estendia cerca de cinco quilômetros a oeste da atual ilha. Registros de 1894 descreveram a geleira como cobrindo a totalidade do que hoje é o Lago Alsek, delineando um ambiente glaciado contínuo.

Relatórios de 1907 mencionaram a frente glacial “ancorada em um nunatak”, afloramento rochoso cercado por gelo em todos os lados. Prow Knob recebeu esse nome pela semelhança com a proa de um navio, então contido por uma parede de gelo de até 50 metros.

Fotografias aéreas da década de 1960 ainda classificavam Prow Knob como nunatak com gelo ao redor. A estabilidade relativa cedeu à medida que o clima aqueceu com o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, fragilizando a massa glacial.

Doermann sintetizou a tendência física: “As geleiras nesta área estão ficando mais finas e recuando, com lagos proglaciais de água derretida se formando em suas frentes.” O padrão foi confirmado por séries temporais de sensores orbitais.

Linha do tempo orbital e recuo acelerado

Em 1984, uma imagem do Landsat 5 mostrou a borda oeste da geleira convertida em margem lacustre. Nas décadas seguintes, a retração prosseguiu e expôs parcelas adicionais da montanha, modificando o contorno do lago.

Na década de 1990, o processo ganhou velocidade quando o braço norte da geleira se separou de uma pequena ilha no centro do lago. A frente tornou-se suscetível ao parto de icebergs, com quebra de blocos e instabilidade crescente.

O recuo dos afluentes glaciais ao norte e ao sul reduziu o aporte de gelo novo ao corpo principal. A perda de alimentação interna contribuiu para a aceleração do desbaste e do deslocamento da frente.

Entre 2018 e o período recente, o recuo intensificou-se e o entorno de Prow Knob passou a ser exclusivamente aquático. O isolamento completo definiu a condição de ilha, concluindo a transição captada pelas passagens do Landsat.

Efeitos lacustres e a nova configuração hidrológica

A alteração do limite glacial reconfigurou o Lago Alsek. Desde 1984, a área passou de 45 km² para 75 km². A ampliação compõe um quadro mais amplo na bacia, com os lagos Harlequin e Grand Plateau.

Considerados em conjunto, os três lagos glaciais mais que dobraram de tamanho em quarenta anos. A expansão foi associada à redistribuição de água de degelo nas depressões outrora ocupadas pelo gelo.

Em escala regional e global, os lagos glaciais apresentam crescimento expressivo. No ano passado, o glaciologista Mauri Pelto alertou a NASA que o Alasca se aproxima de um “novo distrito lacustre”, com implicações para riscos hidrológicos.

O tema da mudança climática surge também no componente de perigo. Lagos mantidos por barragens naturais de rocha e gelo podem liberar volumes súbitos caso a estrutura ceda, caracterizando inundações de rápida propagação.

Mudança climática e risco de inundações glaciais

À medida que geleiras derretem, a água migra para depressões e forma grandes lagos. Muitas barragens naturais foram depositadas ao longo de séculos e exibem fragilidade estrutural sob cargas adicionais.

Caso a barreira falhe, uma onda de água e detritos pode descer vale abaixo a 30 a 100 km/h, com potencial destrutivo significativo. O mecanismo enquadra eventos de inundação repentinos em cenários de relevo glaciar.

Estudo publicado no último ano estimou que 10 milhões de pessoas no mundo correm risco associado às inundações glaciais. A estimativa consolida a relevância do monitoramento remoto e do mapeamento de bacias proglaciais.

Nesse contexto, a mudança climática atua como fator de pressão, ao intensificar o derretimento e a transferência de massa para reservatórios lacustres. A leitura técnica privilegia dados orbitais e séries históricas.

Impactos no nível do mar e projeções setoriais

O derretimento de geleiras e mantos de gelo teria “impacto dramático” nos níveis globais do mar. Projeções indicam elevação de até 3 metros com o colapso da geleira Thwaites, na Antártida Ocidental.

A elevação do nível do mar ameaça centros urbanos como Xangai e Londres, áreas baixas da Flórida e Bangladesh, bem como nações insulares como as Maldivas. Grandes cidades como Nova York e Sydney constam do rol de risco.

Partes de Nova Orleans, Houston e Miami, no sul dos EUA, seriam particularmente afetadas. No Reino Unido, uma elevação de 2 metros ou mais colocaria áreas como Hull, Peterborough, Portsmouth e porções do leste de Londres e do estuário do Tâmisa sob risco.

Estudo de 2014 da união de cientistas preocupados analisou 52 indicadores do nível do mar em comunidades dos EUA. As projeções apontaram aumento acentuado de eventos de inundação por maré nas próximas décadas.

Até 2030, mais da metade das 52 comunidades avaliadas enfrentaria pelo menos 24 inundações de maré por ano em áreas expostas, considerando uma elevação moderada do nível do mar. Vinte localidades poderiam registrar o triplo ou mais.

A costa do Atlântico Médio foi destacada com os maiores incrementos. Annapolis (Maryland) e Washington, D.C. podem superar 150 inundações de maré anuais, com localidades de Nova Jersey próximas de 80 eventos por ano.

No Reino Unido, um aumento de dois metros até 2040 deixaria grandes porções de Kent quase completamente submersas, segundo artigo no Proceedings of the National Academy of Science de novembro de 2016. Outras áreas costeiras e interiores também foram apontadas.

Portsmouth, Cambridge e Peterborough apresentariam impactos relevantes. Cidades e vilas ao redor do estuário do Humber, como Hull, Scunthorpe e Grimsby, estariam sujeitas a inundações intensas sob os cenários considerados.

Monitoramento orbital e ênfase em evidências

O caso de Prow Knob ilustra como a mudança climática pode ser documentada por séries de satélite, combinando registros do Landsat 5 e do Landsat 8 em janelas comparáveis. A técnica viabiliza comparações objetivas de margens glaciais.

A cronologia entre 13 de julho e 6 de agosto delimita a janela provável de isolamento da montanha. A interpretação foi ancorada em imagens de alta resolução e em relatos técnicos de observação histórica.

A passagem de um nunatak cercado por gelo a uma nova ilha no Alasca demarca a transição geomorfológica. A leitura dos dados foi acompanhada por testemunhos técnicos e por registros descritivos desde 1894.

A expansão do Lago Alsek de 45 km² para 75 km² reforça a tendência de reorganização hidrológica. O conjunto com Harlequin e Grand Plateau confirma o crescimento dos volumes livres registrados em quatro décadas.

A consolidação dessas evidências, em associação à mudança climática, compõe um quadro de referência para avaliação de risco, planejamento costeiro e vigilância de bacias glaciais sob aquecimento. O caso permanece aberto a acompanhamento contínuo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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