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Ilha de 88 milhões de anos: Madagascar, o pedaço perdido da África onde árvores crescem de cabeça para baixo, florestas cortam a pele e criaturas únicas dominam o planeta

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 04/10/2025 às 07:53
Baobás gigantes em Madagascar ao pôr do sol, com troncos que armazenam até 32 mil litros de água, símbolo da biodiversidade e das florestas sagradas da ilha africana.
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Isolada há quase 90 milhões de anos no Oceano Índico, a ilha de Madagascar abriga mais de 100 espécies de lêmures, florestas de pedra afiadas e vulcões que escrevem a história da Terra em fogo e silêncio.

88 milhões de anos, uma porção do continente africano se desprendeu do que hoje conhecemos como Moçambique. À deriva no Oceano Índico, essa imensa massa de terra começou uma jornada geológica e biológica singular. Nascia Madagascar, uma ilha esquecida pelo tempo, onde a natureza, isolada do resto do mundo, esculpiu formas e criaturas que parecem vindas de outro planeta.

As florestas de pedra que cortam como lâminas

No oeste da ilha, um dos cenários mais surreais da Terra desafia até a imaginação dos cientistas. O Tsingy de Bemaraha, patrimônio mundial da UNESCO, é um labirinto de rochas calcárias que se erguem até 70 metros de altura, afiadas o suficiente para cortar a pele com um simples toque.

De cima, parece que o planeta se abriu, revelando dentes de pedra. Cruzar esse território exige coragem e equilíbrio: pontes de corda conectam torres esculpidas pela erosão, permitindo que viajantes atravessem o que antes era considerado um domínio dos espíritos.

O Parque Nacional Isalo é uma das mais importantes áreas naturais de Madagáscar e um dos parques nacionais mais visitados do país
Foto: Joao Biosca em centraldereceptivos

As árvores que bebem o céu

A oeste da ilha, no famoso Avenida dos Baobás, o cenário é igualmente místico. Esses gigantes vegetais, que podem viver mais de mil anos, guardam em seus troncos até 32 mil litros de água, o suficiente para encher uma piscina.

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Os baobás parecem crescer de cabeça para baixo: suas copas lembram raízes apontando para o céu, como se buscassem o mundo dos deuses. São testemunhas silenciosas de uma floresta que desapareceu há séculos, quando o ser humano transformou o verde em campos de cultivo. Restaram apenas eles — sobreviventes e símbolos sagrados para o povo malgaxe.

Arvore de madagascar que parece ser de cabeça para baixo

Lêmures: reis de um império isolado

Nenhum outro lugar do mundo abriga tantas espécies endêmicas quanto Madagascar. São mais de 100 tipos de lêmures, descendentes de ancestrais que chegaram à ilha muito antes dos humanos.

Do lêmure-de-cauda-anelada, com seus gestos quase humanos, ao misterioso aye-aye, de olhos esbugalhados e dedos finos que batem nos troncos para caçar insetos, cada espécie é um capítulo de uma evolução separada. Algumas dessas criaturas, segundo fósseis recentes, chegavam ao tamanho de gorilas antes de desaparecerem, substituídas por formas menores e mais adaptadas ao novo mundo.

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Parques que guardam os segredos da Terra

No sul, o Parque Nacional de Isalo abriga formações de arenito esculpidas pelo vento em formas tão perfeitas que parecem ruínas de uma civilização perdida. Ali, o Fenêtre de l’Isalo, uma janela natural aberta na rocha, enquadra um pôr do sol que corta o horizonte dourado — uma moldura viva para o passado geológico da ilha.

Já no Andringitra National Park, montanhas de granito se erguem como muralhas ancestrais, testando a resistência de alpinistas que buscam alcançar seus picos. O ar fino, os vales verdes e os sons primordiais criam a sensação de estar em um planeta ainda em formação.

Vulcões e caviar: a ilha que cria o impossível

Apesar de Madagascar figurar entre os dez países mais pobres do mundo, sua capital, Antananarivo, abriga um contraste impressionante: nas águas frias do Lago Mantasoa, esturjões importados da Rússia produzem o primeiro caviar africano, o Rova Caviar, exportado para a Europa como símbolo da resiliência malgaxe.

Mais ao norte, no arquipélago das Comores, o vulcão Karthala lembra que esta região continua viva e pulsante. Com uma caldeira de 3 por 4 quilômetros, ele é um dos maiores vulcões ativos do planeta, responsável por moldar novas terras, um lembrete de que o fogo da Terra ainda escreve sua história.

O país onde o tempo não passa

Em vilas isoladas como Andrahivo, a vida segue ritmos ancestrais: plantar, colher e esperar. Estradas de terra serpenteiam entre colinas douradas, conectando vilarejos que parecem suspensos no tempo. Mesmo nas regiões áridas, campos de arroz formam terraços esculpidos com precisão milenar, refletindo o céu em tons prateados durante a estação das chuvas.

Entre o passado e o futuro, Madagascar segue como um laboratório vivo da evolução, uma ilha de 88 milhões de anos que continua a desafiar a ciência e inspirar a imaginação.

Um pedaço esquecido da África que, isolado do mundo, criou um dos ecossistemas mais surreais e belos já vistos no planeta.

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Jefferson Augusto

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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