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Ibama trava megaprojeto de R$ 196,4 bilhões da Petrobras no pré-sal e pode colocar em risco o futuro das plataformas no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 16/07/2025 às 13:45
Ibama suspende megaprojeto de R$ 196,4 bilhões da Petrobras no pré-sal e exige ações climáticas, impactando licenciamento de plataformas.
Ibama suspende megaprojeto de R$ 196,4 bilhões da Petrobras no pré-sal e exige ações climáticas, impactando licenciamento de plataformas.
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Ibama interrompe análise de megaprojeto da Petrobras no pré-sal por exigência inédita sobre mudanças climáticas, impactando um dos maiores investimentos previstos para o setor de petróleo brasileiro.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) interrompeu a análise do pedido de licença prévia da Petrobras para a 4ª etapa de exploração do pré-sal na Bacia de Santos.

O projeto, avaliado em R$ 196,4 bilhões, previa a instalação de dez novas plataformas de petróleo, com início das operações programado para a próxima década, segundo dados oficiais.

A decisão, divulgada em julho de 2025, coloca em xeque o futuro das operações de grande porte no litoral sudeste do Brasil, uma das áreas mais estratégicas do setor energético nacional.

Suspensão do licenciamento ambiental

O motivo central da paralisação, conforme explicou o órgão ambiental, é a ausência de um programa específico com ações voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas.

O Ibama passou a exigir da Petrobras a apresentação de metas detalhadas em cinco frentes: transparência, monitoramento, mitigação, compensação e adaptação.

De acordo com o Instituto, a estatal apresentou apenas informações sobre iniciativas já existentes, sem detalhar novas ações ou estratégias alinhadas ao que foi pedido na fase atual do licenciamento ambiental.

Divergências e contexto do processo

A solicitação da licença prévia, protocolada em julho de 2021, passou por quatro anos de análises técnicas e trocas de informações entre os órgãos reguladores e a estatal.

Durante esse período, as divergências entre as exigências do Ibama e as respostas apresentadas pela Petrobras se acentuaram.

Em junho de 2025, o órgão ambiental formalizou a suspensão do processo de análise, alegando que o programa de mudanças climáticas não apenas era necessário, como obrigatório diante dos compromissos nacionais assumidos pelo Brasil nos acordos climáticos internacionais.

Impactos ambientais e projeções

Os impactos ambientais da exploração do pré-sal são expressivos.

De acordo com o próprio Ibama, a operação das dez plataformas pode gerar emissões superiores a 7,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano no período de 2032 a 2042.

O volume reforça a preocupação do órgão sobre a necessidade de medidas de mitigação e adaptação ao aquecimento global em projetos de grande escala, especialmente considerando o protagonismo do Brasil na produção mundial de petróleo offshore.

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Reação da Petrobras e investimentos

A Petrobras, em resposta oficial encaminhada ao Ibama em maio de 2025, destacou que a solicitação de um programa específico para mudanças climáticas é inédita no histórico de licenciamento ambiental federal.

A empresa afirma que o termo de referência, documento que norteia a fase inicial do licenciamento, não previa a apresentação desse tipo de programa detalhado.

Ainda assim, a petroleira informou que mantém diálogo aberto com o órgão e está avaliando quais adaptações podem ser feitas para viabilizar a retomada do processo.

O projeto suspenso previa a instalação de plataformas localizadas a uma distância mínima de 178 quilômetros da costa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com previsão de início das operações nos próximos anos.

O investimento estimado de R$ 196,4 bilhões está entre os maiores já anunciados para o setor de petróleo no Brasil, segundo dados compilados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Reflexos para o setor de óleo e gás

O episódio traz reflexos diretos para a indústria de óleo e gás nacional, que enfrenta desafios crescentes em relação às demandas ambientais e climáticas.

Em anos recentes, a pressão de investidores globais, órgãos multilaterais e movimentos da sociedade civil por práticas sustentáveis e redução de emissões se intensificou.

O licenciamento ambiental para grandes projetos, como o do pré-sal na Bacia de Santos, passou a exigir maior detalhamento de ações de responsabilidade socioambiental.

Segundo especialistas do setor energético, o imbróglio pode resultar em atrasos significativos na expansão da produção brasileira de petróleo, afetando tanto a arrecadação de royalties para estados e municípios quanto o potencial de geração de empregos diretos e indiretos.

Para o Ibama, entretanto, o rigor na avaliação de impactos ambientais é fundamental para garantir o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo país.

Mudanças nas exigências ambientais

O debate sobre a necessidade de um programa específico para mudanças climáticas em licenças ambientais no setor de petróleo ainda é recente no Brasil.

A discussão ocorre em meio ao avanço de regulamentações internacionais e à crescente cobrança por transparência e responsabilidade ambiental de grandes empresas do setor de energia.

O caso da Petrobras pode servir como referência para futuros projetos de exploração offshore, especialmente diante do cenário global de transição energética.

Até julho de 2025, não havia registro de projetos desse porte que tivessem sido barrados pela ausência de um programa climático detalhado.

O episódio envolvendo a Petrobras pode, portanto, marcar uma mudança de paradigma na concessão de licenças ambientais para grandes empreendimentos no país, colocando em evidência o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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