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Horário de verão pode voltar neste ano para livrar Brasil de apagão

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/07/2025 às 14:46
Risco de apagão faz governo estudar volta do horário de verão para aliviar picos de consumo no Brasil. Entenda os desafios do sistema elétrico.
Risco de apagão faz governo estudar volta do horário de verão para aliviar picos de consumo no Brasil. Entenda os desafios do sistema elétrico.
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Estudo aponta possível volta do horário de verão para evitar riscos de falta de energia, diante de desafios na matriz elétrica e no atendimento à demanda em horários de pico.

O retorno do horário de verão no Brasil voltou a ser debatido como alternativa para evitar riscos de apagão nos próximos anos, diante dos desafios enfrentados pelo sistema elétrico nacional.

Segundo o Plano da Operação Energética 2025 (PEN 2025), divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em julho de 2025, o país deve enfrentar dificuldades crescentes para suprir a demanda de potência nos horários de pico, principalmente ao anoitecer, entre 2025 e 2029.

A análise do ONS indica que, se não houver a realização de leilões de potência elétrica nos próximos anos, o Sistema Interligado Nacional (SIN) poderá registrar situações críticas, sobretudo nos períodos de maior consumo, como o final do dia.

Uma das soluções avaliadas pelo órgão é justamente a possível retomada do horário de verão, mecanismo que havia sido suspenso em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o documento do ONS, a geração de energia no Brasil vem crescendo, impulsionada principalmente por fontes renováveis, como a energia eólica, a solar e a mini e microgeração distribuída solar (MMGD).

No entanto, estas fontes, apesar do avanço, apresentam produção reduzida ou até nula durante a noite, justamente quando o consumo atinge seu pico.

Isso obriga o sistema a acionar usinas térmicas flexíveis para garantir o fornecimento, o que pode aumentar custos e emissões de gases do efeito estufa.

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Cenário energético e riscos de apagão

Para os próximos quatro anos, a previsão é de acréscimo de 36 gigawatts (GW) na capacidade instalada do Brasil, totalizando 268 GW em 2029.

O protagonismo das fontes renováveis é confirmado pela projeção de que a mini e microgeração distribuída solar, em conjunto com a geração solar centralizada, representará 32,9% de toda a matriz elétrica nacional até 2029.

Assim, a energia solar passará a ocupar a segunda posição em capacidade instalada dentro do Sistema Interligado Nacional.

Mesmo diante da ampliação da geração, o ONS alerta para a necessidade de adaptar a operação do sistema elétrico, que exige maior flexibilidade, sobretudo das hidrelétricas – fontes capazes de ajustar rapidamente sua produção.

O operador destaca que a dependência das fontes intermitentes, como solar e eólica, intensifica o desafio de garantir o fornecimento de energia nos momentos de maior demanda.

Leilões de potência e impasses regulatórios

O plano apresentado pelo ONS detalha que, a partir de outubro deste ano, poderá haver necessidade de acionar as usinas térmicas em volumes ainda mais elevados do que os já previstos, especialmente para garantir o fornecimento de potência no horário de pico.

O documento ressalta que, em praticamente todos os cenários analisados para o segundo semestre de 2025, será preciso utilizar a chamada “reserva de potência”, mecanismo que permite ativar usinas de forma rápida para atender a picos inesperados de demanda.

O relatório, porém, não recomenda ampliar a contratação de geração térmica com pouca flexibilidade ou que demande muito tempo para iniciar operação.

Conforme o ONS, o cenário atual exige que o sistema disponha de recursos com rápida capacidade de resposta, adaptando-se a variações bruscas na demanda e nas oscilações das fontes renováveis ao longo do dia.

Os desafios para viabilizar esse modelo mais flexível esbarram em impasses regulatórios.

Estava previsto para agosto de 2024 o chamado Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, que contrataria energia elétrica de novos e antigos empreendimentos, incluindo hidrelétricas, termelétricas a gás natural e a biocombustíveis.

No entanto, disputas judiciais adiaram o certame, e em abril de 2025 o Ministério de Minas e Energia revogou as regras do leilão, cancelando a disputa prevista para junho.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), caso seja publicada nova portaria, o leilão poderá ser retomado em data futura, reaproveitando as etapas e documentos já elaborados.

Insuficiência de oferta e novas demandas do setor elétrico

Além do impasse nos leilões, o PEN 2025 chama atenção para o risco crescente de insuficiência da oferta de potência, tecnicamente chamado de LOLP (Loss of Load Probability).

O documento prevê que o nível de segurança do sistema poderá ser violado em diversos períodos entre 2026 e 2029, indicando vulnerabilidade contínua para atender à demanda, especialmente entre os meses de agosto a dezembro de cada ano.

Os estudos do PEN 2024 já haviam apontado esse risco, agora reforçado pelo aprofundamento das violações no novo ciclo avaliado.

O relatório destaca ainda que a presença crescente de cargas especiais, como plantas de datacenters e projetos de hidrogênio verde, acentua o desafio, já que essas operações demandam grande quantidade de energia com baixa flexibilidade para reduzir consumo em horários críticos.

A recomendação do ONS é de atenção especial à viabilidade de atendimento dessas cargas no período noturno de ponta, justamente quando a oferta encontra mais obstáculos para acompanhar a demanda.

Perspectivas e alternativas para o horário de verão

No contexto atual, o debate sobre o retorno do horário de verão ganha força porque, tradicionalmente, a medida desloca parte do consumo de energia dos horários mais críticos para períodos em que há maior oferta, reduzindo a pressão sobre o sistema no início da noite.

A decisão sobre a adoção ou não do horário de verão dependerá das projeções de atendimento dos próximos meses, segundo informou o ONS.

Essa possível retomada busca evitar situações de emergência energética, mas ainda depende de análises técnicas e da evolução das condições do sistema.

Diante do cenário de instabilidade e da necessidade de soluções rápidas, especialistas do setor elétrico e entidades do segmento debatem caminhos para ampliar a segurança no abastecimento, seja por meio da diversificação das fontes, avanços em armazenamento de energia ou incentivos à eficiência no consumo.

No entanto, a urgência se impõe, já que, sem ajustes e planejamento, o risco de falta de energia se mantém elevado, especialmente em anos de demanda crescente e oferta intermitente.

Com a possibilidade de retomada do horário de verão e os desafios do setor elétrico brasileiro, como a sociedade pode se preparar para evitar transtornos e participar ativamente das discussões sobre o futuro da energia no país?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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