No interior do Kentucky, um “boom” do petróleo em quintais transforma fazendeiros em milionários da noite para o dia: poços que produzem 40 a 80 barris/dia, investimento inicial de ~US$30 mil e um rig de US$1,2 milhão tornam possível uma renda anual próxima a US$4 milhões, mas o risco financeiro também é real.
No recanto rural de South Central Kentucky, Texas, EUA, a cena parece saída de um filme: caminhões, plataformas de perfuração e vizinhos que agora discutem não só sobre milho e gado, mas sobre royalties e linhas de fluxo de óleo.
Para homens como Travis Kumer e o veterano J.R. Yuan, a vida mudou depois que o petróleo apareceu, literalmente, no quintal. O documentário foi produzido pelo canal Discovery Turbo no youtube.
“Você pode virar milionário da noite para o dia se conseguir o arrendamento certo e perfurar no lugar certo”, diz Kumer, cuja propriedade de 150 acres, a 7 milhas de Columbia (KY), passou a abrigar poços que já produzem dezenas de barris por dia.
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Em declarações aos repórteres presentes, ele detalha que um poço no “front yard” produz cerca de 80 barris por dia; outro, no quintal, 40 barris/dia, juntos, 120 bpd.
Com o preço do petróleo rondando os US$100 por barril no período da reportagem, essa produção representa algo em torno de US$12.000 por dia, ou quase US$4,4 milhões por ano antes de custos, impostos e partilhas com detentores de arrendamento.
É por isso que manchetes locais já falam em rendimentos anuais na casa dos US$4.000.000 para proprietários sortudos.
Como o “backyard boom” funciona na prática
A corrida ao ouro negro caseiro tem ilustrações concretas: Kumer conta que gastou cerca de US$30 mil para perfurar o poço no quintal, um investimento que, com a produção atingida, se paga muito rapidamente.
Já o equipamento não é barato: um rig moderno capaz de perfurar até 4.000 pés custa mais de US$1,2 milhão.
O trabalho é, segundo os próprios envolvidos, laborioso e cheio de improvisos.
Há histórias pitorescas, como a de um ajudante que deixou o equipamento parar por ter esquecido o combustível, mas também advertências duras:
“já vi gente falir, hipotecar casa, armas, tudo”, admite um dos perfuradores locais. O retorno pode ser imenso, mas a aleatoriedade geológica e os custos de perfuração e operação tornam o negócio arriscado.
Regulamentação e vizinhança: limites e disputas
O frenesi local também acendeu um semáforo regulatório. Autoridades do estado orientam que novas perfurações observem recuos mínimos, cerca de 400 pés entre poços, e regras de arrendamento.
A dinâmica gera ainda pressão por arrendamentos e tentativas de ampliar propriedades produtivas: “todo mundo quer um pedaço daquele bem”, resume um morador.
Há também questões ambientais e de convivência rural: descarte, ruído, caminhões e infraestrutura cambaleante são desafios que acompanham a bonança do substrato. E, claro, os volumes de produção podem oscilar: poços declinam com o tempo ou exigem investimentos adicionais para manutenção e compressão.
Doce, mas volátil: quando a sorte vira armadilha
A narrativa de sucesso, e os números impressionantes, não apagam os casos contrários. Perfurações sem resultado, perfis geológicos enganosos ou custos que disparam podem levar famílias ao endividamento. “Você tem que ser esperto; é preciso sorte e bom parceiro de perfuração”, alertam veteranos da região.
Para Kumer e Yuan, a experiência representa também um modo de vida: “Enquanto eu puder levantar e dirigir o caminhão, vou perfurar”, diz um deles, entre piadas e orgulho. O dinheiro mudou perspectivas, dos presentes para a esposa à promessa de aproveitar o legado com netos, mas a prudência permanece.
O que isso diz sobre o mercado energético local
O fenômeno em South Central Kentucky ilustra dois pontos importantes: primeiro, que ainda existem reservas acessíveis em bacias interiores dos EUA que, com a tecnologia moderna, podem se tornar economicamente atraentes; segundo, que a exploração independente, com perfuradores locais e contratos de arrendamento, gera impactos sociais e econômicos rápidos em comunidades rurais.
Enquanto uns celebram a “mina de ouro” no quintal, outros lembram que petróleo é commodity volátil, sujeita a preços globais, custos operacionais e exigências regulatórias.
No balanço final, os números falam por si: com 120 barris/dia e US$100 por barril, a conta chega perto do título que circula nas redes, US$ 4.000.000 por ano, mas com a ressalva de que isso representa uma estimativa bruta e temporária, não uma renda garantida para toda a vida.