A ousada história da Ilha das Rosas, erguida por Giorgio Rosa em 1968, misturou idealismo, rebeldia e engenharia criativa. O projeto levou dez anos e terminou em explosões ordenadas pelo governo da Itália, marcando um dos episódios mais curiosos da história moderna
Em 1968, o engenheiro italiano Giorgio Rosa decidiu colocar em prática um sonho que parecia impossível: criar uma ilha em águas internacionais e transformá-la em uma nação livre de burocracias.
Seu plano era simples, mas ousado. Ele queria construir uma plataforma no Mar Adriático, além do limite do território italiano, e declarar sua independência.
O projeto começou dez anos antes, em 1958, financiado com recursos próprios. Mesmo enfrentando resistência das autoridades marítimas da Itália, Giorgio persistiu.
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Ele acreditava que poderia provar que um homem comum era capaz de fundar um país a partir do zero.
A estrutura foi erguida com concreto e aço, sobre pilares firmemente cravados no fundo do mar. Quando finalmente terminou a obra, Giorgio proclamou o local como uma nova nação: a República da Ilha das Rosas.
Um símbolo de liberdade em plena contracultura
A iniciativa surgiu em um momento turbulento da história. O mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, enquanto os anos 1960 traziam ventos de mudança.
A juventude protestava, as mulheres lutavam por direitos e a contracultura se espalhava.
Nesse contexto, a pequena ilha se tornou um símbolo de liberdade. Jovens começaram a visitá-la com frequência, atraídos pela ideia de viver sem regras.
O local virou uma espécie de refúgio alternativo, com bar, restaurante, loja de souvenires e até um pequeno correio.
Cartas e pedidos de cidadania chegavam de várias partes do mundo. Para muitos, Giorgio era um visionário que havia criado um paraíso livre. Para o governo italiano, porém, ele era uma ameaça.
Tempestades, resistência e o início do fim da ilha
Na primeira noite em que dormiu na ilha, Giorgio enfrentou uma violenta tempestade. O vento quase o lançou ao mar.
Qualquer outra pessoa teria desistido, mas ele não. Acreditava tanto em seu projeto que perfurou o fundo do mar com uma sonda para captar água doce — e conseguiu.
A coragem impressionava, mas também irritava as autoridades. A movimentação crescente de visitantes e o discurso de independência começaram a incomodar o governo da Itália, que passou a vigiar a plataforma.
Apesar disso, Giorgio seguia firme. O projeto original previa cinco andares, mas apenas metade do primeiro foi concluída. Ainda assim, a ilha resistiu por 55 dias após sua inauguração.
A explosão que encerrou um sonho
Em 1969, o governo italiano decidiu acabar com o experimento. A Marinha tomou o controle da estrutura e iniciou a destruição.
Ao contrário do que mostra o filme inspirado na história, a Ilha das Rosas não foi explodida de uma vez só.
Foram necessárias duas rodadas de explosivos, aplicadas em dias diferentes, para causar danos significativos à estrutura.
Mesmo assim, a plataforma resistiu parcialmente — um testemunho da habilidade do engenheiro. O colapso final veio com outra tempestade, que afundou o que restava da construção.
Durante meses, partes da ilha ainda podiam ser vistas na superfície do Adriático.
O golpe final foi cruel: além de perder a ilha, Giorgio Rosa teve que pagar as despesas da operação militar que a destruiu.
Ele quitou a dívida aos poucos, com o salário de professor, profissão que passou a exercer depois do episódio.
Ilha das Rosas: da destruição ao renascimento nas telas
Décadas depois, a história de Rosa inspirou o filme “A Incrível História da Ilha das Rosas”, lançado pela Netflix.
O diretor Sydney Sibilia reconstruiu a plataforma em tamanho real — cerca de 400 metros quadrados — em uma gigantesca piscina de mar represado na ilha de Malta.
As filmagens enfrentaram dificuldades parecidas com as do próprio engenheiro, reforçando o quanto seu projeto havia sido ambicioso.
Mesmo com o fim trágico, a Ilha das Rosas continuou a despertar curiosidade. Quarenta anos depois, mergulhadores encontraram restos da plataforma no fundo do mar e levaram fragmentos à superfície.
Um deles, um simples tijolo, foi entregue a Giorgio com uma dedicatória simbólica: “Um pedacinho de um sonho para um grande sonhador.”
Giorgio Rosa morreu em 2017, aos 92 anos. Morreu sem sua ilha, mas com o reconhecimento de ter transformado um sonho improvável em um dos episódios mais extraordinários da engenharia e da liberdade humana.
Com informações de Portal Litoral Sul.