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Histórico: Mineradora australiana anuncia descoberta de enorme depósito de terras raras e nióbio no Brasil

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/09/2025 às 14:10
Mineradora australiana St George anuncia descoberta de terras raras e nióbio com teores recordes em Araxá (MG), impulsionando o Brasil no mercado global.
Mineradora australiana St George anuncia descoberta de terras raras e nióbio com teores recordes em Araxá (MG), impulsionando o Brasil no mercado global.
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Descoberta com teores recordes reforça o potencial brasileiro e pode colocar Araxá entre os maiores polos globais de terras raras e nióbio

A mineradora australiana St George Mining anunciou a descoberta de um novo e expressivo depósito de terras raras e nióbio em Araxá, Minas Gerais.

A revelação foi feita após os primeiros resultados de sondagens por perfuração de circulação reversa (RC) na área denominada Projeto Araxá, localizada a cerca de um quilômetro a leste do atual recurso mineral estimado (MRE) do projeto.

Os dados indicam teores muito acima da média mundial, o que provocou forte reação do mercado e fez as ações da empresa dispararem mais de 20% após o comunicado.

Estamos muito satisfeitos com os resultados das perfurações mais profundas realizadas em Araxá Leste, que confirmaram a continuidade e a extensão em profundidade desta descoberta de terras raras e nióbio de alto teor próxima à superfície“, disse o presidente da St George Mining, John Prineas.

Descoberta em East Araxá surpreende pela alta concentração

Segundo a St George, as perfurações iniciais revelaram camadas espessas e ricas em minerais logo abaixo da superfície.

Os resultados apontaram teores de até 16,87% de óxidos totais de terras raras (TREO) — o equivalente a 168.700 partes por milhão — e até 4,06% de pentóxido de nióbio (Nb₂O₅), cerca de 40.600 ppm.

Esses números colocam a descoberta entre as mais concentradas do Ocidente.

Três furos de sondagem foram destacados pelo relatório técnico: um deles interceptou 48 metros com teor médio de 5,71% TREO a partir de apenas 2 metros de profundidade, incluindo um trecho com 15 metros a 12,61% TREO.

Outro registrou 32 metros com 1,04% Nb₂O₅ a partir de 11 metros, enquanto um terceiro furo encontrou 40 metros com 2,62% TREO e 1,05% Nb₂O₅ desde a superfície.

Esses resultados reforçam o potencial de expansão do projeto e indicam que a mineralização é contínua e de grande volume.

Elementos críticos para tecnologia e defesa

Além dos altos teores, a composição dos minerais encontrados aumenta ainda mais a relevância da descoberta.

Os resultados apontaram níveis elevados de elementos magnéticos e terras raras pesadas, especialmente neodímio e praseodímio (NdPr), que atingiram até 3,96% — cerca de 39.600 ppm.

O NdPr é um componente essencial para a produção de ímãs permanentes de alta potência usados em turbinas eólicas, carros elétricos e equipamentos industriais.

Outro destaque é o samário, que atingiu até 2.600 ppm nas amostras.

Esse elemento é usado na fabricação de ímãs de samário-cobalto, indispensáveis em aplicações militares de alta performance, como os caças F-35, mísseis guiados e sistemas de radar.

Também foram detectados teores relevantes de disprósio, térbio, lutécio e gadolínio, que somam cerca de 1.500 ppm do TREO total — todos considerados críticos para tecnologias avançadas e geralmente obtidos em pequenas quantidades no mercado mundial.

Segundo a St George, a presença desses elementos em níveis tão elevados torna East Araxá uma fonte estratégica rara no mundo, capaz de atender setores de tecnologia de ponta e defesa nacional em diversos países.

Araxá ganha destaque no cenário global de terras raras

A nova descoberta se soma ao depósito já conhecido no projeto Araxá, que possui um recurso estimado de 40,6 milhões de toneladas com teor médio de 4,13% TREO e 41,2 milhões de toneladas com 0,68% Nb₂O₅.

Isso faz de Araxá o maior depósito de terras raras hospedado em carbonatito da América do Sul e o segundo de maior teor do mundo ocidental, atrás apenas da mina Mountain Pass, nos Estados Unidos, e de Mt Weld, na Austrália.

Ambos esses projetos internacionais são referências globais e, assim como Araxá, estão hospedados em carbonatitos, um tipo de formação geológica raro e altamente favorável à concentração de terras raras.

A presença dessa mesma geologia coloca o projeto brasileiro em um patamar semelhante aos principais produtores mundiais, mas com a vantagem de estar em uma região com infraestrutura consolidada e tradição na mineração, graças à atuação da CBMM, que responde por cerca de 80% da produção global de nióbio.

Apoio do governo brasileiro e de Minas Gerais

Outro ponto que fortalece o potencial de Araxá é o apoio institucional que a St George recebeu.

A empresa foi selecionada pelo governo federal para participar do programa MAGBRAS, que busca criar uma cadeia de suprimento nacional de produtos de terras raras, incluindo a produção de ímãs permanentes inteiramente no Brasil.

Além disso, a companhia firmou um acordo de cooperação com o governo de Minas Gerais, que se comprometeu a agilizar processos de licenciamento e apoiar o avanço dos estudos e da futura implantação do projeto.

A St George também montou uma equipe local experiente e estabeleceu relações com autoridades e empresas brasileiras para garantir o andamento rápido das próximas etapas, algo que pode se tornar um diferencial competitivo relevante no mercado internacional.

Próximos passos e planos da empresa

De acordo com o comunicado, a empresa continua as perfurações em Projeto Araxá e pretende divulgar um novo recurso inferido ainda em 2025, incorporando a nova área ao MRE existente.

Três sondas diamantadas estão operando 24 horas por dia para ampliar a área conhecida do depósito.

A mineradora também firmou uma aliança estratégica com a norte-americana REAlloys, especializada em materiais para ímãs e com contratos no setor de defesa dos EUA.

A parceria inclui testes com o concentrado de terras raras de Araxá e pode resultar em um contrato de fornecimento de longo prazo para os Estados Unidos.

Uma descoberta com peso estratégico global

A descoberta em Araxá pode reposicionar o Brasil como um ator-chave no mercado global de terras raras e nióbio, reduzindo a dependência ocidental da China no fornecimento desses minerais estratégicos.

Se os próximos resultados confirmarem o potencial estimado, o projeto poderá transformar Araxá em um dos maiores polos mundiais para esses elementos críticos da indústria e da tecnologia.

Comunicado completo em PDF.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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