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Muito antes do WhatsApp, o bip (pager), foi o aparelho que revolucionou a comunicação rápida. Descubra como funcionava e quais eram os códigos secretos mais usados

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 18/08/2025 às 09:42
O que significavam os códigos no Bip? Aparelho, também conhecido como Pager, dominou os anos 80 e 90 e mudou a comunicação antes do SMS e do WhatsApp
O que significavam os códigos no Bip? Aparelho, também conhecido como Pager, dominou os anos 80 e 90 e mudou a comunicação antes do SMS e do WhatsAppFonte: gerado por Inteligência Artificial
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O que significavam os códigos no Bip? Aparelho, também conhecido como Pager, dominou os anos 80 e 90 e mudou a comunicação antes do SMS e do WhatsApp

Nas décadas de 80 e 90, um som curto e repetitivo passou a fazer parte do cotidiano de executivos, médicos e até jovens que queriam estar conectados. Era o bip, também chamado de pager, um dispositivo pequeno e portátil que se tornou símbolo de modernidade.

Carregar o aparelho no cinto não era apenas questão de praticidade: representava status e diferenciava quem podia estar “disponível” o tempo todo.

Hoje, em tempos de WhatsApp, Telegram e redes sociais, pode parecer estranho imaginar que uma tecnologia tão limitada fosse tão importante.

Mas, para entender o impacto do bip, é preciso voltar àquele período em que a mobilidade digital ainda estava engatinhando.

O que era o bip e como ele funcionava?

O bip era um receptor de mensagens enviado por meio de ondas de rádio. Para que a comunicação acontecesse, o processo começava com uma ligação telefônica para uma central.

O operador recebia o recado, associava ao número do usuário e transmitia o sinal para a rede de antenas.

Apesar de parecer rudimentar hoje, a tecnologia era eficiente.

Todos os aparelhos recebiam o sinal, mas apenas aquele configurado com o código correspondente exibia a mensagem.

Isso dava ao bip a confiabilidade que os primeiros celulares não conseguiam oferecer.

No início, os modelos eram exclusivamente numéricos. Eles exibiam apenas sequências de números, o que incentivou a criação de um verdadeiro alfabeto alternativo.

Mais tarde, surgiram os modelos alfanuméricos, mais caros, capazes de mostrar mensagens curtas em texto completo.

A linguagem secreta dos números

O limite dos primeiros modelos deu origem a uma comunicação criativa, quase como uma “gíria digital”.

Os usuários inventaram combinações de números que transmitiam mensagens inteiras. Essa linguagem se espalhou rapidamente, tornando-se uma marca cultural do bip.

Alguns exemplos famosos:

  • 911 significava urgência ou emergência.
  • 143 equivalia a “I love you”.
  • 411 era usado para pedir informações.
  • 07734, quando visto de ponta-cabeça, formava a palavra “HELLO”.
  • Sequências como 200TRAB ou 100CASA mostravam onde a pessoa estava.
  • Horários numéricos, como 1430, serviam para marcar encontros.

Esse código numérico não apenas facilitava a comunicação rápida como também criava um vínculo entre os usuários. Quem dominava os “truques” do bip sentia-se parte de uma comunidade conectada.

O bip no Brasil: de luxo a item de massa

No Brasil, o bip desembarcou nos anos 80. No início, o aparelho estava restrito a grupos específicos, como médicos plantonistas e empresários que precisavam estar sempre disponíveis.

O preço era uma barreira: a mensalidade do serviço custava caro para a época, e os aparelhos chegavam a valores equivalentes a centenas de reais atuais.

Com o avanço da década de 90, o cenário mudou. Empresas como Tele-Bip e Multicanal expandiram a cobertura, e a competição ajudou a baratear os preços.

O resultado foi a popularização entre a classe média, que passou a adotar o dispositivo tanto para o trabalho quanto para uso pessoal.

Havia dois modelos principais:

  • Numéricos, mais baratos e populares.
  • Alfanuméricos, considerados sofisticados e com preço mais elevado.

Ter um pager alfanumérico era visto como símbolo de status. Já os modelos numéricos eram os que realmente democratizavam a comunicação, embora exigissem criatividade para transmitir mensagens.

Rede de cobertura e confiabilidade

Um dos pontos fortes do bip era sua rede de transmissão.

Antenas espalhadas estrategicamente pelas cidades garantiam um alcance impressionante. Isso fazia com que a comunicação funcionasse mesmo em lugares onde os celulares ainda não tinham cobertura.

Hospitais, empresas de transporte e profissionais da saúde se beneficiaram muito dessa confiabilidade. Enquanto os telefones móveis ainda sofriam com falhas de sinal, o bip era considerado um sistema robusto e quase infalível.

O impacto cultural do bip

Mais do que uma ferramenta, o bip virou moda.

Ele aparecia em novelas, em filmes internacionais e era constantemente associado a personagens que precisavam estar disponíveis o tempo todo.

Jovens também adotaram o dispositivo, especialmente aqueles que viam nele uma forma de modernidade e status social.

O bip acabou se tornando uma espécie de precursor das notificações instantâneas que hoje dominam os smartphones.

O simples “apito” ao receber uma mensagem provocava a mesma sensação de expectativa que atualmente sentimos ao ver uma nova notificação no celular.

Com a chegada dos celulares e, posteriormente, do SMS, o bip perdeu espaço rapidamente.

O telefone móvel passou a reunir em um só aparelho as funções de ligação e mensagem, o que eliminou a necessidade de carregar dois dispositivos.

No início dos anos 2000, o bip já era visto como obsoleto. Ainda assim, seu legado permaneceu.

A lógica das mensagens curtas e rápidas, iniciada por meio dos códigos numéricos, influenciou diretamente o formato dos torpedos SMS e até o estilo conciso das interações nas redes sociais.

O bip ainda tem utilidade hoje?

Embora tenha desaparecido do uso popular, o bip não foi completamente abandonado. Hospitais, centrais de emergência e alguns setores específicos ainda utilizam o sistema.

O motivo é simples: os pagers são extremamente confiáveis em locais onde a cobertura de celular pode falhar.

Apesar disso, não há qualquer previsão de retorno do bip como produto comercial.

A evolução dos smartphones tornou o aparelho obsoleto para o grande público, mas sua importância histórica permanece viva.

O bip deve ser lembrado como um marco na evolução da comunicação móvel. Ele representou o início da era em que as pessoas começaram a depender de mensagens rápidas, fora de casa ou do escritório.

Pode-se dizer que, sem o bip, a aceitação do SMS talvez não tivesse sido tão natural.

E, sem o SMS, aplicativos como WhatsApp dificilmente teriam conquistado tanta força em tão pouco tempo. O pager foi, portanto, uma peça essencial dessa linha do tempo da tecnologia.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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