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Estudo de Harvard descobriu que a construção de quase 7.000 represas entre 1835 e 2011 fez com que o Polo Norte se deslocasse em cerca de 1 metro

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 31/07/2025 às 14:04
represas
Foto: Reprodução
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Por quase dois séculos, represas foram construídas para controlar rios, gerar energia e abastecer cidades. Mas uma nova descoberta revelou um efeito inesperado: a mudança do eixo da Terra. O impacto vai além do meio ambiente

Nos últimos dois séculos, a construção de represas ao redor do mundo teve um efeito geofísico inesperado. Segundo um estudo da Universidade de Harvard, quase 7.000 represas erguidas entre 1835 e 2011 provocaram o deslocamento do Polo Norte geográfico em cerca de 1 metro.

Esse movimento não é simbólico. A posição do eixo da Terra, ponto fundamental para a rotação do planeta, mudou de forma mensurável.

O mais importante é entender por que isso aconteceu. A causa está na redistribuição de massa gerada por essas obras.

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Ao represar água, bilhões de litros deixam os oceanos e passam a se concentrar em áreas específicas da crosta terrestre. Essa nova concentração muda o equilíbrio físico do planeta.

O que é o desvio polar verdadeiro

Esse fenômeno é conhecido como “desvio polar verdadeiro”. A Terra, como um pião, busca se equilibrar. Se uma parte fica mais pesada, o eixo se ajusta.

Por isso, o acúmulo de água em grandes reservatórios desloca o eixo de rotação. E embora isso pareça sutil em escala humana, o movimento acumulado desde 1835 já soma 113 centímetros.

Esse deslocamento afeta vários sistemas. A queda de 21 milímetros no nível global do mar, causada pelo represamento, é um exemplo.

Pode parecer pouco, mas equivale a encher duas vezes o Grand Canyon. Esse volume deixou os oceanos e ficou armazenado em terra, mudando a distribuição da água no planeta.

Duas fases de impacto marcantes

O estudo também identificou duas fases distintas nessa mudança geofísica. A primeira vai de 1835 a 1954. Nesse período, a maioria das represas foi construída na América do Norte e na Europa.

Isso provocou um deslocamento de 20,5 centímetros no eixo da Terra, em direção ao meridiano leste de 103 graus, na Ásia Central.

A segunda fase começou em 1954. Com a construção de grandes represas na África Oriental e na Ásia, o eixo se moveu mais 57 centímetros, agora em direção ao meridiano oeste de 117 graus, que aponta para o Pacífico Oriental.

Somadas, essas duas fases representam mais de 1 metro de mudança no eixo do planeta.

Consequências ignoradas pela engenharia

Portanto, o impacto das represas vai além do que se vê. A infraestrutura construída com objetivos práticos — como fornecimento de água, irrigação e geração de energia — também afeta a estabilidade do planeta.

A crosta terrestre responde a essa redistribuição de peso, e isso pode ter efeitos indiretos em fenômenos como terremotos ou na precisão do GPS.

Além disso, mudanças sutis na rotação influenciam modelos de previsão climática e a forma como a gravidade distribui a água pelo planeta. Esses aspectos ainda são pouco considerados em decisões de engenharia.

Futuro exige atenção a efeitos cumulativos

Mesmo com essas descobertas, grandes projetos de barragens continuam em andamento. Países como China, Etiópia e Índia seguem investindo em infraestrutura hidrelétrica.

Exemplos como a Barragem das Três Gargantas ou a Grande Renascença mostram que a tendência continua forte.

O estudo de Harvard alerta para a importância de considerar esses efeitos cumulativos. As mudanças causadas pela ação humana não se limitam ao ambiente local. Elas moldam o planeta como um todo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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