Haddad admite que exploração conjunta com os americanos pode ser moeda de troca para aliviar impacto da taxação de 50% sobre exportações brasileiras
O governo brasileiro avalia incluir um possível acordo com os Estados Unidos sobre minerais críticos e terras raras na negociação que tenta evitar os efeitos do tarifaço anunciado pela gestão de Donald Trump. A taxação de 50% sobre diversos produtos brasileiros deve entrar em vigor nesta quarta-feira, e o Brasil corre contra o tempo para tentar mitigar os impactos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou em entrevista que há conversas em torno de uma cooperação envolvendo esses recursos estratégicos, fundamentais para setores como baterias elétricas e inteligência artificial. Segundo ele, o Brasil tem potencial de oferta que interessa diretamente aos americanos, que não são ricos nesses minerais.
Minerais críticos e terras raras ganham peso na diplomacia econômica
A nova ofensiva comercial dos Estados Unidos não se restringe à taxação. Por trás das tarifas, também há interesse em acesso a minerais críticos e terras raras, como lítio, nióbio e outros elementos estratégicos. O Brasil, com suas reservas abundantes, torna-se peça-chave nesse tabuleiro.
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Haddad indicou que um acordo de cooperação pode ser utilizado como barganha nas negociações. “Podemos produzir baterias mais eficientes juntos”, disse, apontando para uma possível aliança tecnológica com os EUA. Essa guinada na pauta coloca os recursos naturais no centro da disputa geopolítica.
Tarifaço pode sofrer ajustes às vésperas da entrada em vigor
O tarifaço anunciado por Trump ainda pode sofrer modificações de última hora. Segundo Haddad, novas exceções ainda podem ser incluídas na lista, além das mais de 700 já registradas, como os setores de suco de laranja e aviação civil. A janela para ajustes vai até o dia 6, prazo final para a implementação da medida.
Apesar da postura firme do governo, auxiliares do presidente Lula admitem que as chances de um recuo significativo são pequenas. Mesmo assim, o Brasil insiste na mesa de negociação, deixando claro que não aceitará os termos atuais impostos unilateralmente pelos americanos.
Governo brasileiro prepara plano de socorro a setores impactados
Enquanto tenta evitar o pior cenário, o governo federal já tem pronto um plano de contingência para proteger as empresas afetadas pelo tarifaço. A estratégia deve incluir acesso a crédito com condições especiais e incentivos via compras governamentais, conforme adiantou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A medida será anunciada oficialmente até quarta-feira. O objetivo é evitar perdas imediatas no comércio exterior e garantir fôlego para setores com grande volume de exportações aos EUA. Nesse contexto, minerais críticos e terras raras também entram como ativos de barganha para manter as portas abertas.
Pressão dos EUA envolve política e estratégia global
Ao contrário do que aconteceu com outros países, a taxação brasileira foi influenciada também por fatores políticos. O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF teria contribuído para a justificativa dada pelos americanos à imposição das tarifas.
Esse pano de fundo político complica ainda mais as tratativas. Mesmo assim, a aposta do governo é que o interesse estratégico dos EUA em minerais críticos e terras raras possa abrir espaço para acordos específicos, driblando os efeitos mais danosos do tarifaço.
Você acha que o Brasil deve ceder no acordo para proteger as exportações ou manter posição firme diante dos EUA?