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Governo Lula quer ônibus de graça e pode fazer você pagar a conta no posto: veja o plano em debate no Congresso

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 16/09/2025 às 13:56
Governo Lula estuda tarifa zero no transporte público em domingos e feriados, mas plano bilionário enfrenta impasse no Congresso.
Governo Lula estuda tarifa zero no transporte público em domingos e feriados, mas plano bilionário enfrenta impasse no Congresso.
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Governo discute proposta de tarifa zero no transporte público em domingos e feriados. Ideia se inspira em modelo de São Paulo e enfrenta impasse sobre financiamento, com projetos em análise no Congresso e impacto direto nas contas federais.

A equipe econômica do governo Lula avalia a adoção de tarifa zero no transporte público em domingos e feriados em âmbito nacional.

Segundo o jornal Gazeta do Povo, medida foi apresentada por aliados no Congresso e se inspira no modelo adotado em São Paulo desde dezembro de 2023.

Pelas contas mais citadas no mercado, o custo anual para a União pode chegar a R$ 4,3 bilhões em 2026 se o subsídio cobrir integralmente esses dias, com São Paulo fora do cálculo por já bancar a gratuidade local.

O tema tramita em projetos de lei e esbarra, por ora, na restrição orçamentária e nas regras do novo arcabouço fiscal.

Projetos de lei no Congresso

Duas frentes legislativas dão formato ao plano. A primeira é o PL 4327/2025, de Reginaldo Lopes (PT-MG), que altera as leis da Cide-Combustíveis para permitir e priorizar o uso de seus recursos na redução de tarifas do transporte público e, quando couber, na tarifa zero.

O texto reserva percentuais mínimos para áreas urbanas e estabelece repasses proporcionais à população, mediante habilitação dos entes federados.

A proposta está protocolada na Câmara e iniciou tramitação no fim de agosto. A segunda via é o PL 1280/2023, de Jilmar Tatto (PT-SP).

Esse projeto institui um Programa Tarifa Zero de adesão voluntária dos municípios, com desenho que conecta financiamento local e fontes federativas.

O conteúdo central já está na Câmara desde 2023 e foi apensado a outras proposições na área de mobilidade, mantendo a discussão sobre mecanismos de cofinanciamento entre União, estados e prefeituras.

Custo estimado da tarifa zero

O esforço fiscal é o principal ponto de atrito.

Estimativa divulgada por economistas ligados ao mercado financeiro projeta R$ 4,3 bilhões por ano para subsidiar 100% dos domingos e feriados no transporte urbano do país, com exceção de São Paulo.

Já uma conta alternativa, citada por especialistas do setor, coloca o dispêndio perto de R$ 3,5 bilhões ao ano, tomando como base a participação desses dias no custo operacional total do sistema.

As duas ordens de grandeza indicam que, sem fonte dedicada, a despesa pressiona o espaço orçamentário federal.

O governo trabalha para cumprir a meta de resultado primário zero em 2025, com banda de tolerância prevista no novo arcabouço.

A LDO sancionada e análises técnicas do Legislativo confirmam esse objetivo, e a área econômica já promoveu contingenciamentos para mantê-lo.

Nesse contexto, qualquer ampliação de subsídios exige acomodação dentro da regra fiscal — ou a definição de receitas permanentes, como as que seriam abertas pela reorientação da Cide pretendida no PL de Reginaldo Lopes.

Caso São Paulo como referência

A referência do Planalto é o “Domingão Tarifa Zero” paulistano, que foi ampliado aos feriados e utilizado como uma das principais propostas de campanha, segundo a Gazeta do Povo.

O programa começou em 17 de dezembro de 2023 e foi divulgado com custo anual estimado de R$ 283 milhões ao orçamento da capital.

A gestão municipal argumenta que a medida combate ociosidade da frota nesses dias e induz circulação nas regiões comerciais.

Conforme o jornal, a experiência mostrou que a gratuidade pode ser mantida sem comprometer a oferta de ônibus quando existe orçamento suficiente para custeá-la.

Exemplos em outras cidades brasileiras

Em Maricá (RJ), a política é integral desde 2014 e opera por meio da Empresa Pública de Transportes (EPT).

A prefeitura afirma que o modelo é sustentado por receitas locais, em especial royalties de petróleo, e reporta cerca de 39 milhões de deslocamentos em 2024.

A prioridade orçamentária e a estrutura pública do serviço explicam a estabilidade do programa.

O caso se tornou vitrine para defensores da escala nacional, mas também evidencia que a replicação depende de fontes robustas e recorrentes.

Fora do Rio, capitais vêm testando recortes de gratuidade.

O Distrito Federal instituiu ônibus e metrô grátis aos domingos e feriados a partir de 1º de março de 2025, e Belém (PA) tornou a passagem gratuita nesses dias a partir de abril do mesmo ano.

Ainda de acordo com a Gazeta do Povo, são experiências com escopo delimitado e financiamento local, empregadas para observar o impacto na demanda e na operação antes de uma eventual expansão.

Transporte como direito social

Aliados do governo ancoram a proposta no caráter de direito social do transporte, incluído no artigo 6º da Constituição.

Para o deputado Reginaldo Lopes, “o transporte [é garantido pela Constituição Federal] como um direito social, que funciona como porta de acesso a outros direitos, como saúde, educação e lazer”.

A leitura busca deslocar o debate de uma agenda de “benefício” para uma política de acesso a serviços, com prioridade às periferias urbanas, onde o gasto com deslocamento compromete parte relevante da renda.

O impasse do financiamento

Mesmo com o enquadramento constitucional, a pergunta continua sendo como financiar.

A Cide-Combustíveis sofreu mudanças de base de arrecadação ao longo dos anos e tende a perder dinamismo com a transição energética.

O PL 4327/2025 tenta blindar uma parcela do tributo para subsídios tarifários, mas isso desloca recursos de outras finalidades.

Alternativas de cofinanciamento — repartindo a conta entre União, estados e municípios — precisam levar em conta a realidade fiscal de 5.570 prefeituras, muitas já dependentes de transferências para serviços essenciais.

Impactos sociais e desafios fiscais

No curto prazo, a gratuidade atinge diretamente os usuários que mais comprometem renda com transporte e amplia o acesso ao lazer, ao comércio e a serviços nos fins de semana.

Nas regiões metropolitanas, os efeitos aparecem de forma mais concentrada, segundo a Gazeta do Povo.

Em contrapartida, especialistas alertam que programas duradouros exigem previsibilidade de caixa e controle operacional — sob pena de gerar ajustes abruptos nos contratos e na oferta se a arrecadação cair.

O Congresso discute alternativas de fonte estável e mecanismos de governança para viabilizar o uso dos recursos.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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