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Governo implanta imposto para quem tem pet e tutor terá que pagar taxa anual e diária só por andar com o cão na Itália

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 03/11/2025 às 15:27
Província de Bolzano estuda taxa anual para donos de cães e diária para turistas com pets a partir de 2026. Proposta visa limpeza urbana.
Província de Bolzano estuda taxa anual para donos de cães e diária para turistas com pets a partir de 2026. Proposta visa limpeza urbana.
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A província italiana de Bolzano analisa a criação de uma taxa anual para moradores com cães e uma diária para turistas com pets. O projeto, ainda em debate, prevê início em 2026 e divide opiniões entre autoridades locais.

A Província Autônoma de Bolzano, no norte da Itália, iniciou em setembro de 2025 a análise de um projeto que cria duas taxas ligadas à posse e à circulação de cães.

Segundo o jornal The Guardian, o texto propõe uma cobrança anual de €100 por animal para residentes e uma tarifa diária de €1,50 para turistas que se hospedarem acompanhados de seus pets.

A proposta, apresentada pelo assessor provincial de Turismo Luis Walcher, prevê que a arrecadação seja destinada à limpeza urbana, manutenção de áreas específicas para cães e fiscalização de dejetos em espaços públicos.

A aplicação começaria a partir de 2026, caso aprovada.

Projeto busca custear serviços ligados à presença de cães

De acordo com o governo local, o objetivo é criar uma fonte de financiamento para serviços públicos impactados pela presença de animais de estimação.

A taxa anual e a diária teriam, segundo a administração provincial, finalidade específica de custear limpeza e infraestrutura urbana.

O modelo prevê o uso da receita para lixeiras adequadas, sacos coletores e parques caninos, entre outras ações voltadas à convivência com animais.

Estrutura da cobrança e valores propostos

O texto em discussão estabelece que moradores pagariam €100 por cão por ano, enquanto turistas desembolsariam €1,50 por noite por animal, valor a ser recolhido por hotéis e demais meios de hospedagem, seguindo o modelo da “tassa di soggiorno”, taxa de permanência já aplicada a pessoas em várias cidades italianas.

Na prática, um visitante hospedado por quatro noites com um cão pagaria €6, e um morador com dois cães teria custo anual de €200, sem contar eventuais multas por descumprimento das regras de limpeza pública.

Divergências políticas e posicionamentos

A proposta gerou debate imediato entre partidos da coalizão e da oposição.

Integrantes do Fratelli d’Italia classificaram o texto como excessivo e argumentaram que ele penaliza tutores que já cumprem as normas.

Já o presidente provincial Arno Kompatscher reconheceu publicamente que não há consenso interno na Junta Provincial, indicando que o texto pode ser alterado antes da votação.

Autoridades locais afirmam que a medida é uma alternativa operacional após as dificuldades enfrentadas com o projeto anterior de identificação genética de cães.

Segundo elas, o sistema de DNA, implementado em 2024, teve adesão limitada e custos elevados, o que motivou a busca por um modelo de gestão considerado mais simples.

Antecedente: o projeto do DNA canino

O plano de criar um banco de DNA para cães, lançado em 2024, visava identificar os tutores que deixassem de recolher fezes em locais públicos.

De acordo com relatórios provinciais e reportagens da imprensa italiana, a iniciativa encontrou obstáculos técnicos e financeiros, especialmente na coleta de amostras de turistas e animais não registrados.

Com isso, o debate evoluiu para a criação da chamada “taxa do cão”, proposta que passou a ser vista como alternativa de financiamento contínuo para limpeza e fiscalização.

Argumentos e efeitos esperados

Segundo o assessor Luis Walcher, o modelo em duas frentes — anual para residentes e diária para visitantes — pretende distribuir responsabilidades entre moradores e turistas.

A taxa anual garantiria receita estável para custear áreas e serviços voltados a cães, enquanto a tarifa diária refletiria o uso potencial do espaço público pelos visitantes.

O valor de €1,50 foi classificado por Walcher como “simbólico”, com o objetivo de financiar sacos coletores e limpezas adicionais em zonas de maior fluxo turístico.

Por outro lado, especialistas em políticas públicas e entidades de proteção animal apontam que valores simbólicos tendem a ter efeito limitado sobre comportamentos incívicos.

Segundo essas organizações, ações de fiscalização e campanhas educativas teriam impacto mais direto na mudança de hábitos de tutores.

Setor turístico e execução prática

No turismo, a taxa proposta segue o formato das tarifas já aplicadas a hóspedes na Itália.

De acordo com a proposta, a cobrança seria feita pelos meios de hospedagem, que repassariam os valores à administração pública.

O mecanismo facilitaria o controle e reduziria custos de fiscalização, segundo o governo local.

Entidades ligadas ao setor turístico, porém, avaliam que a medida pode afetar o fluxo de visitantes que viajam com animais de estimação, dependendo de como for comunicada.

Associações de hotéis afirmam que o impacto econômico ainda não pode ser mensurado, mas defendem clareza na destinação dos recursos para evitar percepção negativa sobre o destino.

Aspectos legais e cronograma de aplicação

A competência tributária provincial de Bolzano permite a criação de taxas relacionadas a serviços locais, desde que respeitados os parâmetros nacionais.

A proposta, segundo a imprensa italiana, retoma um modelo semelhante ao de cobrança anual de cães que havia sido extinto pelo governo central há cerca de 16 anos.

O plano estabelece 2026 como data-alvo para início da aplicação, condicionada à aprovação legislativa e à definição de regulamentos complementares.

Esses regulamentos deverão tratar de isenções específicas, como cães-guia e animais de assistência, além de formas de comprovação de residência e hospedagem.

O que ainda está indefinido no texto

Até o momento, não há votação final concluída.

Permanecem em aberto pontos como a delimitação das isenções, o uso detalhado dos recursos arrecadados e o modelo de transparência para sua aplicação.

Parte dos parlamentares locais pede que o texto final especifique claramente as contrapartidas à população, como frequência de limpeza, número de áreas dedicadas a cães e indicadores de aplicação dos fundos.

Analistas consultados por veículos europeus afirmam que a iniciativa se insere em uma tendência mais ampla de tarifação de serviços urbanos na Europa, voltada a equilibrar os custos da convivência entre humanos e animais nas cidades.

Ainda assim, há divergências sobre eficácia e proporcionalidade do modelo.

O debate segue em curso na província e deverá ter novos desdobramentos nos próximos meses.

A taxa anual de €100 para moradores e a diária de €1,50 para turistas com cães podem se tornar instrumentos eficazes para custear a limpeza pública ou tenderão a ser revistas diante da pressão política e social?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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