Ministro da Fazenda propõe incluir minerais críticos nas negociações com os EUA, enquanto Lula reforça defesa da soberania sobre recursos estratégicos.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou nesta quarta-feira, 04, que o Brasil pode incluir a exploração de minerais críticos e terras raras nas negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros.
A declaração, feita em entrevista à BandNewsTV.
A proposta de Haddad
Segundo o ministro, o Brasil, por ser um dos maiores detentores de reservas desses minerais, pode ampliar a participação no comércio bilateral e atrair investimentos estratégicos dos Estados Unidos.
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Haddad ressaltou que o país norte-americano não é rico nesses elementos e que isso abre espaço para acordos de cooperação em áreas como a produção de baterias mais eficientes e tecnologias avançadas.
Além da mineração, o ministro destacou que outros setores poderiam se beneficiar de uma aproximação, citando especificamente o de data centers.
O Brasil, disse ele, tem grande oferta de energia para alimentar estruturas de processamento e armazenamento de dados.
Para Haddad, o leque de setores de interesse comum é amplo e pode contribuir para uma relação mais equilibrada.
Diversificação de parceiros
Haddad também indicou que o governo busca evitar uma dependência excessiva de um único bloco econômico.
“Nós não queremos que só a China, ou agora com a União Europeia, a União Europeia invista no Brasil. Nós queremos que os Estados Unidos invistam também”, afirmou.
Essa visão se alinha à estratégia de diversificação de mercados, que procura reduzir riscos geopolíticos e ampliar a margem de negociação do país.
O interesse norte-americano
O tema ganhou força após o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, informar ao Instituto Brasileiro de Mineração que Washington quer realizar acordos para adquirir minerais considerados estratégicos.
O movimento vem em um momento em que grandes potências buscam garantir suprimento de matérias-primas essenciais para a indústria de tecnologia e defesa.
O que está em jogo
As terras raras, grupo de 17 elementos químicos presentes em produtos como smartphones, televisores, câmeras digitais e LEDs, são insubstituíveis em muitas aplicações.
A maior parte das reservas está concentrada na China e no Brasil, que possui a segunda maior reserva mundial, equivalente a 25% do território com potencial identificado.
Esses minerais têm papel central na fabricação de ímãs permanentes, fundamentais para turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos militares, como aviões de caça e submarinos. Com valores que podem chegar a milhares de reais por quilo, dependendo do elemento, o setor é altamente lucrativo e estratégico.
Disputa global
A corrida por minerais críticos é parte de um cenário mais amplo de disputas comerciais e tecnológicas. Estados Unidos, China e União Europeia têm buscado assegurar acesso a esses recursos para reduzir vulnerabilidades e garantir avanços em setores-chave.
Nesse contexto, o Brasil se vê diante de um dilema: aproveitar a demanda para fortalecer parcerias internacionais ou adotar uma postura mais fechada para preservar controle sobre sua produção.