A Gerdau avalia se reforça sua operação americana ou protege o Brasil da concorrência chinesa.
De acordo com o InvestNews BR, a Gerdau vive um dilema estratégico que pode redefinir seu futuro: fortalecer a operação nos Estados Unidos, beneficiada pelas tarifas de Donald Trump contra o aço importado, ou proteger o mercado brasileiro, cada vez mais pressionado pelo avanço do aço chinês subsidiado.
A escolha é crucial porque os EUA já respondem por cerca de 40% do faturamento da companhia, enquanto no Brasil a siderúrgica enfrenta queda nas vendas e forte concorrência internacional.
A decisão está nas mãos do conselho de administração, que conta com representantes da quinta geração da família controladora.
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A força da Gerdau nos Estados Unidos
Nos últimos anos, a Gerdau consolidou sua presença na América do Norte, onde atua como produtora local: tudo o que fabrica no país é vendido internamente.
Esse braço ganhou impulso com o pacote de infraestrutura do governo Biden e tende a se beneficiar ainda mais da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre o aço importado.
Para os analistas, essa posição é estratégica porque cria demanda extra para a produção local da empresa.
A cada movimento de Trump em defesa da indústria americana, investidores já antecipam ganhos para a siderúrgica brasileira que atua dentro do mercado dos EUA.
A pressão do aço chinês no Brasil
No Brasil, o cenário é bem mais desafiador. O aço chinês, subsidiado pelo governo de Pequim, entra no país a preços mais baixos e comprime as margens de lucro das siderúrgicas nacionais.
A Gerdau tem sido uma das vozes mais ativas ao cobrar medidas do governo brasileiro contra essa prática, argumentando que a concorrência desleal enfraquece a indústria local.
Essa pressão externa levou a companhia a buscar maior eficiência e até vender ativos no passado para preservar rentabilidade.
Mas a continuidade desse quadro pode comprometer sua posição histórica de liderança no mercado interno.
Tradição familiar e decisões estratégicas
Com 124 anos de história, a Gerdau é a única brasileira entre as 50 maiores siderúrgicas do mundo. A empresa é marcada por forte presença familiar em seu comando, mas desde 2018 é liderada por Gustavo Werneck, primeiro CEO fora da família.
Ainda assim, três representantes da quinta geração permanecem no conselho e influenciam diretamente as escolhas estratégicas.
A decisão entre expandir nos Estados Unidos ou reforçar a defesa no Brasil envolve não apenas análise de mercado, mas também visão de legado.
O dilema sintetiza a necessidade de equilibrar tradição, presença global e sustentabilidade do setor no país de origem.
Investimentos e futuro da companhia
Segundo o InvestNews BR, a Gerdau investe cerca de R$ 6 bilhões por ano, metade para manutenção e metade em projetos estratégicos.
No Brasil, o destaque é a expansão da mina de minério de ferro em Minas Gerais, que deve tornar a empresa autossuficiente a partir de 2026.
Paralelamente, a companhia aposta em novos negócios, como construção modular e energia renovável, por meio da Gerdau Next.
O desafio é definir onde concentrar recursos em um cenário de guerra comercial e disputa global por competitividade.
O que está em jogo não é apenas o resultado de curto prazo, mas a capacidade de manter-se como protagonista global sem perder relevância no Brasil.
A situação da Gerdau expõe a encruzilhada das grandes indústrias brasileiras: buscar oportunidades em mercados externos mais favoráveis ou resistir à pressão do aço chinês no mercado interno.
Cada caminho tem vantagens e riscos que podem redefinir a estratégia centenária da empresa.
E você, acha que a Gerdau deve priorizar o fortalecimento nos EUA ou proteger o mercado brasileiro contra o aço chinês?
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