Geração distribuída solar avança e já ultrapassa 100 MW de potência instalada em todos os estados do país, mostrando a força da energia limpa em cada região brasileira.
A energia solar no Brasil cresce de forma consistente nos últimos anos, principalmente por meio da geração distribuída, conhecida como GD. Segundo dados atualizados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), todos os estados do país já ultrapassaram a marca de 100 megawatts (MW) em potência instalada de sistemas fotovoltaicos. Esse marco representa uma mudança importante na forma como o Brasil produz, consome e distribui eletricidade.
Roraima, localizado na região Norte, foi o último estado a atingir esse volume. Ainda que isso tenha ocorrido tardiamente em comparação a outras regiões, o dado simboliza o avanço da energia solar em direção à equidade. A fonte supera barreiras econômicas e geográficas. Portanto, pequenas cidades e áreas rurais se tornam, hoje, protagonistas da transição energética brasileira.
A GD solar permite que consumidores gerem a própria eletricidade usando painéis solares. Esses equipamentos são instalados principalmente em telhados residenciais, comércios, propriedades rurais ou pequenos negócios. O excedente retorna para a rede elétrica, o que gera créditos e reduz a conta de luz. Por isso, os consumidores residenciais lideram essa adoção. Atualmente, somam mais de 20 gigawatts (GW) de potência instalada — o dobro do segmento comercial.
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Expansão nacional da energia solar distribuída
Atualmente, o Brasil já soma mais de 41,7 GW em potência instalada de GD solar, distribuídos por 5.559 municípios. Ainda que existam 11 cidades sem sistemas fotovoltaicos conectados à rede, mais de 6,5 milhões de unidades consumidoras utilizam esse modelo. Isso demonstra sua ampla aceitação em todo o território nacional.
Além disso, esse crescimento reflete a mudança de mentalidade sobre energia. Enquanto os impactos das mudanças climáticas se intensificam — com secas, enchentes e eventos extremos — os brasileiros passam a buscar soluções sustentáveis. Nesse cenário, a energia solar se apresenta como uma alternativa eficaz, limpa e economicamente viável. Ela também se adapta bem às condições locais.
Historicamente, as grandes hidrelétricas sustentaram a matriz elétrica nacional. Embora essas usinas tenham sido importantes para o desenvolvimento, elas também causaram impactos ambientais significativos e dependem do regime de chuvas. A partir dos anos 2000, com a crise energética e o avanço das tecnologias limpas, o país iniciou um processo de diversificação energética. Desse modo, a energia solar passou a ocupar espaço de destaque.
A queda no custo dos equipamentos, combinada com o aumento da eficiência dos sistemas, acelerou essa virada. Ao mesmo tempo, políticas públicas, marcos legais e incentivos estaduais reforçaram o movimento. Como resultado, muitos brasileiros passaram a enxergar a energia solar não apenas como alternativa ecológica, mas como uma estratégia para reduzir gastos e conquistar independência energética.
Os estados do país lideram a transformação energética
Os estados do país desempenham papel decisivo nessa transição. Por exemplo, São Paulo lidera o ranking nacional com 5,90 GW em potência instalada, seguido por Minas Gerais (5,14 GW) e Paraná (3,78 GW). Esses números refletem não só o porte da população e da economia local, mas também políticas estaduais bem estruturadas.
Por outro lado, estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Bahia também se destacam. Todos já somam mais de 2 GW de potência instalada. Ao todo, 14 estados superaram a marca de 1 GW. Isso comprova que a GD solar não se limita a centros urbanos. Pelo contrário, o modelo se espalha pelo semiárido nordestino, pelo interior do Centro-Oeste e até pelas comunidades da Amazônia.
Além disso, a região do Semiárido, que conta com forte incidência solar, vem aproveitando ao máximo esse recurso. Agricultores familiares e comunidades rurais utilizam a GD solar para reduzir despesas e obter autonomia. Em outras palavras, a energia solar garante acesso estável à eletricidade em locais historicamente excluídos das redes tradicionais.
Adicionalmente, a GD solar movimenta as economias locais. A instalação de painéis solares cria empregos diretos e indiretos. O setor envolve engenheiros, técnicos, fornecedores, instaladores e fabricantes de equipamentos. Em estados menos industrializados, essa nova cadeia produtiva representa uma oportunidade concreta de desenvolvimento econômico. Também gera renda e promove capacitação profissional.
Energia limpa como inclusão e soberania
O caso de Roraima ilustra bem os efeitos positivos da GD solar. Por muitos anos, o estado enfrentou dificuldades de fornecimento. Dependia de termelétricas e da eletricidade importada da Venezuela. Com a instalação de sistemas fotovoltaicos, Roraima inicia um novo ciclo — mais limpo, mais confiável e mais sustentável. Dessa forma, o estado avança em direção à autonomia energética.
Segundo o engenheiro Geraldo Silveira, da CS Consultoria, a geração distribuída se popularizou em todas as regiões. De acordo com ele, o avanço da GD nos estados do país demonstra não só a maturidade do setor, mas também o interesse real da população em soluções sustentáveis e acessíveis.
Além dos benefícios ambientais e econômicos, a GD solar também colabora com o fortalecimento do sistema elétrico nacional. Produzir energia próxima ao ponto de consumo reduz perdas em transmissão e diminui a necessidade de grandes obras de infraestrutura. Em consequência, o sistema se torna mais eficiente, moderno e equilibrado.
Enquanto isso, a energia solar também promove inclusão. Ao permitir que famílias, agricultores e comunidades gerem a própria energia, a GD transforma o acesso à eletricidade em instrumento de cidadania. Nesse sentido, os estados com histórico de desigualdade agora encontram uma ferramenta concreta para transformação social.
Caminhos para o futuro da geração distribuída
Considerando todos esses avanços, o futuro da GD solar no Brasil se mostra promissor. A combinação entre novas tecnologias, sistemas de armazenamento, modelos cooperativos e linhas de crédito acessíveis deverá impulsionar ainda mais o setor. Portanto, a colaboração entre os estados do país, aliada ao fortalecimento das redes e à modernização da distribuição, será essencial para consolidar esse crescimento.
Com todos os estados do país ultrapassando os 100 MW de potência instalada, a energia solar distribuída deixa de ser uma tendência para se tornar parte do cotidiano brasileiro. Mais do que isso, torna-se um pilar da segurança energética, da sustentabilidade e da inovação nacional.
Em resumo, a GD solar ilumina não apenas os telhados e campos brasileiros, mas também caminhos de inclusão, desenvolvimento e soberania. Assim, a união entre tecnologia, vontade política e engajamento social molda um futuro no qual todas as regiões do país compartilham os benefícios da energia limpa e acessível.