O gás natural no Brasil deve expandir significativamente até 2034, com a produção impulsionada pelo pré-sal e conforme as projeções do PDE 2034
O gás natural no Brasil deve alcançar uma oferta líquida de até 91 milhões m³/dia até 2034, de acordo com projeções Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034), elaborado pelo Ministério de Minas e Energia e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Este crescimento é impulsionado principalmente pela exploração do pré-sal, que se mantém como a principal fonte de produção nacional.
O cenário indica um marco estratégico para o país, promovendo maior segurança energética, redução da dependência de importações e fortalecimento da matriz de energia com foco em fontes de baixo carbono. Neste artigo, exploramos o panorama atual, projeções, desafios e oportunidades ligados à produção no Brasil de gás natural.
Panorama atual da produção no Brasil e projeções do PDE 2034
O PDE 2034 projeta que a produção bruta de gás natural deve alcançar 315 milhões m³/dia em 2034, com pico previsto em 316 milhões em 2031. Desse total, a oferta líquida — que desconta reinjeção, queima e consumo interno — é estimada em aproximadamente 134 milhões m³/dia.
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No entanto, cenários mais conservadores apontam a possibilidade de atingir 91 milhões m³/dia, considerando ajustes de mercado, limitações de infraestrutura e consumo interno.
Atualmente, a produção no Brasil gira em torno de 150 milhões m³/dia, enquanto a oferta líquida está perto de 43 milhões m³/dia.
O crescimento do pré-sal e o impacto na oferta de gás natural
O pré-sal continuará sendo a principal fonte da produção no Brasil, respondendo por cerca de 80% da produção bruta e aproximadamente 60% da oferta líquida em 2034. Essa região concentra campos de alta produtividade e investimentos robustos, garantindo que o gás natural extraído contribua diretamente para o abastecimento doméstico e para o mercado internacional.
O crescimento do pré-sal não apenas aumenta a oferta, mas também melhora a eficiência do sistema energético brasileiro, ao integrar novas tecnologias de extração e logística de escoamento. O investimento em infraestrutura, como gasodutos e terminais, é crucial para que a expansão do pré-sal resulte em aumento real da oferta líquida de gás natural no Brasil.
Infraestrutura e desafios logísticos
Para que a projeção de 91 milhões m³/dia seja alcançada, é necessário investir em infraestrutura de transporte e armazenamento. Projetos estratégicos incluem o corredor verde que liga Santos (SP) a São Luís (MA), com investimento de R$ 5,7 bilhões.
Projetos como PRÉ-SAL ROTA 3 e Projeto RAIA, com capacidades de escoamento de 18 milhões m³/dia e 16 milhões m³/dia, respectivamente, são fundamentais para atender a demanda crescente. Sem esses investimentos, grande parte da produção do pré-sal poderia ficar represada, limitando o aumento da oferta líquida ao mercado.
A expansão da infraestrutura também é essencial para o fornecimento aos setores consumidores, como termelétricas, indústrias e residências. Uma logística eficiente garante que o crescimento da produção se traduza em energia disponível e preços mais competitivos para o país.
Gás natural no Brasil e sua contribuição para a matriz energética e a transição sustentável
O gás natural no Brasil desempenha um papel estratégico na diversificação da matriz energética nacional. Atualmente, o país depende fortemente de hidrelétricas, mas a complementaridade do gás natural permite estabilidade no fornecimento, principalmente em períodos de seca.
- Termelétricas a gás: contribuem para atender picos de demanda e garantir a confiabilidade do sistema elétrico, funcionando como fonte de backup eficiente.
- Redução de emissões: comparado a carvão e óleo combustível, o gás natural emite menos CO₂, ajudando o Brasil a cumprir metas de redução de gases de efeito estufa.
- Integração com energias renováveis: ao fornecer energia firme, o gás permite maior penetração de solar e eólica, que são intermitentes, fortalecendo a transição energética.
Impactos da produção de gás natural no Brasil
O aumento da produção no Brasil e da oferta líquida tem impactos significativos na economia e na segurança energética:
- Redução da dependência de importações: atualmente, o país ainda depende de importações para atender cerca de 40% da demanda interna, especialmente em períodos de baixa produção.
- Estímulo ao mercado privado: com a abertura promovida pela Lei do Gás de 2021, novos players entram no setor, gerando maior competitividade e atraindo investimentos.
- Desenvolvimento regional: os gasodutos e terminais estimulam economia local, com geração de empregos diretos e indiretos.
- Transição energética: o gás natural, com menor emissão de carbono em comparação ao óleo e carvão, fortalece a matriz energética limpa, sendo um elemento de transição para energias renováveis.
Desafios para a expansão do gás natural no Brasil
Apesar das projeções otimistas, existem desafios que podem limitar o crescimento:
- Reinjeção de gás: usada para aumentar a recuperação de petróleo e reduzir emissões de CO₂, diminui o volume disponível ao mercado.
- Atrasos em projetos: a expansão de gasodutos, terminais e infraestrutura de processamento depende de cronogramas complexos e de aprovações regulatórias.
- Oscilações de demanda e preço: a volatilidade do mercado internacional e variações de consumo interno podem impactar a rentabilidade de novos investimentos.
- Aspectos regulatórios: ajustes na legislação ou mudanças na política de preços do gás podem afetar a atratividade do setor.
Perspectivas para o futuro do gás natural no Brasil
A projeção de oferta líquida de até 91 milhões m³/dia até 2034 reforça o papel estratégico do pré-sal e do PDE 2034 na consolidação do setor. Para que o Brasil atinja esses números, será necessário um esforço conjunto entre governo, empresas privadas e órgãos reguladores.
O avanço da produção no Brasil fortalece a segurança energética, reduz importações e gera competitividade no mercado interno. Além disso, abre oportunidades para exportação e integração do país no cenário global de energia, em especial no contexto de transição para uma matriz de baixo carbono.
O acompanhamento contínuo das projeções, a execução de projetos de infraestrutura e a manutenção de políticas estáveis de incentivo serão determinantes para que o potencial do gás natural seja plenamente aproveitado. A consolidação de um mercado eficiente, com oferta crescente e preços competitivos, contribui para o desenvolvimento econômico sustentável e para a estabilidade energética do Brasil nos próximos 15 anos.