Robôs autônomos já servem mesas e recolhem pratos em restaurantes da Ásia e dos EUA. Entenda como essa revolução da automação se aproxima do Brasil.
Robôs de serviço autônomos estão deixando os laboratórios e ganhando espaço em restaurantes da Ásia, Europa e América do Norte. Fabricados por empresas como Pudu Robotics, Bear Robotics e Keenon Robotics, esses equipamentos já operam em mais de 60 países, transportando pratos, recolhendo bandejas e interagindo com clientes por meio de sensores, câmeras e inteligência artificial. Embora ainda não haja casos confirmados de uso comercial no Brasil, o avanço da tecnologia já começa a chamar atenção do setor de hospitalidade nacional, que enfrenta desafios com custo de mão de obra e escassez de profissionais.
O avanço global dos “robôs garçons”
Segundo a BBC News e a Reuters, países como China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Emirados Árabes já utilizam robôs autônomos em restaurantes e redes de fast food.
O modelo mais conhecido é o BellaBot, criado pela Pudu Robotics, que usa sensores de navegação LIDAR, câmeras 3D e algoritmos de mapeamento semelhantes aos de veículos autônomos.
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Ele consegue trabalhar por até 8 horas contínuas com uma única recarga de bateria, desviando de obstáculos e retornando à base de forma automática.
Na China, o uso desses robôs explodiu após a pandemia, quando restaurantes passaram a buscar alternativas de serviço sem contato humano.
Em Seul, uma rede local de lanchonetes automatizou 70% do atendimento, e em Tóquio, cafés com robôs controlados remotamente por pessoas com deficiência física se tornaram símbolo de inclusão.
Nos Estados Unidos, grandes redes como Chili’s e Denny’s testam os robôs como assistentes de garçons, responsáveis por levar pedidos pesados e reduzir o tempo de espera nas mesas.
Uma revolução silenciosa na indústria da hospitalidade
De acordo com relatório de 2024 da consultoria Allied Market Research, o mercado global de robótica de serviços deve movimentar US$ 216 bilhões até 2030, impulsionado por restaurantes, hotéis e hospitais.
Esses robôs custam em média entre US$ 10 mil e US$ 20 mil, têm autonomia total e conseguem transportar até 40 kg de alimentos em bandejas empilhadas.
A Keenon Robotics, uma das principais concorrentes da Pudu, afirma que mais de 50 mil unidades de seus robôs estão em operação no mundo.
Os equipamentos mais modernos contam com inteligência de navegação simultânea (SLAM), comunicação com outros robôs via rede sem fio e comandos de voz personalizáveis. Além disso, alguns modelos usam telas com expressões faciais animadas para tornar a interação mais agradável.
O impacto na força de trabalho
O avanço dos robôs em restaurantes desperta um debate global sobre o futuro do trabalho.
De acordo com o relatório “The Future of Jobs 2025”, do Fórum Econômico Mundial, até 85 milhões de funções operacionais devem ser automatizadas total ou parcialmente na próxima década e o setor de alimentação está entre os mais afetados.Contudo, especialistas ressaltam que a automação tende a substituir tarefas, e não pessoas.
Na maioria dos casos, os robôs são usados como assistentes — levando pratos pesados, recolhendo louças ou entregando pedidos —, enquanto os garçons humanos passam a focar em atendimento, personalização e hospitalidade.
“Eles não substituem a empatia, mas otimizam a operação”, explica Zhang Tao, diretor de inovação da Pudu Robotics, à Reuters.
O Brasil observa, mas ainda não adotou
Até o momento, não há registros oficiais de robôs garçons em uso contínuo em restaurantes brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Empresários do setor avaliam que, apesar do interesse crescente, o alto custo de importação e manutenção ainda é um obstáculo, especialmente para pequenos e médios estabelecimentos.
Entretanto, empresas de tecnologia nacionais já estudam parcerias para trazer os primeiros modelos de teste, em especial para aeroportos, hotéis e redes de fast food.
A previsão, segundo especialistas, é que o uso comercial desses robôs no Brasil comece até 2026, em ambientes de alto fluxo, onde o investimento pode se justificar.
A tendência de automação na gastronomia é considerada irreversível. Países asiáticos estão em uma nova etapa, com robôs capazes de cozinhar pratos simples e até fritar alimentos. Já a Pudu Robotics, em comunicado oficial, revelou que está testando um modelo com braços articulados e visão computacional avançada, capaz de abrir portas e servir bebidas com precisão milimétrica.
No ritmo atual de inovação, o “garçom robô” deve deixar de ser uma curiosidade futurista para se tornar, em breve, parte da rotina em restaurantes de todo o mundo.