Fusão entre Marfrig e BRF cria a MBRF, fortalece exportações, atrai investimentos sauditas e consolida o Brasil como gigante global da proteína
O setor de alimentos brasileiro ganhou um novo capítulo histórico. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) autorizou a fusão entre Marfrig e BRF. O resultado é a criação da MBRF, um conglomerado com faturamento estimado em R$ 150 bilhões por ano.
O movimento coloca o Brasil em posição ainda mais destacada no mercado global de proteínas, porque reúne duas das maiores companhias do setor.
Além disso, traz um detalhe inédito: a entrada direta do rei da Arábia Saudita como sócio relevante, por meio do fundo soberano do país.
-
Gigante escolhe o Brasil e injeta R$ 25 bi em mega fábrica de celulose — mais empregos que habitantes na pequena cidade e produção recorde
-
Com um contrato de US$ 1 bilhão até 2029, a Petrobras garante o fornecimento de tubos e fortalece a produção da Vallourec no Brasil
-
A Embraer tem pedidos para 2026 e 2027, mas atrasos na entrega de fuselagens da Europa devem adiar a meta de 100 jatos anuais
-
A gigantesca fábrica de caças F-35, a maior do mundo — 1,6 km, 156 jatos por ano, US$ 2 trilhões e impacto bilionário na economia americana
Participação saudita e influência internacional
A presença do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) foi decisiva. O fundo já possuía participação significativa na BRF e, com a união, passa a deter espaço ainda maior dentro da nova companhia.
Considerado um dos maiores fundos soberanos do mundo, o PIF tem histórico de investimentos em áreas estratégicas como energia, logística, tecnologia e alimentos.
Portanto, a entrada saudita não é apenas financeira, mas também política, já que amplia a projeção da MBRF em mercados do Oriente Médio e da Ásia.
Essa ligação é vista como estratégica porque a Arábia Saudita exerce forte influência comercial na região e garante credibilidade na exportação de carnes halal, requisito essencial para consumidores muçulmanos.
Duas forças que se completam
A união envolve empresas de perfis distintos, mas complementares. Marfrig é reconhecida como a maior produtora de hambúrgueres do mundo e uma das líderes em carne bovina.
Já a BRF controla marcas históricas como Sadia e Perdigão, com amplo portfólio de processados, aves e suínos.
Com a fusão, a MBRF passa a operar de ponta a ponta, do abate ao fornecimento de produtos industrializados.
Essa amplitude oferece escala global, maior solidez financeira e diversidade de portfólio, fatores que fortalecem sua posição frente a concorrentes como JBS e Minerva.
Decisão do Cade e impacto na concorrência
O aval do Cade foi concedido com algumas condicionantes para preservar a competição. Mesmo assim, não impediu a formação do grupo.
As autoridades entenderam que, embora concentrada, a nova estrutura ainda convive com outros grandes players nacionais e internacionais.
Especialistas destacam que a medida deve ampliar o peso do Brasil como fornecedor estratégico de alimentos, porque aumenta a capacidade de fechar contratos internacionais bilionários e fortalece o país como protagonista na segurança alimentar global.
Dimensão geopolítica da MBRF
A fusão é vista como mais do que um negócio empresarial. Representa também um alinhamento entre Brasil e Arábia Saudita em torno de interesses comuns no agronegócio.
A presença do rei saudita como sócio direto é simbólica porque transmite confiança ao mercado internacional.
Mas é prática ao abrir portas para novos investimentos, acordos comerciais preferenciais e ampliação das exportações de proteína brasileira.
Portanto, a MBRF nasce não apenas como gigante da carne, mas como peça estratégica no cenário mundial.
Sua criação marca um ponto de virada para o agronegócio brasileiro, que reforça sua posição como um dos pilares da alimentação global.
Com informações de Compre Rural.