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Funcionária do McDonald’s alega ter ganhado prêmio de US$ 656 milhões sozinha, e colegas de bolão a processam por traição 

Escrito por Carla Teles
Publicado em 18/10/2025 às 00:21
Funcionária do McDonald's alega ter ganhado prêmio de US$ 656 milhões sozinha, e colegas de bolão a processam por traição 
Entenda o caso da funcionária do McDonald’s que alegou ter ganhado prêmio de US$ 656 milhões sozinha e foi processada por colegas de bolão por traição.
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Mirlande Wilson afirmou ter ganhado prêmio de US$ 656 milhões sozinha, mas colegas de bolão do McDonald’s a levaram à justiça por traição nos EUA; entenda a reviravolta no caso.

A alegação de uma funcionária do McDonald’s de ter ganhado prêmio recorde de US$ 656 milhões na loteria Mega Millions, em março de 2012, desencadeou uma das mais polêmicas disputas judiciais sobre bolões nos Estados Unidos. Mirlande Wilson, mãe solteira de sete filhos e responsável por comprar os bilhetes para um grupo de 16 colegas de trabalho em Milford Mill, Maryland, afirmou que o bilhete vencedor era uma aposta pessoal, separada do esforço coletivo. A declaração chocou o grupo, que acreditava ter direito a uma parte da fortuna, e rapidamente escalou para um processo por quebra de contrato e fraude, com ampla cobertura da mídia.

O caso ganhou contornos de espetáculo público, em grande parte, devido às políticas da própria Loteria de Maryland. Conforme destacado por reportagens do The Baltimore Sun, as regras permitiam que os vencedores permanecessem anônimos e tivessem até 182 dias para reivindicar o prêmio. Essa lacuna de informações criou o ambiente perfeito para que a história de Wilson, repleta de acusações de traição e um prêmio inimaginável, dominasse o noticiário. Sem uma confirmação oficial, a narrativa da funcionária se tornou o foco principal, transformando uma disputa de trabalho em um drama internacional.

A narrativa desmoronada de Mirlande Wilson

A credibilidade da história de Mirlande Wilson começou a ruir rapidamente devido a uma série de declarações contraditórias e erráticas. Inicialmente, logo após o sorteio, ela teria dito a colegas de trabalho “nós ganhamos”, sugerindo uma vitória compartilhada. No entanto, sua versão mudou drasticamente ao falar com a imprensa, insistindo que o bilhete premiado era seu e havia sido comprado separadamente, uma informação amplamente divulgada na época. A partir desse ponto, a história se tornou cada vez mais implausível.

O colapso de sua narrativa atingiu o clímax em uma bizarra coletiva de imprensa, organizada ao lado de seu advogado, Edward Smith Jr. Diante das câmeras, Wilson permaneceu em silêncio e, crucialmente, não apresentou bilhete algum. A situação piorou quando seu próprio advogado admitiu que nunca tinha visto o suposto bilhete vencedor e não sabia se ele realmente existia. Pouco depois, Wilson mudou a história novamente, alegando que havia perdido ou não conseguia mais encontrar o bilhete, destruindo o que restava de sua credibilidade e fortalecendo a determinação de seus colegas em buscar reparação na justiça.

Em 19 de setembro de 2012, a disputa saiu da esfera midiática e chegou oficialmente aos tribunais. Quatorze colegas de Wilson entraram com uma ação civil no Tribunal do Circuito da Cidade de Baltimore. A queixa, detalhada pelo Courthouse News Service, era robusta e incluía acusações de fraude, quebra de contrato, conversão de propriedade e enriquecimento ilícito. A base do processo era a existência de um contrato oral, o acordo informal do bolão, que os funcionários alegavam que Wilson havia violado ao reivindicar o prêmio para si.

No entanto, a estratégia legal precisou de uma mudança drástica quando a Maryland Lottery anunciou os verdadeiros vencedores. Com a confirmação de que Wilson não possuía o bilhete, o processo se transformou em uma audaciosa teoria da conspiração. A nova alegação era que Wilson havia orquestrado uma fraude, recrutando os verdadeiros vencedores, apelidados de “Os Três Amigos”, para reivindicar o prêmio em seu nome em troca de uma parte dos lucros. A peça central dessa acusação, conforme reportado pelo The Baltimore Sun, foi uma declaração juramentada de seu namorado, Dominique Gourdet, que afirmou que Wilson lhe confessou o esquema e disse que “não queria dividir o prêmio com os outros no trabalho, particularmente com os trabalhadores hispânicos”.

A decisão oficial: A Loteria de Maryland e “Os Três Amigos”

Enquanto a batalha legal se desenrolava, a Maryland Lottery apresentou uma contra-narrativa oficial e verificada. Em 10 de abril de 2012, a agência anunciou que os verdadeiros vencedores se apresentaram: um grupo de três educadores do sistema público de Maryland que se autodenominaram “Os Três Amigos”. A história deles, divulgada no site oficial mdlottery.com, era o oposto do caos em torno de Wilson. Eles juntaram dinheiro para comprar 60 bilhetes, descobriram a vitória, fizeram cópias, assinaram todas e guardaram o original em um cofre antes de contatar consultores financeiros.

Seus planos para o dinheiro eram modestos e centrados na família: pagar a faculdade dos filhos, quitar hipotecas e ajudar parentes. Todos afirmaram que pretendiam continuar trabalhando em suas escolas. Essa imagem de vencedores humildes e responsáveis serviu como um poderoso antídoto para a saga midiática de Wilson. A confiança da loteria em sua verificação foi tamanha que sua porta-voz, Carole Everett, ao saber do processo, “riu alto”, classificando a teoria da conspiração como “pensamento positivo”. Segundo o The Baltimore Sun, ela afirmou que o processo de verificação foi ainda mais rigoroso que o normal, e que para a loteria, o caso estava encerrado: “Os Três Amigos” eram os únicos e verdadeiros vencedores.

O inevitável fracasso do processo

Desde o início, o processo movido pelos funcionários do McDonald’s enfrentou obstáculos intransponíveis. Um dos primeiros reveses, documentado pelo Courthouse News Service, foi quando um juiz negou um pedido de ordem de restrição temporária para congelar os bens de Wilson, por questões processuais. Contudo, o destino do caso foi selado no momento em que a Loteria de Maryland pagou oficialmente o prêmio aos “Os Três Amigos”. Sem a posse do dinheiro por parte da ré, não havia ativos para serem reivindicados.

A única esperança dos autores era provar a complexa teoria da conspiração, um fardo legal quase impossível. Eles teriam que demonstrar que a rigorosa investigação de uma agência estatal era uma farsa, baseando-se apenas na declaração de segunda mão do namorado de Wilson. Diante da falta de provas concretas e da ausência de um prêmio para ser dividido, o processo estava fadado ao fracasso, provavelmente sendo arquivado por não apresentar uma reivindicação plausível. A saga que começou com a esperança de ter ganhado prêmio terminou sem um veredito, simplesmente se desvanecendo por falta de fundamento na realidade.

Uma lição sobre confiança e provas

O caso do bolão do McDonald’s em Maryland serve como um conto de advertência sobre como a mera ilusão de riqueza pode destruir a confiança e as relações de trabalho. Juridicamente, ele reforça a enorme diferença entre um “direito moral”, que os colegas sentiam ter, e um “direito legal”, que exige provas concretas. No fim, a disputa não era sobre o dinheiro, que nunca esteve em posse de Wilson, mas sobre o caos gerado por uma alegação falsa, amplificada pela mídia. O verdadeiro custo foi a confiança perdida, um lembrete de que em bolões de alto risco, a documentação não é formalidade, mas a guardiã da verdade e da amizade.

Você já participou de um bolão no trabalho? Acha que um contrato por escrito é exagero ou uma necessidade para evitar problemas? Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber sua experiência.

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Mohammed Steuber
Mohammed Steuber
18/10/2025 03:47

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Carla Teles

Produzo conteúdos diários sobre tecnologia, inovação, construção e setor de petróleo e gás, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra oportunidades de trabalho atualizadas e as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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