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Força Aérea brasileira resgata 71 reféns em operação secreta na Amazônia

Escrito por Ana Alice
Publicado em 13/11/2024 às 14:10
Em 2003, a FAB resgatou 71 reféns do Sendero Luminoso em operação secreta na Amazônia, usando alta tecnologia e apoio do governo peruano. (Imagem: Reprodução/Canva)
Em 2003, a FAB resgatou 71 reféns do Sendero Luminoso em operação secreta na Amazônia, usando alta tecnologia e apoio do governo peruano. (Imagem: Reprodução/Canva)

Em 2003, a Força Aérea Brasileira realizou uma operação secreta no Peru para resgatar 71 reféns mantidos pelo grupo guerrilheiro Sendero Luminoso. Com o uso de um jato de tecnologia avançada, o R-99B, a missão foi executada com sucesso e sem violência, revelando a eficiência da FAB em situações de alto risco e sigilo.

Você já ouviu falar da operação secreta da Força Aérea Brasileira que desafiou a selva amazônica e a violência do grupo Sendero Luminoso para salvar dezenas de reféns? Este episódio, mantido sob sigilo por quase duas décadas, é uma das missões mais impactantes e arriscadas já realizadas por militares brasileiros.

Em junho de 2003, a pedido do governo peruano, a FAB partiu em uma missão secreta que envolveu tecnologia de ponta e extrema estratégia para resgatar 71 pessoas em meio à densa floresta.

Os detalhes e o desfecho desse resgate são dignos de um filme de ação, mas poucos conhecem o impacto e as tensões que marcaram essa operação histórica na América do Sul.

Um pedido de socorro e a mobilização da FAB

Na noite de 9 de junho de 2003, o Brasil recebeu um chamado emergencial. O presidente do Peru, Alejandro Toledo, havia solicitado ajuda urgente ao governo brasileiro para resgatar 71 reféns sequestrados pelo Sendero Luminoso, grupo guerrilheiro de orientação maoísta que atua nas regiões amazônicas do país.

Entre as vítimas, estavam funcionários da empresa Techint, que trabalhavam na construção de um gasoduto em Ayacucho, e policiais peruanos.

A situação era crítica. Os guerrilheiros exigiam um resgate em dinheiro, além de armas e explosivos, e ameaçavam represálias caso as condições não fossem atendidas.

O governo peruano, ciente da expertise e da tecnologia de rastreamento avançada da FAB, recorreu ao Brasil como última alternativa para resolver o sequestro sem violência.

Mobilização em tempo recorde

Segundo a revista Istoé, o Brasil respondeu rapidamente ao apelo. Na Base Aérea de Anápolis, em Goiás, uma equipe de oito militares da Força Aérea Brasileira embarcou às pressas em um jato R-99B.

Equipado com sensores de última geração, o Embraer R-99B possui capacidades avançadas de monitoramento e reconhecimento aéreo, que permitem rastrear grandes áreas e identificar alvos específicos, mesmo em regiões remotas e densamente arborizadas.

Na madrugada de 10 de junho, o avião da FAB pousou em Lima, onde os militares brasileiros foram recebidos pela Força Aérea Peruana (FAP).

Somente nesse momento, os pilotos e técnicos da FAB souberam da natureza de sua missão: localizar o grupo de guerrilheiros e os reféns na floresta amazônica.

Com o apoio da FAP, a equipe brasileira foi informada sobre os detalhes da operação e recebeu as coordenadas para começar o rastreamento.

A tecnologia brasileira entra em ação

O Embraer R-99B, uma aeronave de tecnologia nacional e altamente avançada para o período, tornou-se o principal ativo da operação.

Equipado com Radar de Abertura Sintética (SAR), Scanner Hiperespectral (HSS), Scanner Multiespectral (MSS) e Sensor Óptico e Infravermelho (OIS), o avião da FAB sobrevoou a floresta, captando sinais de rádio VHF emitidos pelos guerrilheiros.

Em menos de uma hora de monitoramento, os sistemas de rastreamento identificaram uma transmissão no vilarejo de Toccate.

De acordo com militares envolvidos na missão, os sinais eram provenientes de um acampamento do Sendero Luminoso, onde os reféns estavam sendo mantidos sob vigilância.

Operação tática de resgate

Após localizar o acampamento, a FAB imediatamente repassou as coordenadas para a equipe de operações em terra da Força Aérea Peruana.

Helicópteros e aeronaves foram rapidamente enviados ao local para cercar o acampamento e pressionar os sequestradores a uma rendição.

Segundo fontes militares, a presença das forças aéreas causou uma onda de tensão entre os guerrilheiros, que optaram por libertar os reféns de forma gradativa.

Um a um, os sequestrados foram liberados, enquanto os guerrilheiros buscavam formas de fugir pela densa mata amazônica.

Retorno e reconhecimento

Após a liberação do último refém, a operação foi considerada um sucesso completo. Nenhum tiro foi disparado e a operação terminou sem feridos.

O Embraer R-99B, então, retornou à base em Lima, onde os militares da FAB realizaram uma breve reunião com os oficiais peruanos para avaliar a missão.

Na manhã do dia 11 de junho, o ministro da Defesa do Peru, Aurelio Loret de Mola, visitou a base em Lima para agradecer aos militares brasileiros pelo trabalho realizado.

Ele aproveitou a oportunidade para inspecionar o interior do R-99B e reconhecer publicamente a importância do apoio brasileiro na missão de resgate.

Sigilo e reconhecimento

Apesar do sucesso, o governo brasileiro manteve a operação sob sigilo, tanto no Brasil quanto no Peru. Em nota oficial, o então ministro da Defesa do Brasil, José Viegas, recusou-se a comentar os detalhes da missão.

No entanto, um oficial da FAB, sob anonimato, declarou que a operação exemplificava o potencial do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) para monitoramento regional e proteção além das fronteiras nacionais.

Os eventos de junho de 2003 ainda são mantidos em grande parte em sigilo, mas o episódio é lembrado como um marco da colaboração entre Brasil e Peru em prol da segurança continental.

A história é também um testemunho do avanço tecnológico e da habilidade operacional das Forças Armadas Brasileiras na execução de missões de alto risco.

E você, o que acha? Será que outras operações secretas já aconteceram sem o nosso conhecimento?

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