Fontes renováveis e energia nuclear superam 40% da geração elétrica mundial, impulsionadas pelo crescimento da solar e da eólica, segundo relatório da Ember.
O uso de energias renováveis, como a energia solar e a energia eólica, registrou avanços importantes em 2024. Pela primeira vez em décadas, fontes limpas — somadas à energia nuclear — responderam por mais de 40% de toda a eletricidade gerada no mundo. Os dados são do Global Electricity Review 2024, relatório divulgado pela organização internacional Ember, que acompanha a transformação da matriz elétrica global.
O estudo analisou dados de produção e consumo em 88 países, cobrindo 93% da demanda global. A participação das energias renováveis cresceu consideravelmente, com destaque para a expansão acelerada da energia solar e da energia eólica, que vêm ganhando espaço ano após ano.
Energia solar lidera crescimento global
A energia solar manteve em 2024 sua posição como a fonte de eletricidade que mais cresce no planeta. De acordo com o levantamento, a produção global de energia solar aumentou 29% em relação ao ano anterior, o que representa 474 TWh adicionais. Com esse avanço, a fonte passou a responder por 6,9% da geração total de eletricidade no mundo.
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O crescimento vem sendo contínuo há mais de duas décadas. Somente nos últimos três anos, a geração solar dobrou, ultrapassando a marca de 2 mil TWh. Esse desempenho é atribuído principalmente à queda no custo dos sistemas fotovoltaicos, à expansão da geração distribuída e ao apoio de políticas públicas em diversos países.
Energia eólica mantém expansão e chega a 8,1% da matriz
Outro destaque no cenário global é a energia eólica, que avançou e atingiu 8,1% da geração elétrica mundial em 2024. Essa fonte, que depende da força dos ventos, tem sido amplamente utilizada tanto em projetos terrestres quanto offshore (no mar), em países como China, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.
A energia eólica se destaca pela sua capacidade de gerar grandes volumes de eletricidade de forma estável em regiões com vento constante. Ela se soma à solar como parte central das estratégias de diversificação energética adotadas em vários países.
Produção de energia renovável cresceu quase 50% desde 2022
Entre 2022 e 2024, a produção global de energias renováveis cresceu 49%, alcançando um total de 858 TWh adicionais. O crescimento é expressivo e mostra como a transição para fontes de baixo carbono está avançando. No entanto, o relatório também alerta que esse progresso precisa ser mantido nos próximos anos para equilibrar o aumento da demanda por energia.
Mesmo com o avanço das renováveis, o uso de combustíveis fósseis ainda subiu 1,4% em 2024. Esse aumento foi impulsionado, em parte, por temperaturas mais altas do que a média, que elevaram o uso de sistemas de refrigeração. O aquecimento global representou 0,7% do crescimento total de 4% na demanda elétrica.
Clima extremo e novas tecnologias ampliam o consumo
O estudo mostra que, além dos efeitos climáticos, o crescimento do consumo de energia também está ligado à popularização de novas tecnologias. A expansão de data centers, inteligência artificial, veículos elétricos e bombas de calor contribuiu com 0,7% do aumento da demanda global em 2024 — o dobro do registrado há cinco anos.
Mesmo assim, sem os impactos do clima extremo, o uso de fontes fósseis teria crescido apenas 0,2%, pois as energias renováveis atenderam a 96% da nova demanda global. Isso reforça o papel dessas fontes na contenção de emissões e na estabilidade do sistema elétrico.
China e Índia puxam o avanço da energia renovável
Mais da metade do crescimento da energia solar no mundo em 2024 ocorreu na China. O país asiático atendeu 81% da nova demanda interna com fontes limpas, segundo o relatório. A Índia também teve papel de destaque, dobrando sua capacidade solar em apenas um ano.
Esses dados colocam os dois países como protagonistas na redefinição do setor elétrico global. Segundo especialistas citados no relatório, a liderança asiática está acelerando a substituição das fontes fósseis por alternativas mais sustentáveis.
Transição energética pode ganhar força até 2030
A expectativa da Ember é que a produção de energia solar e energia eólica continue crescendo acima da demanda até 2030, o que abriria espaço para a redução contínua do uso de carvão e gás natural. A projeção é que, mantido o ritmo atual de investimentos, o mundo possa iniciar uma queda definitiva nas emissões do setor elétrico ainda nesta década.
A combinação de fontes renováveis com sistemas de armazenamento, como baterias, também deve ganhar destaque nos próximos anos, ampliando a segurança e a estabilidade do fornecimento.
Fonte: InsideEVs