A Petrobras abandonou o polêmico Preço de Paridade de Importação (PPI); saiba como é calculado o preço da gasolina hoje com a nova estratégia, que leva em conta a produção nacional e o “custo de oportunidade”.
Todo brasileiro que abastece o carro já se fez a pergunta: por que o preço da gasolina muda tanto e, muitas vezes, não parece acompanhar a queda do dólar? A resposta está em uma mudança profunda na forma como a Petrobras, a maior empresa do país, decide o valor do combustível que sai de suas refinarias. A antiga e controversa política do Preço de Paridade de Importação (PPI) foi abandonada.
O objetivo é desvendar, de forma clara e sem jargão econômico, qual é a “receita do bolo” que compõe a nova política de preços da Petrobras. Entender essa nova fórmula é fundamental para saber o que esperar do valor que você paga na bomba.
O que era o PPI e por que ele foi abandonado?
O Preço de Paridade de Importação (PPI) foi a política adotada pela Petrobras por vários anos. De forma simples, o PPI simulava quanto custaria para importar gasolina ou diesel, mesmo que o combustível fosse produzido no Brasil. A fórmula levava em conta três fatores principais: o preço do barril de petróleo brent no mercado internacional, a cotação do dólar e os custos teóricos de importação, como frete de navios e taxas portuárias.
-
Energisa aponta gás natural como solução energética para data centers no Brasil
-
IBP celebra isenção dos EUA para petróleo e gás brasileiro e destaca importância no comércio bilateral
-
Mega gasoduto de Uberaba de 300 KM impulsionará industrialização no Triângulo Mineiro até 2030
-
Setor energético comemora: Brasil fura bloqueio tarifário e garante acesso total ao mercado americano
A principal crítica e o motivo para o fim do PPI Petrobras era a alta volatilidade que ele gerava para o consumidor. Qualquer crise no Oriente Médio ou uma alta brusca do dólar impactava diretamente o preço na bomba aqui, mesmo que os custos de produção da Petrobras no Brasil não tivessem mudado. Isso criava reajustes frequentes e, muitas vezes, um forte aumento da gasolina hoje que pressionava a inflação em todo o país.
A nova fórmula: os dois pilares que definem o preço hoje
Em maio de 2023, a Petrobras anunciou sua nova Estratégia Comercial. É importante entender que não se trata de um preço fixo ou tabelado, mas sim de uma abordagem mais flexível. A nova política de preços petrobras se baseia em dois conceitos principais:
Custo Alternativo do Cliente: este pilar analisa o preço sob a ótica de quem compra. A Petrobras avalia as alternativas que seus clientes (as distribuidoras) teriam, como importar o produto de outros fornecedores. O preço busca ser competitivo em relação a essas alternativas.
Valor Marginal para a Petrobras: este pilar olha para dentro da empresa. A Petrobras calcula o melhor valor que pode obter com seu produto, considerando seus próprios custos de produção e a oportunidade de vendê-lo no mercado interno ou exportá-lo.
O objetivo é encontrar um equilíbrio que garanta a competitividade no mercado nacional, sem deixar de visar o lucro e a saúde financeira da empresa, mas com menos picos de preço para o consumidor.
Custo de oportunidade: decifrando o termo mais importante da nova política
O termo mais complexo, mas fundamental para entender a nova lógica, é o “custo de oportunidade do cliente”. Vamos a uma analogia simples: imagine que a Petrobras produz um litro de gasolina em uma de suas refinarias. Ela tem duas opções: vender para uma distribuidora em São Paulo ou exportar esse mesmo litro para um comprador na Argentina.
O “custo de oportunidade” é basicamente o valor da melhor dessas opções. A nova política busca um preço que seja atrativo para o cliente brasileiro, mas que, ao mesmo tempo, não seja muito mais baixo do que a Petrobras ganharia se decidisse exportar aquele combustível. É por isso que o preço do barril de petróleo brent e o dólar ainda importam, mas não são mais os únicos fatores. A capacidade de produção nacional e as alternativas de mercado da própria empresa entraram na equação, “abrasileirando” parte do cálculo.
Quem mais ganha com o preço que você paga?
Entender como é calculado o preço da gasolina na refinaria é apenas o primeiro passo. O valor que você paga no posto é composto por uma série de outras variáveis, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP):
Realização da Petrobras: esta é a fatia do preço definida pela nova política comercial.
Impostos Federais: A CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e o PIS/Cofins.
Imposto Estadual (ICMS): é uma das maiores fatias e varia de estado para estado, o que explica por que a gasolina é mais cara em alguns lugares do que em outros.
Custo do Etanol Anidro: a legislação brasileira obriga a mistura de uma porcentagem de etanol na gasolina. O custo desse etanol compõe o preço final.
Distribuição e Revenda: a margem de lucro das empresas distribuidoras e dos donos dos postos de combustível.
Portanto, um aumento no posto nem sempre significa que a Petrobras reajustou seu preço. A variação pode vir de qualquer um desses outros componentes.
A nova política de preços da Petrobras ficou mais clara para você? Você acha que ela é mais justa para o consumidor? Deixe sua opinião nos comentários!