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Arqueólogos localizaram uma estátua humana em tamanho real embutida horizontalmente na base de uma parede entre as estruturas B e D em Göbeklitepe (Şanlıurfa, Turquia). O governo turco sugere tratar-se de oferenda votiva.
A Turquia anunciou a descoberta de uma estátua humana de mais de 12 mil anos integrada à arquitetura de Göbeklitepe, o santuário monumental mais antigo conhecido. A peça foi achada durante obras de conservação que combinam restauração e escavação.
Segundo o Ministério da Cultura, a figura foi posicionada horizontalmente, deliberadamente, na base de uma parede.
O ministro Mehmet Nuri Ersoy afirmou que o objeto foi colocado como oferenda e “lançará luz sobre os rituais e sistemas de crenças do Neolítico”. A visita ocorreu em 19 de setembro de 2025, acompanhada pela princesa Akiko de Mikasa, do Japão.
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Autoridades ressaltam que achados semelhantes já foram localizados em Karahantepe, sítio contemporâneo na mesma região.
A revista Archaeology reportou que esta é a primeira estátua humana desse tipo recuperada em Göbeklitepe, ainda no lugar original, entre as chamadas Estruturas B e D. A descoberta aconteceu no contexto de um programa contínuo de conservação, o que explica o caráter inédito do achado “arquitetônico-ritual”.
Descoberta e contexto imediato: onde e como a estátua foi achada
A peça apareceu embutida numa parede, mantida in situ, o que oferece evidências raras sobre a integração de símbolos antropomórficos à arquitetura sagrada.
Pesquisadores indicam que a posição horizontal e a base de assentamento sugerem intencionalidade ritual.
Ersoy detalhou que a estátua foi encontrada entre as Estruturas B e D e interpretada como votiva. O anúncio em campo, feito ao lado da princesa Akiko, vincula o achado à política turca de divulgação científica e diplomacia cultural.
Relatos locais, como o Türkiye Today, reforçam a leitura ritual e destacam o caráter “em tamanho real” da figura, salientando seu valor para entender crenças neolíticas na Alta Mesopotâmia.
Göbeklitepe, UNESCO e a “Taş Tepeler”: por que o sítio é crucial
Göbeklitepe integra a Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2018 pelos critérios (i), (ii) e (iv), que reconhecem valor universal excepcional e a relevância da iconografia e arquitetura megalítica no início do Neolítico.
O complexo antecede Stonehenge em cerca de 6 mil anos e as pirâmides do Egito em 7 mil, com recintos circulares e pilares em “T” gravados com serpentes, raposas e abutres, interpretados como símbolos associados a mitos e ritos. Essa cronologia e iconografia são recorrentemente citadas em coberturas recentes do achado.
A região faz parte do conjunto Taş Tepeler (“Colinas de Pedra”), foco de escavações em múltiplos sítios contemporâneos a Göbeklitepe, o que permite comparar padrões rituais e representações antropomórficas.
Restauração em curso: “Legado para o Futuro” e técnicas compatíveis
A descoberta ocorreu durante o projeto “Heritage/Legacy to the Future”, que combina escavação e estabilização. Em Estrutura C, equipes reergueram pilares de várias toneladas e consolidaram paredes com materiais historicamente compatíveis, como argamassa misturada com pelo de cabra.
O Ministério também anunciou centro de visitantes, passarelas e estacionamento planejados para até o fim de 2025, com gestão do fluxo turístico e pesquisas geomagnéticas para guiar novas frentes de escavação.
Ações de manejo de paisagem incluem cerca de mil oliveiras para proteção da área.
O plano de conservação incrementa a segurança do sítio e, ao mesmo tempo, amplia o acesso controlado, um equilíbrio necessário para não sacrificar evidência arqueológica em prol do turismo.
Ecos do Neolítico: paralelos em Karahantepe e o valor comparativo
A referência a Karahantepe ajuda a explicar por que a peça de Göbeklitepe é importante: o vizinho já produziu esculturas humanas e, mais recentemente, um rosto humano entalhado em pilar em “T”, todos do mesmo horizonte cultural.
Esses achados permitem comparar formas, funções e contextos de imagens humanas na Taş Tepeler.
Ao indicar que representações antropomórficas circulavam em diferentes sítios, a ciência ganha base para discutir papéis rituais, oferendas e arquitetura como parte de um mesmo sistema simbólico — hipótese fortalecida pela estátua embutida agora em Göbeklitepe.
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