O Governo do Ceará e a FIEC avançam na transição energética com um estudo inédito que mapeia competências estratégicas para impulsionar o hidrogênio verde e a economia sustentável no estado
No dia 14 de outubro de 2025, o Observatório da Indústria do Ceará, vinculado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), lançou o estudo inédito “Educação e Competências para o Futuro: Hidrogênio Verde”. A apresentação ocorreu durante o H2LATAM Summit Brazil, evento de referência em energia limpa, realizado em Fortaleza.
Objetivos do estudo inédito da FIEC sobre hidrogênio verde
A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) e do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A), visa antecipar as habilidades e profissões que serão essenciais na nova economia baseada no hidrogênio verde e na transição energética.
O objetivo central é preparar o Ceará para ser protagonista no setor energético sustentável, consolidando sua posição como referência nacional e internacional na produção e exportação de hidrogênio verde.
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O levantamento foi elaborado com base em metodologias internacionais e contou com a colaboração de universidades, empresas, entidades do setor produtivo e órgãos públicos. O estudo propõe uma leitura prospectiva das transformações tecnológicas e industriais que deverão moldar a cadeia do hidrogênio verde nos próximos dez anos.
Foram identificados 25 perfis profissionais estratégicos necessários para o desenvolvimento do setor no estado. Cada perfil está associado a funções específicas, desde a produção e transporte até o armazenamento e a segurança do hidrogênio. O relatório também detalha as competências técnicas exigidas, as tendências de mercado e os horizontes de tempo — de curto (2026 a 2028), médio (2029 a 2032) e longo prazo (2033 a 2035).
O estudo inédito foi apresentado durante o H2LATAM Summit Brazil com a presença de representantes de empresas internacionais como Siemens, Neuman-Esser, PILZ, Enovias Industries e LBBW Bank, que discutiram o papel do Brasil e do Nordeste na economia de baixo carbono.
Parceria entre FIEC e Governo do Ceará fortalece a transição energética
O projeto integra um conjunto de ações que fazem parte do Master Plan de Hidrogênio Verde do Ceará, documento estratégico que orienta o planejamento industrial e ambiental do estado. O plano foi criado para posicionar o Ceará como um dos principais polos de produção e exportação de hidrogênio verde do hemisfério sul.
Segundo o economista-chefe da FIEC, Guilherme Muchale, o capital humano é o elemento central da nova economia energética. Ele destacou que o estudo serve como bússola para universidades, centros tecnológicos e indústrias identificarem quais competências serão demandadas nos próximos anos.
Para o presidente da Adece, Danilo Serpa, a iniciativa mostra o compromisso do Governo do Ceará em alinhar educação, inovação e sustentabilidade. Ele reforçou que o estudo ajudará a garantir que o estado tenha profissionais qualificados e capazes de sustentar o crescimento do novo mercado energético.
Formação profissional e qualificação: pilares da nova economia verde
A secretária executiva da Indústria da SDE, Brígida Miola, enfatizou que não existe transição energética sem pessoas preparadas para implementá-la. Ela afirmou que o Ceará já é reconhecido como referência nacional em energias renováveis, e agora se consolida também no segmento de hidrogênio verde.
De acordo com Miola, a formação de mão de obra qualificada é um pilar estratégico para que o estado se destaque globalmente. Isso exige cooperação entre instituições públicas e privadas, universidades, escolas técnicas e entidades do Sistema S.
O estudo propõe, ainda, trilhas de capacitação profissional, sugerindo a criação de novos cursos técnicos e superiores voltados à economia de hidrogênio, incluindo áreas como automação, eletroquímica, engenharia de processos, logística e segurança industrial.
Além disso, o documento recomenda programas de intercâmbio e parcerias internacionais com centros de excelência em países que já possuem políticas avançadas de hidrogênio verde, como Alemanha, Japão e Austrália. Essas conexões podem acelerar o desenvolvimento tecnológico local e gerar oportunidades de emprego para profissionais cearenses.
Impactos esperados e desafios na implementação do estudo inédito da FIEC
Com a divulgação do estudo, a expectativa é que o setor produtivo e o meio acadêmico ajustem suas estratégias de qualificação, criando um ambiente favorável à inovação e à atração de investimentos.
Entre os principais impactos esperados estão:
- Adequação curricular em universidades e escolas técnicas, com disciplinas voltadas à transição energética.
- Planejamento de carreiras emergentes, identificando funções que surgirão com o avanço do hidrogênio verde.
- Atração de empresas internacionais interessadas em mão de obra qualificada no Nordeste.
- Redução da escassez de profissionais especializados, diminuindo a dependência de técnicos de outros estados.
No entanto, a implementação do plano enfrenta desafios significativos. Um deles é a necessidade de integração entre diferentes instituições, garantindo que o conhecimento gerado seja aplicado de forma coordenada. Outro ponto é a falta de infraestrutura tecnológica e laboratorial, que ainda limita a formação prática em algumas áreas do setor.
Além disso, a agilidade na atualização dos currículos e programas educacionais será determinante. O ritmo acelerado da inovação energética pode tornar conhecimentos obsoletos rapidamente. Assim, é fundamental que as instituições mantenham programas contínuos de atualização e capacitação docente.
O papel do Ceará na transição energética global
O estado do Ceará vem se destacando nas últimas décadas como um dos principais polos de energia limpa do Brasil. Desde a consolidação da matriz eólica e solar, o governo estadual tem ampliado investimentos em infraestrutura portuária, logística e pesquisa aplicada.
A chegada do hidrogênio verde reforça essa trajetória. O Porto do Pecém, por exemplo, já abriga memorandos de entendimento com empresas internacionais interessadas em produzir e exportar o combustível.
Estimativas apontam que o setor pode gerar milhares de empregos diretos e indiretos até 2035, movimentando a economia e fortalecendo a balança comercial cearense. O Ceará, por sua localização estratégica e potencial energético, tem condições de liderar essa transformação.
Projeções futuras e importância estratégica para o desenvolvimento do Ceará
O lançamento do estudo inédito conduzido pela FIEC e pelo Governo do Ceará representa um marco na consolidação de políticas públicas voltadas à inovação e sustentabilidade. O documento não apenas mapeia competências, mas também propõe ações concretas para preparar a força de trabalho que sustentará a nova matriz energética.
Em um contexto global em que a descarbonização é prioridade, o hidrogênio verde se apresenta como alternativa limpa e viável para substituir combustíveis fósseis. Para o Ceará, isso significa não apenas ganhos ambientais, mas também oportunidades econômicas e sociais — desde a geração de empregos até a criação de novos polos tecnológicos.
O sucesso da iniciativa dependerá da cooperação contínua entre poder público, setor privado e academia, com foco na execução prática do plano. Investimentos em capacitação técnica, infraestrutura de pesquisa e parcerias internacionais serão determinantes para transformar o potencial identificado em resultados reais.
A união entre FIEC e Governo do Ceará reafirma o compromisso do estado com o futuro da energia sustentável, consolidando o Ceará como referência nacional em hidrogênio verde e transição energética. Essa visão de longo prazo coloca o estado na dianteira da economia limpa e projeta o Nordeste como protagonista de um novo ciclo de desenvolvimento baseado em inovação e sustentabilidade.