Um novo tipo de fibra de vidro oca, criada por pesquisadores da Universidade de Southampton, promete transformar a internet mundial. A inovação usa canais de ar em vez de vidro sólido, permitindo transmissões mais potentes, rápidas e econômicas, além de abrir espaço para a comunicação quântica
A próxima revolução da internet pode vir de um fio de vidro oco. Pesquisadores da Universidade de Southampton desenvolveram uma fibra que guia a luz por pequenos canais cheios de ar. Essa inovação substitui o núcleo sólido de vidro usado nos cabos atuais e promete transformar o transporte de dados em larga escala.
A principal diferença está no caminho percorrido pela luz. Ao viajar pelo ar, em vez de pelo vidro, os sinais sofrem menos perda de energia. Isso permite que a transmissão seja mais eficiente e alcance distâncias maiores sem necessidade de reforço.
Ganhos na eficiência e no alcance
Nas fibras convencionais, metade do sinal se perde a cada 15 a 20 quilômetros. Isso obriga a instalação de estações de retransmissão com frequência.
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O novo design aumenta esse alcance para cerca de 33 quilômetros antes de perder metade da luz. Segundo o pesquisador Francesco Poletti, isso gera uma economia significativa porque reduz o número de pontos de reforço.
Além disso, as novas fibras conseguem carregar mais de mil vezes a potência das versões tradicionais. Também podem transmitir sinais em uma faixa mais ampla de comprimentos de onda, incluindo pulsos de fóton único usados em sistemas de comunicação quântica. Isso amplia seu potencial não apenas para as redes atuais, mas também para as tecnologias do futuro.
Velocidade e aplicações práticas
As fibras ocas não são totalmente novas. Modelos anteriores já haviam sido aplicados em situações específicas, como interligar unidades de processamento dentro de centros de dados. A vantagem vem do fato de que a luz viaja 45% mais rápido no ar do que no vidro.
O problema sempre foi o custo e a dificuldade de produção em larga escala. Poletti, especialista em fotônica e ciência dos materiais, trabalha nesse projeto há mais de dez anos. O diferencial da atual versão está no design estrutural, com cinco cilindros pequenos, cada um contendo dois cilindros internos, fixados ao redor de um cilindro maior. Esse arranjo mantém os pulsos de luz confinados no núcleo oco.
O caminho da produção em escala
A fabricação ainda é um desafio. Enquanto fibras comuns são produzidas fundindo e esticando vidro sólido, a equipe de Southampton parte de um pré-formato de vidro de 20 centímetros de largura, já com os canais ocos. À medida que a peça é esticada até cerca de 100 micrômetros de diâmetro, a pressão preserva a estrutura interna.
Esse processo já entrou na fase de comercialização. A empresa Lumenisity, criada a partir da universidade, está responsável pela produção. Em 2022, a Microsoft adquiriu a companhia, sinalizando o interesse do setor em acelerar o uso da tecnologia.
Interesse da comunidade científica
Se as fibras mostrarem durabilidade e viabilidade econômica, podem baratear e acelerar sistemas de telecomunicação. Também devem apoiar as futuras redes de comunicação quântica. A pesquisadora Tracy Northup, da Universidade de Innsbruck, destacou que o resultado desperta atenção na comunidade científica. Segundo ela, até agora o alto custo inviabilizava até mesmo experimentos em pequena escala. A expectativa é que a produção em volume reduza os preços e permita avanços.
Os resultados foram publicados na revista Nature Photonics e marcam um passo importante para uma internet mais rápida, eficiente e preparada para o futuro.